Texto de Luiz Carlos Prates publicado no Diário Catarinense – N° 7949
O Coração e o Dinheiro
[…] Muitos dão de ombros para os livros de auto-ajuda, claro, há formidáveis baboseiras no mercado. Mas há boas obras. Esses livros resultaram de velhas e consagradas verdades da psicologia. E uma dessas verdades diz que o pensamento pode-nos levar a doenças. Ou devolver-nos à saúde. Há quem ache graça, esses são os que não sabem pensar.
Talvez possamos dar-lhes o desconto de que leram pouco e mal. E mais que isso, foram criados entre pessoas de mentes apoucadas. O “cientista” da vida não crê de graça em tudo que vê e ouve mas também nada desmente. Fica observando.
Dia destes, eu lia num jornal de São Paulo de um senhor, 70 e poucos anos, que morreu de susto ao dobrar uma esquina e dar-se de frente com um cão pitbull. Morreu de medo, de emoção. Foi isso. Nenhum médico conseguiu ser tão desavisado que não admitisse o infarto do idoso como resultante do medo elevado ao mais extremo grau.
Quer dizer, se alguém morre de uma forte emoção, pode curar-se com emoções e crenças positivas, é o ajustamento dessa bipolaridade complementar. Vim até aqui para só agora dizer a que venho. A notícia está nos jornais, deste tamanhinho… Diz assim: “Dificuldades financeiras podem afetar a saúde do coração”.
Estudo publicado na revista The Journal of the American Medical Association mostrou que um ano após os pacientes terem sofrido ataques, houve um aumento de 12% nos casos de angina (dor no peito) entre aqueles que tinham problemas monetários. E aí, será que alguém vai dizer que a revista dos médicos americanos é livrinho de auto-ajuda?
Encrencas do cotidiano, de qualquer sorte, levam-nos ao acúmulo de secreções indevidas na corrente sangüínea e estas nos levam aos poucos às moléstias. Muitas vezes fatais. Poucos acreditam nisso, muitos se endividam para ostentar bens frívolos da mundanidade dos inanes, e brigam com a mulher, com os amigos, com a vida, com eles mesmos e morrem sem saber do quê. […]
Para mim é algo óbvio que a causa das doenças das pessoas seja emocional, e comportamental. Se o corpo é inteiramente controlado pela mente e pelo sistema nervoso, então uma desordem na mente ou no sistema nervoso vão consequentemente desordenar o funcionamento corporal.
Mas pouquíssimas pessoas tem essa noção. Nossa medicina é excelente no tratamento dos efeitos, mas não leva a sério a possibilidade – para mim óbvia – de que tais efeitos tenham suas causas no comportamento vicioso e desequilibrado das pessoas. É muito mais fácil e lucrativo receitar um remédio do que investigar qual é a neura que está provocando os males no paciente. Esse paradigma fez com que as pessoas acreditassem em remédios. Tomou uma pílula e tá beleza! Investigar a si mesmo(a) e mudar de vida é muito trabalhoso, quase impossível…
Pois mesmo para quem está ciente de que as causas das doenças estão na mente, fica difícil saber o que fazer. Porque não há um sistema efetivo voltado para este tipo de tratamento. Os estudos sobre o tema ainda são poucos, ou pouco divulgados, e pouco levados a sério ainda pelas instituições competentes, de modo que todo esse cenário só contribui para reforçar minha idéia do imenso atraso que nossa sociedade se encontra nestes segmentos de auto-conhecimento e qualidade íntima de vida.
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