Ultimamente uma dúvida tem me aparecido com frequência. Até que ponto a natureza deve servir de critério para nossas decisões? Explico:
Muito se usa, aqui e ali, do nosso comportamento natural para justificar certos comportamentos atuais que de uma forma ou de outra são indesejados pela sociedade. Vamos usar por exemplo a suposta promiscuidade masculina, tão alardada como consequência de fatores genéticos. Ou seja, costuma-se dizer que homens traem mais (o que é discutível) porque este impulso está nos genes, e que esse comportamento contemporâneo foi herdado dos nossos ancestrais que seguiam o instinto deixando o maior número possível de sucessores, para se perpetuar a espécie.
Mas cá entre nós, por mais que seja verdade, esse argumento / justificativa não tem um quê de canalhice? Imagine a situação: A mulher pega o cara no flagra com outra e ele poderia simplesmente chegar e dizer: “Olha, eu não fiz isso por mal, está nos meus genes, você precisa entender que é para o bem da espécie que eu espalhe os meus genes para o maior número possível de sucessores. Lamento muito por sua condição. Desculpa aí tá?”
Embora esse argumento genético seja usado como álibi machista, eu na verdade vejo que A NATUREZA de forma geral É MACHISTA. Mas ainda assim fica a questão: Mesmo que a natureza humana seja preponderantemente machista, até que ponto devemos seguí-la levando-se em conta que algumas tendências naturais do nosso comportamento fazem alguns de nós sofrer? Até que ponto o que nos é “natural” é correto?
Será que não fomos dotados de razão justamente para superarmos ou ao menos educarmos nossos instintos naturais?
Quer dizer, toda a sociedade se organiza de modo racional para otimizar os recursos disponíveis para a sobrevivência e para permitir um mínimo de paz a cada um. Mas na hora do bem bom, esquecemos toda a civilidade e dizemos que os genes foram mais fortes.
A eterna tensão de ser humano
Já comentei aqui que não adianta procurarmos por estabilidade, porque ser humano significa estar sempre sob tensão.
Ora alegre, ora triste. Ora preguiçoso, ora estimulado. Ora ambiciosos, ora frugais.
E por aí vai.
O caso acima é apenas um em meio a toda uma miríade de nuances tocantes aos relacionamentos e a convivência. Se seguimos nossos instintos, somos julgados e condenados. Se reprimimos nossos impulsos pela ética e pela educação, enlouquecemos.
E aí, como se faz?
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