Eu estava bastante descontente com os rumos que esta eleição vinha tomando.

Mas a polarização presidencial escondeu um fenômeno fantástico que ocorreu no legislativo. Segundo o que vi, Suplicy, Requião, Colombo (SC), Graziotin, Richa, Edson Lobão, Roseana Sarney, Linderberg, Eunício Oliveira, Romero Jucá, Dilma, César Maia e vários outros nomes que nos envergonham estão fora. Muitos nomes conhecidos aqui da região onde moro estão fora da política estadual, ao menos por algum tempo. O recado foi dado.

E no lugar deles entram um amplo rol de legisladores conservadores e liberais (feliz inclusive com a eleição de um candidato catarinense do Novo para Federal), transferindo o espectro político brasileiro dos 50 tons de vermelho, para uma divisão mais equilibrada de forças políticas, fortalecendo nossas casas legislativas.

Esse equilíbrio me reduz até mesmo o medo que eu tinha de seguirmos adentro no grave processo de crise, dramaticamente chamada de “venezuelização”, iniciada nos últimos anos por incompetência de vocês sabem quem. Um eventual governo petista terá muito menos poder, e será muito mais cobrado.

Se Haddad ganhar, o que não acredito, terá obrigação de acertar para (tentar) redimir seu partido. Se Bolsonaro ganhar, o que parece mais provável, também terá a obrigação de acertar para fazer jus ao cheque em branco que está ganhando, e será muito cobrado.

Sigo ainda mais cético. Política não resolve muito a não ser a vida dos próprios políticos, e governo mais atrapalha do que ajuda. Não acredito em messianismo político, não acredito em apocalipse político, não acredito em teorias conspiratórias, não pego carona com paranoias, acho que essa passionalidade toda não combina com política.

A tendência é que as coisas continuem como estão. Não vão melhorar magicamente, e não devem piorar (muito), o Brasil é um país grande, federalista, de economia diversificada (ao contrário de uma Venezuela dependente só de petróleo), com um povo que está com a faca nos dentes e sangue nos olhos, muito disposto a voltar às ruas se necessário for.