Texto de 17 de novembro de 2017

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Quando você chega a meia altura da vida, caso tenha adquirido algum nível de compreensão das leis básicas da existência e um bom nível de auto-percepção, terá percebido que todos nós temos um poder pessoal – de caráter espiritual – bem intenso e atuante.

Sua vida exterior é o resultado imediato e preciso do que você é (e tem) por dentro.

Infelizmente, atuante quase sempre no sentido da auto-limitação e da negatividade.

Este poder pode ser mais facilmente entendido através do conceito de consciente x subconsciente, conceito este amplamente disseminado pelas correntes da nova era, especialmente através do autor Joseph Murphy e também do líder da religião japonesa Seicho-no-ie, Masaharu Taniguchi.

Segundo a visão destes autores, o consciente é nossa mente racional e ativa, e o subconsciente é nossa mente inconsciente, corporal, nossa criança interior, sem culpa.

Tenho percebido, ultimamente, tanto em relação à minha vida como a de pessoas próximas, o quanto as coisas não dão certo nas nossas vidas porque no fundo, nosso subconsciente não quer que deem certo.

Acontece em casos variados:

1 – É aquele inquilino que, racionalmente, você precisava que ficasse no seu imóvel, mas que vai embora e desocupa o imóvel bem antes e, em assim acontecendo, você nem liga muito porque seu subconsciente sentia constantemente o desconforto por ter em seu imóvel um inquilino que podia ser barulhento, ou relaxado, ou inadimplente, ou ainda, porque seu santo não bateu com o dele.

2 – É aquele desempregado que não consegue emprego nunca, apesar de conscientemente saber que precisa. Mas o subconsciente lembra como eram os empregos anteriores: cumprir horários, aturar colegas de trabalho e superiores, as dores pelos esforços repetitivos.

3 – É aquela pessoa que gostaria muito de encontrar um parceiro, talvez até mais motivada pela opinião dos outros (“você não pode ficar sozinho, tem que arrumar alguém, uma hora aparece”) do que pela própria vontade de ter alguém, mas não consegue encontrar ninguém a altura de suas expectativas porque no fundo, seu subconsciente lembra bem o fiasco que foi o casamento com aquele traste e o trabalho que deu para se desligar do relacionamento anterior.

Se ao falar de seus sonhos ou objetivos, você continua a frase com um mas, então esteja ciente, não vai acontecer, e se acontecer, não vai dar certo. Ou você quer de fato alcançar seu desejo com a disposição de enfrentar e conviver com os probleminhas que vem junto, ou melhor nem querer.

Medo do bom

É impressionante como tendemos a permanecer indefinidamente num estado pessoal medíocre basicamente porque questionamos e vivemos botando defeito na situação ideal que gostaríamos de alcançar.

Gostaríamos, mas não tanto.

Usando os três exemplos acima:

  • Quer muito alugar o imóvel, precisa de inquilinos, mas vive focando a atenção nos defeitos do inquilino, e sente até um prazerzinho silencioso ao ver o apartamento vazio.
  • Quer muito um emprego, mas não esquece a droga que é manter um empreguinho básico desses em troca de uma remuneração vergonhosa.
  • Quer muito encontrar o grande amor da vida, mas está cada vez menos disposto a ceder a própria autonomia e liberdade em favor de pessoas que dificilmente atenderão ao ideal almejado.

No final, queremos e esperamos pelo bom, mas tornamo-nos especialistas em encontrar defeitos no bom, e assim, automaticamente e instintivamente, através do nosso subconsciente, nem o bom alcançamos.

Outro exemplo, típico:

Ele queria muito ficar rico, ganhar muito dinheiro. MAS… a cada vez que se imaginava com muito dinheiro, se questionava: Como vou pagar impostos sobre tanto dinheiro? A receita federal vai me pegar? Em qual banco posso deixar meu dinheiro? Devo investir? Como investir se esses bancos só querem saber de suas taxas de administração? Investir exite um cuidado extremo, nem sei se consigo. Devo comprar imoveis? Como vou conseguir administrar todos eles? Ou ações? E se o valor delas despencar? Ouro? Obras de Arte? Onde guardá-las? E se descobrirem que eu tenho muito dinheiro e me sequestrarem? Se invadirem minha casa para roubá-la? E se os parentes descobrirem? Vão começar a me pedir dinheiro pra tudo o tempo todo, melhor ir morar longe. Ai mas esses ricos são tão metidos, e vivem só pro trabalho… etc, etc, etc.

Não ficou rico.

A maioria das pessoas é preguiçosa demais para ser rica.

As situações boas nem sempre são espontâneas, nem gratuitas, muito menos fáceis. Elas costumam nos cobrar certos compromissos e responsabilidades. E como responsabilidades costumam ser pesadas e nos exigir esforços os quais nem sempre estamos dispostos a manifestar, acabamos nos sabotando e rejeitando as situações que gostaríamos de vivenciar. Seja conscientemente, seja inconscientemente.

Preferimos a leveza mediana, do que a felicidade responsável.

Autoestima

Essa situação atinge até mesmo condições básicas que todos deveríamos ter, ou buscar, indiscriminadamente, tal como a condição de uma autoestima saudável.

Uma pessoa com autoestima considerável, é bastante confiante. Não tem medo de se expor. Nem de se impor, caso a situação exija. Nem de se indispor com outros para brigar por seus valores, caso não haja alternativa. Uma pessoa de autoestima é vista muitas vezes como metida, convencida, espaçosa e egocêntrica, tudo que não queremos ser e, de fato…

…não somos.

Preferimos bancar os humildes, abrindo mão de espaços básicos e condições almejadas na vida, do que conquistá-los e mantê-los por esforço e por direito.

É o fim da picada.

Não tem como dar certo 😉

Não basta querer, é preciso querer e estar disposto a pagar o preço.

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