Bom, você certamente já recebeu o texto abaixo em seu email. Eu já recebi há anos atrás um email parecido, creio ser o mesmo. Não sei da autenticidade da autora, e não faço questão de averiguar. Para mim o que importa é o conteúdo da carta, com o qual estou de inteiro acordo.
Talvez alguns valores e comparações estejam desatualizados, mas no geral, é um ótimo parâmetro para refletirmos sobre como as coisas estão alteradas e porque esse país, embora muito tenha se desenvolvido nos últimos anos, jamais será uma grande potência. Pelo simples fato de o governo AINDA NÃO TER COLOCADO A EDUCAÇÃO EM PRIMEIRO PLANO, nos planos de desenvolvimento nacional.
Também escrevi sobre o Criança Esperança em ocasião recente.
Segue a carta, os grifos são meus:
Querido Didi,
Há alguns meses você vem me escrevendo pedindo uma doação mensal para enfrentar alguns problemas que comprometem o presente e o futuro de muitas crianças brasileiras. Eu não respondi aos seus apelos (apesar de ter gostado do lápis e das etiquetas com meu Nome para colar nas correspondências).
Achei que as cartas não deveriam ser endereçadas à mim. Agora, novamente, você me escreve preocupado por eu não ter atendido as suas solicitações. Diante de sua insistência, me senti na obrigação de parar tudo e te escrever uma resposta.
Não foi por algum motivo que não fiz a doação em dinheiro solicitada por você. São vários os motivos que me levam a não participar de sua campanha altruísta (se eu quisesse poderia escrever umas dez páginas sobre esses motivos). Você diz, em sua última carta, que enquanto eu a estivesse lendo, uma criança estaria perdendo a chance de se desenvolver e aprender pela falta de investimentos em sua formação.
Didi, não tente me fazer sentir culpada. Essa jogada publicitária eu conheço muito bem. Esse tipo de texto apelativo pode funcionar com muitas pessoas mas, comigo não. Eu não sou ministra da educação, não ordeno e nem priorizo as despesas das escolas e nem posso obrigar o filho do vizinho a frequentar as salas de aula. A minha parte eu já venho fazendo desde os 11 anos quando comecei a trabalhar na roça para ajudar meus pais no sustento da minha família. Trabalhei muito e, te garanto, trabalho NÃO MATA ninguém. Muito pelo contrário, faz bem! Estudei na escola da zona rural, fiz supletivo, estudei a distância e muito antes de ser jornalista e publicitária eu já era uma micro-empresária.
Didi, talvez você não tenha noção do quanto o Governo Federal tira do nosso suor para manter a saúde, a educação, a segurança e tudo o mais que o povo brasileiro precisa. Os impostos são muito altos! Sem falar dos Impostos embutidos em cada alimento, em cada produto ou serviço que preciso comprar para o sustento e sobrevivência da minha família.
Eu já pago pela educação duas vezes: pago pela educação na escola pública, através dos impostos, e na escola particular, mensalmente, porque a escola pública não atende com o ensino de qualidade que, acredito, meus dois filhos merecem. Não acho louvável recorrer à sociedade (caridade) para resolver um problema que nem deveria existir pelo volume de dinheiro arrecadado em nome da educação e de tantos outros problemas sociais.
O que está acontecendo, meu caro Didi, é que os administradores dessa dinheirama toda, não têm a educação como prioridade. Pois a educação tira a subserviência e esse fato, por si só não interessa aos políticos no poder. Por isso, o dinheiro está saindo pelo ralo, estão jogando fora, ou aplicando muito mal. Para você ter uma idéia, na minha cidade, cada alimentação de um presidiário custa para os cofres públicos R$ 3,82 (três reais e oitenta e dois centavos) enquanto que a merenda de uma criança na escola pública custa R$ 0,20 (vinte centavos)! O governo precisa rever suas prioridades, você não concorda? Você pode ajudar a mudar isso! Não acha?
Você diz em sua Carta que não dá para aceitar que um brasileiro se torne adulto sem compreender um texto simples ou conseguir fazer uma conta de matemática. Concordo com você. É por isso que sua Carta não deveria ser endereçada à minha pessoa. Deveria se endereçada ao Presidente da República. Ele é ‘o cara’. Ele tem a chave do Cofre e a vontade política para aplicar os recursos. Eu e mais milhares de pessoas só colocamos o dinheiro lá para que ele faça o que for necessário para melhorar a qualidade de vida das pessoas do país, sem nenhum tipo de distinção ou discriminação. Mas, infelizmente, não é o que acontece…
No último parágrafo da sua Carta, mais uma vez, você joga a responsabilidade para cima de mim dizendo que as crianças precisam da ‘minha’ doação, que a ‘minha’ doação faz toda a diferença. Lamento discordar de você Didi. Com o valor da doação mínima, de R$ 15,00, eu posso comprar 12 quilos de arroz para alimentar minha família por um mês ou posso comprar pão para o café da manhã por 10 dias.
Didi, você pode até me chamar de muquirana, não me importo, mas R$ 15,00 eu não vou doar. Minha doação mensal já é muito grande. Se você não sabe, eu faço doações mensais de 27,5% de tudo o que ganho. Isso significa que o governo leva mais de um terço de tudo que eu recebo e posso te garantir que essa grana, se ficasse comigo, seria muito melhor aplicada na qualidade de vida da minha família.
Você sabia que para pagar os impostos eu tenho que dizer não para quase tudo que meus filhos querem ou precisam? Meu filho de 12 anos quer praticar tênis e eu não posso pagar as aulas que são caras demais para nosso padrão de vida. Você acha isso justo? Acredito que não. Você é um homem de bom senso e saberá entender os meus motivos para não colaborar com sua campanha pela educação brasileira.
Outra coisa Didi, mande uma Carta para o Presidente pedindo para ele selecionar melhor os ministros e professores das escolas públicas. Só escolher quem, de fato, tem vocação para ser ministro e para o ensino. Melhorar os salários, desses profissionais, também funciona para que eles tomem gosto pela profissão e vistam, de fato, a camisa da educação. Peça para ele, também, fazer escolas de horário integral, escolas em que as crianças possam além de ler, escrever e fazer contas possa desenvolver dons artísticos, esportivos e habilidades profissionais. Dinheiro para isso tem sim! Diga para ele priorizar a educação e utilizar melhor os recursos.
Bem, você assina suas cartas com o pomposo título de Embaixador Especial do Unicef para Crianças Brasileiras e eu vou me despedindo assinando…
Eliane Sinhasique – Mantenedora Principal dos Dois Filhos que Pari.
Edmilson
14 de setembro de 2009 as 9:54
Caramba!!! Isso é tudo o que eu queria dizer também!
abraços!!
Vanuza
25 de setembro de 2009 as 14:12
Parabéns! Eliane. Somos bombardeados todos os dias com “colabore conosco”, e quem colaborará com nós? O suor que derramamos todos os dias e quem se importa em acordarmos no outro dia e não termos o que comer! Portanto, cuidemos do que é nosso, nossas atitudes, ideais e acima de tudo respeito´por si próprio. Beijos!
adriane franco
13 de outubro de 2009 as 12:43
Adorei,muito bem redigida.
Parabéns.
Uma dica:Escreva uma para nosso Presidente da Republica.
Bjs.
Ana Maria Mantzos
03 de novembro de 2009 as 15:37
Puxa! Bem forte, não? Mas verdadeiro.
naíme halle najm
24 de dezembro de 2009 as 11:48
Cara Eliane Sinhasique,
você me alertou… nunca tinha me atentado … sempre colaborei… mas não é justo… adorei onde você diz que: selecionar melhor ministros e professores… realmente… eu como pedagoga que sou amo o que escolhi… Parabéns… obrigada por me alertar…
Feliz 2010… precisamos de pessoas como você… obrigada…
My friend
09 de fevereiro de 2010 as 12:40
Valeu Eliane,..
Disse as palavras certas ,…eu tenho muito tempo q estou engasgado com essa palhaçada de criança esperança ( pura demagogia misturada com roubo), se fosse eu que tivesse q responder uma carta pra o Didi, seria mais cruel e perderia as estribeiras, chingaria todos os palavrões q conheço, mas vc Eliane fez com classe,…é isso aí ,…Aliás Didi seu programa é podre com piadas sem graças ,…amigo da onça…
cristina
14 de agosto de 2010 as 9:22
sugiro que mande esta carta para o governador do estado de SP, que por ser o estado mais rico do país, é também um dos piores em educaçao, segurança, saúde, etc. as vezes tenho que me opor em meu local de trabalho contra essas “modas” que querem me enfiar goela abaixo, e ainda sair taxada de radical, que resiste ao novo, cabeça fechada, etc, etc,. só que resisto sim em nome de minha própria consciência enquanto educadora preocupada com o futuro acadêmico de meus alunos. portanto , não cabe a esfera federal e sim a estadual e municipal, por estarem mais próximas. sou a favor de concursos a deteminados cargos no sistema educacional, pois os cargos de confiança, geram uma “massa ” que concordam com tudo que mandam sem questionar, para se garantirem . e olha que o salário destes é tentador para não dizer, corrompível. E viva a internet, onde podemos colocar nossa opiniões palavra por palavra.
PAULA
21 de agosto de 2010 as 15:58
PARABENS ELIANE
BELA CARTA, E COMO DISSE O RAPAZ ACIMA
” ISSO ERA TUDO QUE EU TBM QUERIA DIZER”
OBRIGADA POR RESPONDER POR MILHOES DE BRASILEIROS .
GRATA
PAULA W ANTUNES
José Ninguém
27 de setembro de 2011 as 19:27
Olá a todos, espero não estar incomodando… meu nome é José e moro naquela rua que fica atrás da avenida que passa perto da sua casa, você conhece? Acho que não pois você sempre passa tão rápido por ela com seu carro que nem deve perceber… Eu gostaria de pedir encarecidamente que quando não estiver ocupado se tiver um tempinho possa me ajudar com algo para comer e vestir pois sinto fome e frio aqui na rua… Isso mesmo, moro na rua, lembra que falei logo no começo… Sei que não é sua culpa nem seu papel me ajudar, mas é que moro em um País em que infelizmente os governantes não tomam conta de mim como deveriam e nem tomaram conta dos meus Pais quando eram criança e infelizmente meu pai esta preso na cadeia e minha mãe me abandonou para usar drogas… E segundo a estatística acontecera o mesmo comigo também, mas eu não queria isso para mim… Se alguém me ajudasse eu poderia ser outra pessoa… Um dia ouvi falar que tem um tal de “GIGI”… “VIVI”… como é mesmo o nome dele… Ah sim “DIDI” uma pessoa que foi muito pobre quando criança e hoje é artista em uma grande emissora de TV… Ouvi falar que ele participa de um programa que ajuda as crianças pobres do País. Eu pensei em procurar um local desses que recebe a ajuda do programa para eu poder receber essa ajuda também, mas eu também ouvi falar que isso tudo é “enganação”… Que o dinheiro fica todo para a emissora que ele trabalha… Que apenas 1% do valor é repassado para os projetos de assistência e o restante é dividido pelos artistas… Que a emissora só faz esse programa para ganhar audiência e pagar menos imposto de renda pois junta seu próprio imposto com o das doações e no fim o das doações já cobrem o seu e ainda sai no lucro… E também que os artistas como são ricos deveriam se reunir e eles mesmos doarem parte de suas fortunas sem a necessidade de pedir para os pobres miseráveis Brasileiros que estão tão pobres que nem coisas básicas como “aulas de tênis” estão podendo pagar pera seus filhos, eu mesmo só não pratico porque infelizmente ando descalço e não tenho um “tênis” para calçar, mas se tivesse seria o melhor jogador do Mundo, garanto… Em vista disso eu é que não vou procurar ajuda destes “bandidos”. Onde já se viu, pedir ajuda para as crianças pobres e descontar o imposto de renda? O certo é fazer o programa, gastar milhões com horário, pessoal, manutenção, cobranças telefônicas e etc. em seguida doar todo o dinheiro arrecadado e ainda pagar imposto do próprio bolso… Isso é o certo! …Certo…? Todo mundo, inclusive você trabalha de graça e ainda paga para trabalhar nesse pais, não estou certo? Porque se for para arrecadar o dinheiro e tirar o imposto de renda que teria que pagar e arcar com todas as outras despesas as coitadas das crianças vão receber menos dinheiro e não vão poder nem jogar Tênis!!! Sendo assim meu povo, sejam radicais, NÃO DOE NADA pois assim o governo vai acordar e vai começar a gastar todo o dinheiro dos impostos com as crianças!!! Isso tudo a tempo, de um dia para o outro sem ninguém morrer de fome ou “velhice”!!! Vamos pensar assim “Em prol dos mais necessitados, não vamos doar para “eles” não deduzirem do imposto de renda, melhor as crianças não receberem nada do que receberem “menos” e não poderem nem ter suas aulas de Tênis! Ficamos combinados assim então, eu vou apertar “pause” na minha vida “invisível” e continuo na rua com frio e fome mas aguardando a ajuda do governo… Se demorar para chegar não tem problema esta “pausado” e você que não tem obrigação nenhuma com a minha pessoa continua fingindo que eu nunca existi e não doe nada do seu dinheiro suado para ninguém… Como você não vai mais doar, me despeço aqui e fico aguardando a ajuda do governo… Mas se quiser doar aceitarei com muito gosto pois o pouquinho que sobrar depois de descontar o imposto de renda já me deixa feliz e sem fome, e ainda posso praticar atividades esportivas e culturais… Assim posso pensar em ter um futuro e quando eu conseguir chegar lá, poder ajudar os outros e não apenas a meus filhos.
maciel
15 de julho de 2012 as 8:55
Dias atrás, fiz o mesmo com uma certa instituição de “caridade” e fiquei matutando se fiz certo ou errado! Quero agradecer a Eliane e aos comentaristas desta página, por responderem minha “matutagem”.
maciel
15 de julho de 2012 as 9:33
Acrescento ainda, que ao nosso redor tem muita gente carente a quem podemos ajudar sem contudo “tocar trombetas”
francielly rodrigues bueno
17 de junho de 2014 as 21:27
Parabéns Eliane pelos os seus pontos de vista, o mundo precisa de pessoa assim como você, que sabe soltar o verbo quando é preciso….