Durante nossos processos eleitorais, vários termos políticos e filosóficos voltam à tona para classificarem (ou xingarem) determinadas posturas políticas, pessoais e alheias. E me ocorreu a ideia de criar um mini-dicionário político para ajudar o leitor a também entender melhor esse “politiquês” peculiar dessas eleições de 2010. Tudo aqui foi baseado no ótimo dicionário online Aulete Digital, o qual recomendo enfaticamente.
Breve dicionário de termos políticos:
Fisiologismo
Prática de certos políticos, funcionários públicos, etc que se caracteriza pela busca de vantagens pessoais em detrimento do interesse público.
Patrimonialismo
Concepção de poder em que as esferas pública e privada confundem-se e, muitas vezes, tornam-se quase indistintas.
Clientelismo
Prestação ou recebimento de favores políticos, especialmente de natureza eleitoral, em troca de benefícios pessoais ou de um grupo. Relação em que uma pessoa mais poderosa, normalmente o patrão, dá assistência ou proteção a outras – os clientes ou operários – que dela dependem parcialmente, em troca do apoio destas, especialmente através do voto, a seus objetivos políticos.
Populismo
Tendência política de buscar o apoio do povo pregando, sinceramente ou não, a defesa de seus interesses, e que se utiliza geralmente de práticas assistencialistas. Demagogia.
De direita
Diz-se de pessoa ou instituição simpatizante ou adepta de conceitos e práticas políticas conservadoras. Postura política de orientação geralmente conservadora – bancada de direita. A origem do termo “de direita” deriva, historicamente, do lado (em relação ao lugar do rei) em que ficava a nobreza, nas reuniões dos Estados-Gerais, na França anterior à Revolução de 1789, e em que ficavam, depois, os conservadores nas assembleias de parlamentares.
Conservador(ismo)
Indivíduo que defende ideias, valores culturais, morais e instituições tradicionais e a manutenção da ordem estabelecida; que desconfia de inovações radicais ou mudanças abruptas, especialmente na forma de organização político-social.
Reacionário (ou “reaça”)
Aquele que se opõe ou reage se opondo a quaisquer mudanças sociais ou políticas. O termo “reaça” é usualmente dirigido pelo pessoal da esquerda (que se autodenominam progressistas) ao pessoal de direita, como xingamento. No entanto, quando grupos de Direita estão no poder, a oposição de Esquerda adota reatividade igualmente exacerbada.
De esquerda
Que tem convicções políticas contrárias a um regime conservador e simpáticas a ideias anticapitalistas, ou socialistas, ou comunistas. O grupo de pessoas ou de partidos que defendem os ideais do socialismo, em oposição ao capitalismo e a regimes de direita.
Socialismo
Nome de diversas ideologias e doutrinas que defendem, de um modo geral, tanto a propriedade coletiva dos meios de produção (a terra e o capital), como a organização de uma sociedade sem classes. Modo de produção e sistema social concebidos de acordo com essas doutrinas, em que prevaleçam a coletivização equitativa da riqueza e a eliminação das contradições sociais.
Socialismo científico – Corrente ou doutrina que prega a organização coletivista e igualitária da sociedade, concebendo-a a com base no estudo das leis históricas da transformação social e, especialmente, nas análises econômicas e políticas, não raro com referência aos marxistas, adeptos do materialismo histórico, e por oposição ao socialismo utópico.
Socialismo utópico – Doutrina que prega a organização coletivista da sociedade, concebida segundo algum ideal de perfeição social, e que não é resultante da compreensão e transformação da sociedade vigente. Usado não raro com conotação negativa de inconsistência ou inviabilidade prática.
Comunismo
Sistema social no qual não existe propriedade privada individual, a terra e os meios de produção pertencem à coletividade, e os bens são partilhados de acordo com as necessidades de cada um. Ideologia e doutrina política (concebido por Karl Marx) que visa ao comunismo (1) como sistema social e econômico a se desenvolver a partir do socialismo, baseado na propriedade coletiva através do Estado, que se propõe a distribuir os bens segundo as necessidades individuais e a abolir as classes sociais. Sistema político, econômico e social que segue o comunismo (2), instaurado na antiga União Soviética a partir da Revolução de 1917 (onde prevaleceu até 1990), e em alguns outros países.
Comunismo primitivo – Sistema de organização social da Idade da Pedra, no qual a propriedade dos meios de produção (relativos à caça, á coleta e a uma agricultura primitiva) eram coletivos, e os produtos divididos entre todos os membros da coletividade.
Marxismo
Doutrina política, econômica e filosófica desenvolvida pelos alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) a partir da crítica ao capitalismo, e que serviu de base para regimes socialistas.
Veja uma crítica pessoal ao marxismo.
Liberalismo
Doutrina que se baseia na liberdade individual, econômica, política, religiosa e intelectual dentro da sociedade e contra intervenções coercitivas do Estado. As origens dessa doutrina remontam ao escritor inglês John Locke (1632-1704), que tinha como fundamento a ideia da liberdade do ser humano.
Liberalismo econômico – Doutrina liberal aplicada à economia, fundamentada na ideia da livre competição, do predomínio da oferta e da procura na determinação dos preços e das relações econômicas, da não intervenção do Estado na economia etc.
Liberalismo político – Doutrina fundamentada na ideia de liberdade política individual em relação ao Estado, com igualdade de oportunidades para todos.
Neoliberalismo – Doutrina desenvolvida por economistas europeus e americanos no séc. XX, a favor de se adaptar a doutrina do liberalismo clássico às exigências de um Estado que controle apenas parcialmente o funcionamento do mercado. A partir da década de 1970, defende uma total liberdade de mercado e condena quase toda intervenção do Estado na economia.
Libertário
Que apoia as ideias de que defendem ou aspiram à liberdade absoluta. Que apoia ou aspira ao anarquismo.
Revolucionário
Revolução (partido revolucionário; teoria revolucionária). Diz-se de quem lidera ou participa de uma revolução. Diz-se do que é progressista, que provoca mudanças radicais. Referente ao que é responsável pela renovação de novos processos artísticos, científicos etc. Pessoa progressista, que provoca mudanças radicais
Progressismo
Que é a favor ou partidário do progresso social etc. Que é partidário de reformas e avanços sociais de caráter igualitário etc. Que contribui para o progresso, para o desenvolvimento da sociedade, do país etc.
Nacionalismo
Sentimento de pertencer a um grupo específico por meio da semelhança cultural ou histórica que os indivíduos partilham. Fenômeno do século XIX em que ocorre a ascensão de sentimentos de pertencimento a uma cultura, a uma região, a uma língua e a um povo ou raça específicos, tendo aparecido pela primeira vez na França.
Ditadura
Forma de governo em que o Poder Executivo é soberano sobre o Legislativo e o Judiciário, e é detido por um grupo que se perpetua autoritariamente no poder. Qualquer forma de poder exercido arbitrariamente. Já existiram ditaduras nacionalistas (não necessariamente de direita) – como a brasileira – e de esquerda – como a de Cuba.
Ditadura do proletariado – Segundo Lenin, líder da revolução comunista de 1917, sistema (social, político e econômico) totalmente dominado pela classe operária, por intermédio do Partido Comunista.
Fascismo
Regime político nacionalista, imperialista, antiliberal e antidemocrático, com base na força, na censura e na supressão violenta da oposição, como o imposto por Benito Mussolini (1883-1945) na Itália em 1922. Tendência para o autoritarismo e a intolerância.
Num sentido mais amplo, o fascismo representou uma reação das forças conservadoras da Europa após a vitória do socialismo na União Soviética, e se baseava em concepções fortemente nacionalistas e no exercício totalitário do poder, portanto contra o sistema democrático e liberal, e repressivo ante as ideias social-democratas, socialistas e comunistas. Com variações, foi a concepção básica do nazismo alemão, do regime de Franco na Espanha e de Salazar em Portugal, além de outras facções menores. Mas foi na Itália que o movimento assumiu o poder explicitamente, sob sua própria denominação e seu próprio símbolo, o fascio, o ‘ feixe’ de varas dos litores romanos. Seu fundador, Benito Mussolini, governou a Itália a partir de 1922, e logo tornou-se um ditador com poderes totais, baniu os partidos e ignorou o rei. Fez com a Alemanha de Hitler e o Japão de Hirohito e Tojo Hideki um pacto (formando o chamado Eixo) que se transformou na frente inimiga das democracias durante a Segunda Guerra Mundial. Com a derrota da Itália, Mussolini foi linchado pelo povo, em 1943. No Brasil, com diferenças significativas no ideário e nas circunstâncias, teve inspiração fascista o integralismo de Plínio Salgado.
Carolina Scarpelini
13 de outubro de 2010 as 17:56
As pessoas precisam desse tipo de informação.Parabéns Ronaud!!!!!!
ronaud
13 de outubro de 2010 as 18:00
Obrigado, Carol
Realmente, ouvimos esses termos pra lá e pra cá e acredito que muito poucos imaginam o que significam.
Caique
29 de janeiro de 2013 as 22:07
Obrigado, doravante serei um pouco menos alienado. kkkkkkk
Ronaud Pereira
29 de janeiro de 2013 as 23:43
Um alienado a menos no mundo 🙂 Que bom!!! Um abraço!
Roberto Da Silva
21 de setembro de 2014 as 11:25
Obrigago pela exposiçâo desses termos tão importantes para aqueles que se encontram no início do processo de instrução política em combate ao analfabetismo político.
edimar
26 de maio de 2016 as 17:39
gostei muito dessa sua postagem, parabéns.
Ronaud Pereira
26 de maio de 2016 as 20:37
Que bom! Obrigado 😉
M santos
01 de maio de 2019 as 8:09
Gostava de ver um comentário sobre pluripartidarismo e efeitos benéficos para a sociedade. Obrigado