A maioria das mensagens de auto-ajuda atuais enfoca a autoestima do indivíduo. Alegam aqueles lugares-comuns de sempre, como “se você não gostar de você, quem vai gostar?”.

Acho que todos nós sabemos que, é bem verdade, depender dos outros é o fim. Coisa triste que é depender de seja lá quem for, pai, mãe, parceiro, filho, patrão, governo, etc. Porque a dependência inerente a essas relações nos exige paciência e sabemos que paciência é um bem escasso atualmente.

A dependência também é motivo de sofrimento independente da área na qual somos dependentes: um favor, dependência financeira, dependência emocional e até espiritual, pois sabemos que nem sempre Deus está inspirado para nos ouvir, muito menos para nos atender 🙂

Conclusão: Depender dos outros pode ser aceitável, mas não é desejável, e pode ser degradante.

PORÉM

Nenhum de nós, ou poucos de nós, muito poucos, possuem plena auto-suficiência, seja ela financeira ou sentimental. A maioria de nós está , tocando a vida, tentando alguma harmonia com os outros, valorizando cada pouquinho de paz que conseguimos.

Talvez até possamos estar nessa vida com o intuito primário de alcançar a independência total, material e afetiva, sem ver tal independência como a glória do egoísmo, e sim, uma necessária plenitude pessoal, onde na pior das hipóteses, se sofre menos. Pode ser, mas talvez levemos VIDAS até alcançar essa autonomia ideal.

Portanto não podemos, principalmente os terapeutas, tiranizar a dependência emocional e financeira às quais eventualmente estamos  sujeitos durante o trajeto da nossa vida. Para uma maioria é simplesmente impossível se livrar dela.

Pois de modo geral, precisamos dos outros. Precisamos dos parceiros de trabalho para levarmos nossos projetos adiante, e precisamos de nossos parceiros afetivos os quais nos conferem ALGUMA segurança emocional e, para os mais sortudos, ALGUMA autoestima, algum valor, enfim, algum amor.

Ignorar os outros no sentido de aprender a dar ouvidos a nós mesmos pode ser de fato o caminho, o objetivo, a grande meta que precisamos alcançar. Porém não podemos nos pôr pra baixo quando não conseguimos pôr em prática tal empreendimento.

Porque é inegável o prazer que sentimos quando fazemos parte de um time de trabalho vencedor, dentro do qual dependemos sim uns dos outros, em que  porém cada qual sabe e exerce muito bem a própria responsabilidade diante do grupo.

Mais inegável ainda é o imenso prazer que o laço emocional com algumas pessoas nos proporciona, nos pondo pra cima e nos envolvendo numa calorosa autoestima; nos tornando até mais dignos diante dos outros e de nós mesmos.

É errado sentir tais sensações provenientes da presença dos outros em nossa vida?

Tenho entendido ultimamente que não.

Ao contrário, tenho até visto como sorte de quem encontra essas pessoas na vida.

E quem sabe ainda, o grande salto que podemos dar na vida não seja a independência plena e solitária, e sim, o feliz encontro com essas pessoas maravilhosas que nos completam e fazem da nossa vida um caminho agradável de se trilhar.