Alguns céticos são tolos, assim como alguns crentes são tolos. Os crentes podem ser tolos por acreditarem cegamente em algo sobre o qual é impossível averiguar uma validade ou existência concreta, sentindo-se no direito “de terem o direito” de fazer com que os outros acreditem no mesmo que eles. Não perceberam que um pouco de lucidez faz bem e é inestimavelmente agradável.
Mas os céticos tolos são mais tolos do que seus correspondentes crentes. Porque os crentes na verdade nunca se importaram em averigual qualquer hipótese. A crença o consola e isso lhe basta. E arrisco dizer que por mais estranhas que possam ser as crenças mantidas pelos crentes, todas tem o traço em comum – e muito razoável, eu diria – de que o Universo, o mundo e a vida são grandiosos e complexos demais para serem fruto de um mero acaso desproposital. Já os céticos tolos são mais tolos, porque se acham espertos e especiais ao pensarem saber o que os outros não sabem. Mas são tão cegos quanto seus correspondentes crentes, já que conhecem infinitas minúcias irrelevantes sem com isso enxergarem o próprio preconceito e inferências desprovidas do bom senso crítico.
Ser crítico não é só não crer cegamente. É também não negar cegamente. Quem tudo nega é tão estúpido quanto quem tudo aceita. A postura verdadeiramente imparcial é a postura neutra: Não acredito, mas também não duvido. Se puder, vou investigar eu mesmo, se não estiver disposto, vou aguardar os resultados daqueles que se propõe investigar o assunto em questão. Mas não perco de vista que a ciência está longe do ápice de sua compreensão do universo físico e humano. Muito se descobriu até agora e muito se descobrirá, sem qualquer sombra de dúvida.
O total desprovimento de empatia dos céticos tolos faz com que cheguem a ver vantagem em desmanchar as esperanças dos outros, sem lhes dar qualquer outra alternativa. Sua incapacidade de compreender o comportamento alheio lhes fazem achar graça e se sentirem superiores em classificar todos os outros como ignorantes. Sua falta de tato lhes fazem perder completamente o respeito ao outro. Suas curtas visões não permitem que se enxerguem e percebam que tanto criticam, mas de muito pouco são capazes.
Os céticos tolos são meio como criançonas. Moleques pirracentos que veem prazer em polemizar, provocar, contrariar. É uma questão de auto-afirmação. Quem sabe sejam desconfiados porque já caíram nas mentiras de gente mal intencionada que usa da boa fé alheia em proveito próprio. É compreensível, gato escaldado tem medo de água fria. Mas querer escaldar os outros não funciona. Demonstra que não perceberam ainda que os outros só aprendem algo quando querem ou precisam. Psicanalistas explicam esse ceticismo doentio, mas não vejo nada mais ridículo do que estar sob uma categoria a ser explicada, pensando-se superiores. Só a internet para me permitir descobrir que isso existe.
Rosemille Alencar
10 de março de 2017 as 7:53
😉 ótimo!