Lide com isso, amigo bolsonarista.

Sim, poderia ter havido fraude. Não é impossível que possa ter havido.

Mas não houve!

Há várias ponderações que me levam a esta conclusão, desde o dia 30 de outubro.

Segue algumas:

1 – O sistema eleitoral é acusado de fraude desde a derrota de Aécio. Se o sistema controla as eleições assim desde tanto tempo e com tanta facilidade, Bolsonaro jamais teria ganho em 2018.

Mas ganhou.

O argumento contra esta tese é que Bolsonaro teve quase 90% dos votos e o sistema não estava preparado pra fraudar tamanho volume de votos.

Não, não e não. Bolsonaro é popular, mas não é e nunca foi unanimidade.

Você pode amar o Mito, mas acredite, boa parte dos brasileiros o odeiam.

A proporção de votos em 2018 foi bem plausível.

2 – Bolsonaro é popular, pero no mucho

Sim, ele é popular, mas como dito acima, Bolsonaro não é unanimidade.

Santa Catarina é o Estado mais bolsonarista do Brasil. Mas no dia 30 de Outubro, já no final da contagem dos votos, comecei a ouvir uns fogos de artifício. E não paravam, e aumentavam. Eu fiquei meio assim, ué, estão inaugurando algum comércio ou edifício entregue justamente hoje? Olhando mais uma vez a página do STE, vi que Lula havia virado a contagem. E os fogos aumentando. Parecia 31 de Dezembro, virada de ano.

Sim, no Estado mais bolsonarista do país, comemoraram a vitória do Lula com fogos. Eu levei uma meia hora até ligar os pontos, e me dar conta que estavam comemorando a vitória para a presidência do líder do partido mais corrupto da história da nossa mal fadada República. Demorou pra cair a ficha, como diziam os mais antigos. Morando aqui, de fato, conheço famílias inteiras que votaram no Lula.

Agora, projete a força deste homem no restante do país, em que as opiniões políticas são mais divididas.

As motociatas e outros aglomeros em volta do Bolsonaro o enganaram, e enganam a torcida também.

Nós só reconhecemos a existência do que vemos. Se não vemos, presumimos que não existe. Ou como teria dito Albert Einsten:

Tudo aquilo que o homem ignora, não existe para ele. Por isso o universo de cada um se resume ao tamanho de seu saber.

Veja bem, numa cidade de 100 mil eleitores, se 10 mil motoqueiros acompanham o Bolsonaro numa motociata, significa que outros 90 mil eleitores ficaram em casa, ou trabalhando. E esses 90 mil podem muito bem não votar nele. Mas eles estão ocultos, ninguém os vê. Esses 90 mil eleitores não aparecem visualmente nas mídias, então se não aparece, você acha que não existe.

Mas existe e eles aparecem exatamente no dia das eleições. E diante dessa massa de população que apareceu “do nada” durante a contagem dos votos e não votou no seu candidato, você fica chocado e conclui: “Só pode ter sido fraude, não há outra explicação.”

Há sim, há outra explicação.

Como nos mostra o vídeo abaixo.

3 – O povo brasileiro não é a classe média urbana

Este vídeo acima mostra EXATAMENTE o que eu quero dizer.

Veja bem o tipo do povão. Todos fazendo o L.

(Isso parece um preconceito meu, mas não é preconceito, é um conceito formado. É só olhar e ver. EU SEI que você que me lê pagaria pra não estar no meio dessa gente)

Esse tipo de gente simplória é MUITO numerosa, e está concentrada em bolsões invisíveis de pobreza nas periferias e favelas de todo o país, onde as pessoas que acusam o sistema eleitoral de fraude nunca pisaram.

Quem vê motociata não vê esse populacho aí fazendo o L aos milhões.

Quem vê manifestação de gente bonita de verde e amarelo na cidade grande, não vê essa massa de gente ignorante que acredita facilmente em promessas de picanha e cervejinha fácil.

4 – O povo brasileiro é corrupto

Este vídeo acima exemplifica o nível geral do povão que elege Lula.

Bem normal um povo que saqueia (ROUBA) um caminhão em movimento eleja para SEU presidente (meu não) um bandido chefe do partido mais corrupto deste país, que mais se assemelha a uma quadrilha institucionalizada.

5 – O povo brasileiro é imoral

Taí um “extrato concentrado” de povo brasileiro.

Assista até o final e me diga…

Precisa mesmo de fraude?

Não.

É só deixar ESTE POVO AÍ DOS VÍDEOS, votar…

…e contemplar o estrago.

Lula lá

Lula lá é resultado preciso e cirúrgico da mentalidade obtusa do povo que o elegeu.

“O brasileiro é apenas um monte de selvagens perdidos na floresta, dando urros e expressando suas sensações, dizendo “ai me dói”, “ai que gostoso”. O brasileiro só faz isso.” Olavo de Carvalho, que sempre terá razão.

6 – A culpa não é (necessariamente) do Nordeste

Sim, o nordestino vota em peso no PT, numa proporção média nas últimas eleições de 70% x 30%.

Mas o fato pontual do Bolsonaro não ter sido reeleito não é culpa do nordestino.

O nordestino já não votou no Bolsonaro em 2018.

E este gráfico prova:

Veja a última linha, mostra a porcentagem de votos do Bolsonaro no Nordeste em 2018 e 2022.

Praticamente a mesma.

A região mais responsável pela não reeleição do Bolsonaro foi a Sudeste, em que ele perdeu 11% dos votos.

11% de uma região super populosa fez toda a diferença.

7 – Ampla eleição de Governadores e Legisladores de Direita

Agora já não lembro os números exatos, mas lembro que a direita conseguiu eleger um amplo número de deputados e senadores, bem como governadores dos principais Estados do centro-sul. Única exceção que lembro foi Onix Lorenzoni no RS que perdeu para Eduardo Leite.

Se houvesse uma possibilidade de fraude assim tão manejável, porque estariam ocupados somente da presidência, deixando a eleição de uma ampla frente de deputados e senadores para “atrapalharem” o governo do escolhido pelo “sistema”?

8 – A oposição à Contagem de Votos

O único argumento favorável à tese da fraude nas urnas foi a oposição de integrantes do STE.

Aqui pode parecer ingenuidade minha. Mas ali foi briga de egos, com Bolsonaro esperneando daquele jeito bronco dele, e os Ministros do STE não querendo dar razão ao que, na visão deles, eram os arroubos autoritários do ex-presidente.

Quando o sujeito é estúpido, você pega raiva dele mesmo que ele esteja certo.

É ou não é?

Os ministros do STE, pra variar, pensaram em si mesmos e no próprio brio, em vez de pensar na transparência do sistema.

Mas isso não é novidade, os governantes brasileiros desprezam o povo miserável e só pensam em si mesmos desde que Cabral pisou nessas terras infelizes.

O problema da tese da fraude

Insistir na tese da fraude gera alguns problemas.

O principal é que joga a culpa do próprio fracasso para um ente externo, maligno, obscuro, invencível.

Bolsonaro errou feio durante seu governo, especialmente na comunicação pessoal e do governo.

Passou 4 anos atacando diretamente qualquer figura pública que o criticasse; colecionando inimigos, no governo, no STF, na imprensa, no exterior. Se expôs demais e sem necessidade no cercadinho, em manifestações inúteis, nas suas lives infames, com seu péssimo jeito de se comunicar, usando palavras e expressões infelizes, que serviram de munição gratuita para inimigos diabólicos – a oposição e a imprensa.

Teve um bom quadro ministerial, realizador. Teve a grandeza de concluir a transposição do Rio São Francisco, mas não divulgou, confiou demais só na internet. Ninguém soube, ninguém valorizou, não recebeu os merecidos votos.

Se você não reconhece onde errou, não vai NUNCA passar a acertar.

Eis que numa aparição pública recente, Bolsonaro chama Lula de jumento.

Não que não seja. Veja bem, eu sinto ódio por quase nada nessa vida, mas a figura do Lula é uma dessas coisas. Eu odeio tudo dele, a imagem, a voz demoníaca, as ideias toscas. Mas eu pergunto: Em que é que esse tipo de postura infantil do Bolsonaro vai fazer as pessoas que não votaram, passarem a votar nele?

Em nada! Só gera mais reação contrária.

É uma pena. Votei nele, gostaria de ver Paulo Guedes à frente do Ministério da Economia, mesmo que o preço disso fosse a vergonha de ter um presidente tão porra-louca.

Mas Bolsonaro continuará a jogar a culpa de seus fracassos para agentes externos, não reconhecendo seus erros de imagem e comunicação, ficará inelegível e vai definhar na vida política do Brasil.