Em blogs sobre ocultismo, fala-se muito em “consagrar” objetos, momentos, decisões, etc. Para tal, utiliza-se de toda ordem de rituais e uns conhecimentos tais que, dada a seriedade com que encaram esses conhecimentos, conferem a certeza de que a consagração ocorreu e que os objetos/momentos/decisões estão “prontos para o uso/início”.
Nesses posts (1 – 2 – 3), TENTEI dizer (pois como é difícil falar das coisas do espírito) que toda nossa essência espiritual se baseia na fé, ou seja, na crença e certeza do que se quer e no poder mágico da intenção. E que para manusear a fé, existem várias possibilidades, como a ESPERANÇA, a BÊNÇÃO, a CONVICÇÃO, a PROMESSA, todas absolutamente interrelacionadas. Vários líderes espirituais nos lembraram e nos ensinaram sobre o poder da fé, e como as coisas se mobilizam para ajudar-nos a realizar nossos intentos, quando munidos de fé e intenção inabaláveis.
Fé é crença. Crer é ter certeza, ou seja, tomar algo por certo, definitivo. Abençoar, ou bendizer, é a manifestação da fé de forma verbal; falar bem; falar o que se quer; profetizar; visualizar o que se quer (o que pressupomos ser algo bom). Esperança é a constância da fé. Espera-se o que se está convicto de que acontecerá.
Mas será?
O contrário disso tudo? A DÚVIDA. Do ponto de vista espiritual, a dúvida é destruidora. A dúvida desintegra. Já a forte crença (fé), a firme convicção, a decisão irrevogável são construtores.
E a consagração? Apesar da aura de seriedade que o termo expressa, vejo que é MAIS uma forma de afastar a dúvida em relação ao objeto/evento consagrado. Por exemplo, imaginemos que eu iniciei um negócio. Mas depois que as operações começaram, vem o questionamento: Mas será que vai dar certo? Será que esse negócio é o meu destino? Ou será apenas uma fase, um aprendizado até eu encontrar minha atividade definitiva?
Pois é, não é preciso ter crenças espirituais para saber que esse negócio não vai pra frente em meio a tantas dúvidas. Mas vamos supor que você tenha forte crença católica e chame um Padre para abençoar as operações do seu novo negócio. Então o padre vem e faz tudo certinho e bonitinho. Pronto! Está tudo abençoado e você renovou/reforçou suas intenções com sua nova empresa. Agora você tem CERTEZA de que está tudo bem e que o sucesso é questão de tempo. Consagrar é quase um desencargo de consciência. A consagração é uma manipulação/aplicação de nossa CERTEZA sobre as coisas com as quais estamos lidando.
Num site já desativado, encontrei uma definição interessante do que é consagração:
Consagrar: Consagração se refere ao princípio que tudo o que possuímos pertence a Deus e devemos prometer que usaremos as coisas com que Deus nos tem abençoado para abençoar a vida de outros e para servir na Igreja.
Consagrar é – antes de formalizar – tornar sagrado, tornar de Deus, ou invertendo o sentido, colocar “Deus” onde precisamos que ele esteja. É tirar as dúvidas da cabeça, afinal, se algo é de Deus, então é algo certo, é algo definitivo, é algo positivo, é algo que não se questiona mais. O segredo não está necessariamente nos rituais. Eles são apenas mecanismos de manipulação de nossa fé e de nossa certeza. Se você está iniciando algo (um projeto, um casamento, um trabalho) e você está absolutamente convicto de que aquilo é exatamente o que deveria estar acontecendo nesse momento, pronto! Está consagrado.
Texto de 24 de agosto de 2010.
samuel dias de lima
14 de dezembro de 2015 as 22:55
sobre consagrar. não concordo que o termo se refere a reforçar a nossa convicção de fe. o termo exige uma analise mais profunda, vez que e o sumo sentido da fe.
Ronaud Pereira
15 de dezembro de 2015 as 11:13
Olá, Samuel. Essas coisas todas relacionadas à espiritualidade são muito mais simples do que às vezes gostaríamos que fossem.