Do espírito imperturbável – Crônica
Enquanto tentava ligar para a Oi para resolver um problema de conexão de internet, observava os agitos da esposa, ao lado, nervosa com a conexão ruim. E me ocorreu a lembrança de uma leitura de anos atrás, num desses textos orientais, filosóficos, voltados à autoajuda e ao autodesenvolvimento.
Dizia o texto, segundo minhas lembranças, que não valia a pena deixar-se perturbar o espírito diante dos problemas do dia-a-dia. Entre o decorrer da lembrança e a espera que se seguia para ser atendido por algum atendente da Oi, me propunha simultaneamente a exercer e manifestar essa “paz do espírito” e não me deixar perturbar pelas picuinhas triviais do cotidiano, naquele momento representadas pela demora no atendimento.
E demorava… e a musiquinha tocava… e a mensagem de que eu logo seria atendido se repetia ad-nauseum… e num ligeiro lapso de consciência e autocontrole, me vejo batendo o gancho do telefone com força, resmungando repetidamente: “Vai tomar no #@%&, vai se %$#@, Vai tomar no #@%&, vai se %$#@”…
…e logo mais, rindo sozinho do meu “imperturbável” sossego espiritual.
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