Como já postado aqui recentemente, minha última leitura foi o livro Alô, Chics! da Gloria Kalil. Gostei do livro porque além de tratar daquela etiqueta básica cuja ciência muitas vezes nos falta, a autora toca também em pontos delicados do relacionamento homem x mulher. É que tem gente que não sabe se relacionar, não é? Gente sem noção mesmo, que não tem a dimensão do quanto suas atitudes atingem o outro. Empatia zero!
Tudo bem, o que se pode fazer se nos são ensinados letras, números e ciências e não nos ensinam sobre comportamento, relacionamentos e sentimentos? O jeito é ir aprendendo na medida do possível (eu ia utilizar “aos trancos e barrancos”, mas usar clichês é pecado mortal, né), enfim, vamos aprendendo, quebrando a cara aqui, observando a vida alheia ali, e formando nossa base de dados comportamentais própria.
Para sabermos nos relacionar com quem quer que seja, e em especial, com nossos pares amorosos, precisamos saber de um segredinho: As pessoas gostam de se sentir especiais. Gostam de se sentir únicas e importantes, gostam de ganhar atenção, lisonjas e mimos. Sim, somos todos bebezões, por mais que aquele sujeito durão dê a vida dizendo que não. E tem outro detalhe, as pessoas valorizam MUITO quem proporciona essas sensações a elas. Mesmo que, na PIOR das hipóteses, você morra dando atenção a alguém e esse alguém nunca tenha lhe enxergado, e chegue mesmo a lhe considerar inconveniente, quando você não estiver mais por perto, vai fazer falta.
Não se está dizendo aqui de babar ovo ou puxar saco. Essas atitudes só pioram a situação porque são interesseiras, artificiais e facilmente percebidas. Fala-se aqui de ATENÇÃO GENUÍNA. E veja que tarefa difícil é esta de dispensar atenção aos outros. Mal se consegue dispender atenção aos filhos (e eis a causa da maioria dos desvios humanos) quem dirá termos todo o trabalho de dar atenção aos outros?
Ninguém disse que era fácil.
Amar é dar atenção
Amar é desejar e querer o bem de outra pessoa, não é? Sim, mas só querer o bem não basta, ficaria fácil demais dizer que se ama desse jeito. Melhor e mais efetivo do que se querer bem, é FAZER BEM para quem se ama. E se faz bem dando atenção a quem amamos, não é? E veja ainda que “dar atenção” não é ficar olhando para alguém ininterruptamente. Amar é uma questão de DOAÇÃO e AÇÃO. Dar atenção – ALÉM DE conferir a ela certa sensação de exclusividade, tirando-nos do foco da relação – é fazer certos agradinhos, dar certos presentinhos, rodeá-la de gentilezas e cuidados, paparicá-la. É deixar a pessoa QUASE mimada. Só não tão mimada a ponto de ela esquecer que deve retribuir a atenção recebida no mesmo nível.
O que se vê por aí
Daí a menina diz que ama fulano e, quando o encontra, passa o tempo todo falando sobre as n trivialidades que fez durante o dia. Nem pra perguntar como foi o dia dele.
E o menino que diz que ama fulana, e vive falando de seus casinhos passados. Além da deselegancia de falar do(a) ex em público, sair por aí revelando hábitos íntimos e expondo o outro revela mau caráter e acaba pegando mal para quem fala. Ninguém gosta de ouvir dos seus casos amorosos passados – respeite a pessoa que está com você AGORA.
E o rapaz que convida a gata pra dar uma volta no shopping/praia/praça e fica olhando para os lados, e o pior, para outras mulheres. Isso quando não a convida para o passeio e no trajeto passa na casa do amigo para que ele vá junto no passeio. Exclusividade tem tudo a ver com romance. Se a grama do vizinho for assim tão mais verde, ao menos saiba disfarçar 🙂
E aquele(a) que separou-se e ficou sabendo que o(a) ex está circulando com seu novo par pelos lugares da cidade que costumavam ir juntos, incluindo a casa dos amigos. Fica sem saber o que é pior: a sensação de abandono ou o ódio 🙂 Casais deveriam respeitar uma espécie de quarentena amorosa quando se separam e um dos dois arranja um novo amor. Manter a discrição até a outra parte se estabelecer em sua nova condição revela uma grandeza de caráter sem igual – e muito rara.
Os outros possuem sentimentos
Amar é levar em consideração a presença do outro diante de nós. É pensar em como nossas atitudes influenciam, bem ou mal, os sentimentos alheios. Rodear o ser amado de atenção é a melhor forma de amar, e é onde vemos que amar é sem dúvida uma questão de doação, não importa a quem. E precisamos ver que doação demais nos esgota, já que todos precisamos de um tempo para nós mesmos. Dosar nossos impulsos, ora ao outro, ora a nós, é uma arte – a arte de viver. Há uma tensão entre ser quem queremos ser, e ser o que os outros esperam, ou seja, a pessoa que não os magoará. É perigoso. Podemos nos aprisionar sob as expectativas alheias. Mas machucar as pessoas pode ser, a partir de certo ponto, inevitável.
Regular a atenção para a pessoa que diz que lhe ama, também funciona. Ela tomará como um desafio conseguir sua atenção. O que é raro nos é caro. Fará de tudo para conseguir este feito, passará até por ridículo – como todos os apaixonados passam – e não se importará, desde que consiga que você lhe conceda alguns minutos por mês de dedicação a ela. Contudo não será um relacionamento harmonioso, será quase uma guerra velada. Aposto mais no inverso, ou seja, na generosa e farta doação de nossa atenção.
Vale lembrar que o exposto acima é um misto de vivências e observações minhas combinadas com alguns pontos encontrados no livro citado e em outras leituras. Quisera eu alcançar a finesse demonstrada nos comportamentos sugeridos por Gloria Kalil. Como sempre, compartilho aqui como forma de eu mesmo lembrar desses pontos e tentar sempre dar um passo a frente na experiência dos nossos relacionamentos amorosos.
Boa sorte a todos nós 😉
Mirelle Alves
05 de agosto de 2011 as 12:14
Sou Professora de Excelência em Atendimento desde março de 2011. Nas minhas aulas se comenta muito sobre relacionamentos de todos os tipos. E este texto de Etiqueta Sentimental vai ajudar e muito com meus alunos, e não só com eles, mas também melhorar um pouco mais minha relação com meu noivo. Desde já, agradeço por este texto. Estas atitudes de colocar um texto legal aqui, que enrriqueçe o nosso dia a dia na internete.