O leitor Ronney recentemente sugeriu que eu abordasse o problema das drogas segundo meu ponto de vista. Na ocasião respondi que como não tenho qualquer experiência com dependentes químicos, seria bem difícil escrever qualquer coisa de forma convincente.

Mas hoje mesmo, estava eu sem o sinal de internet aqui em casa e decidi folhear um livrinho da Seicho-No-Ie que tenho comigo, o qual encontrei lá pelos idos de 2000 em uma lixeira. Nunca um “lixo” teve tanto valor pra mim. A sabedoria que encontrei nesse livrinho aos poucos mudou minha vida.

Feio por fora, lindo por dentro

Feio por fora, lindo por dentro

Já falei da Seicho-No-Ie aqui. É uma religião, ou filosofia oriental (confesso ver o termo “religião” pesado demais para uma filosofia de vida tão leve e desprendida), criada por Masaharu Taniguchi, segundo o próprio, através da orientação de anjos que lhe apareceram e ditaram certos conhecimentos. Essa religião tem um livrinho fininho chamado Sutra Sagrada, e se um dia você tiver a oportunidade de ler (é bem rápido) você verá mesmo que aquele conteúdo é realmente sublime e muito inspirador.

Não sou frequentador da Seicho-No-Ie, entretanto, muito, muito MESMO do que escrevo aqui é fundamentado sobre essa maravilhosa linha espiritual. Se você se encontra espiritualmente perdido, recomendo que visite algum encontro normalmente semanal, promovido pelos membros dessa religião . Tenho certeza que você irá se surpreender.

E voltando ao assunto da dependência química, eis que nesta tarde, em certa página do referido livrinho, encontrei o trecho abaixo, o qual prontamente me lembrou da sugestão do leitor:

Se o espírito está plenamente satisfeito, não há necessidade de entorpecentes ou excitantes

O homem, originariamente, não necessita de bebida alcoólica, de entorpecentes ou de tabaco. Se há pessoas que necessitam deles, é porque elas sofrem alguma carência afetiva. O ser humano, sentindo frustrado o seu desejo de ser amado, de ter paz espiritual, de ser elogiado, de ser reconhecido, ou de ser tratado com carinho, recorre a narcóticos e excitantes na tentativa de entorpecer sua mente. Os excitantes também são um tipo de entorpecente, pois anestesiam a parte do cérebro onde é sentida a fadiga ou o tédio, fazendo com que, por algum tempo, a mente recobre a lucidez e a pessoa se sinta eufórica. A desarmonia na família constitui o maior motivo para o indivíduo procurar bebidas alcoólicas. Quando o espírito está plenamente satisfeito, a pessoa se sente livre e descontraída, não se tornando, por isso, escravo dos desejos do corpo carnal. O homem busca de modo exagerado os prazeres dos sentidos quando o seu espírito está sedento de amor.

Não são belas e lúcidas palavras? Esse ensinamento bate perfeitamente com as orientações do também estupendo Dale Carnegie, no livro Como fazer amigos e influenciar pessoas. Acho que um dos conhecimentos mais importantes passados por esse livro é a visão de que o desejo mais profundo de qualquer ser humano é se sentir “importante”. Se você refletir um pouco, lembrará que sob um ponto de vista mais popular, as pessoas costumam afirmar que o desejo mais profundo de qualquer um é ser “amado”. Vejo que dá na mesma. Ser importante para ser amado ou ser amado para se sentir importante. Enfim…

Unindo esses dois pontos de vista, o de Masaharu e o de Carnegie, percebemos que, muito provavelmente, a existência se torna tão tediosa e insuportável para aqueles que não conseguem se sentir importantes de forma espontânea na vida, que se vêem obrigados a apelar para as drogas como meio de fugir da situação. Acho que não é mais novidade pra mais ninguém que as drogas são uma forma de fuga. Táqui o cafezinho meu de cada dia (ou hora) com sua discreta cafeína, que serve de subterfúgio para eu escapar da pressão de produzir sempre mais. Ou os cigarrinhos, para quem fuma, etc. Ou o Facebook para quem trabalha 😉 Sob essa linha de pensamento, todos nós estamos querendo “escapar” de alguma forma de pressão. Entretanto, como tudo na vida, quando se parte parte para o exagero, arrisca-se se perder. O ditado é antigo:

A diferença entre o remédio e o veneno está na dose.

Contudo, não vejo outra conclusão para todo esse raciocínio que não caia em um lugar comum:

Amor!

Amor entre pais e filhos

Amor entre pais e filhos

Não é necessário fazer um estudo estatístico para concluir que num lar onde o amor esteve sempre presente, não só na forma de brinquedos e mimos, mas de atenção, carinho, conversas e diálogos, as chances de sair dali um dependente químico certamente são bem menores. E não deve ser diferente o caminho a se percorrer para se libertar da dependência. Com apoio familiar, e por apoio entende-se atenção, carinho, MUITA companhia e diálogo, certamente o indivíduo se sentirá fortalecido para superar seus dramáticos obstáculos. Ele deve QUERER se libertar também, senão nada disso adiantará. Porém o AMOR continua SIM, mais do que nunca, o melhor remédio para os males da alma.

Veja algumas afirmações positivas e frases da Seicho-No-Ie