Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim.
Por uma coisa a toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim.
E se tiveres renda
Aceito uma prenda
Qualquer coisa assim.
Como uma pedra falsa
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim.
E eu te farei as vontades
Te direi meias verdades
Sempre à meia-luz.
E te farei, vaidoso, supor
Que és o maior
E que me possuis.
Mas, na manhã seguinte
não conte até vinte
Te afasta de mim.
Pois já não vales nada
És página virada, descartada
Do meu folhetim.
Chico Buarque
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