Solidão

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo… Isto é carência!

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar… Isto é saudade!

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos… Isto é equilíbrio!

Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente… Isto é um princípio da natureza!

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado… Isto é circunstância!

Solidão é muito mais do que isto…

Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.

Poema de Fátima Irene Pinto – Via Obviousmag.org (o site foi encerrado)

Solidão de si

Encontrei o poema acima por acaso, pois a solidão não é exatamente um problema meu no momento 🙂

E deste último texto citado também me chamou atenção a seguinte frase:

Solidão nada mais é que sentir falta de mim mesmo. Camila Oliveira

Não sou expert no assunto, mas, concordando com a Camila, acredito que o princípio fundamental da solidão é mesmo um vazio de si mesmo, que tendemos enganosamente a atribuir ao vazio provocado pela ausência de alguém.

Sentir solidão não é estar só, é estar vazio. Sêneca

A solidão é um mal particular. É seu. Não tem nada a ver com ter alguém ou não ao lado.

Normalmente ela consiste numa angústia. Uma angústia que surge de se querer fazer algo, ou de se querer SER algo, e não se conseguir, por medo, vergonha, desmotivação etc. Luiz Gasparetto sempre afirma que a angústia ocorre quando ignoramos e podamos a nossa alma. E a alma, no ponto de vista dele, é aquela essência em nós que nos gera a vontade de fazer as coisas.

Do quê você tem vontade e não faz?

Por mais clichê que seja, sabemos que a verdadeira e profunda felicidade não vem do TER coisas, e sim do SER o que se quer ser. A não ser quando esse TER é  consequência de SER alguém minimamente importante, através da superação de desafios e do empreendimento de projetos que nos convençam da nossa competência pessoal para a vida. Ser feliz é estar pleno de si mesmo.

E alcançamos essa plenitude através da nossa expressão. E então pergunto:

Como você tem expressado seu SER para o mundo?

Veja bem, não importa o tipo de expressão. Ela pode ser verbal, física, artística, comercial, afetiva, culinária, musical, etc, etc, etc. O importante é você se doar e se integrar ao mundo de alguma forma construtiva e que lhe renda um mínimo de reconhecimento pelo que é. Quando essa expressão pessoal é negada por algum motivo, surge essa angústia, esse vazio, essa desconexão com as pessoas, com a vida e com o mundo.

Particularmente, acredito que todo problema de solidão é um problema de auto-expressão, e não de companhias. Quando conseguimos nos comunicar PLENAMENTE com o mundo, a consequência é a obtenção justa do reconhecimento e do prestígio sincero alheio através de companhias que se identifiquem integralmente com você e o que você é.

Equívocos

Os solitários podem acabar se relacionando com péssimos pares, e mesmo com amigos destrutivos, como consequência da ânsia de não ficar sozinho (se você não está numa boa vibração, dificilmente vai atrair coisa boa). Pois há um equívoco generalizado na noção das pessoas sobre a solidão. Aliás, os equívocos são muitos. A pessoa solitária é vista com certo tom de piedade e desajuste, ou ao menos ELA se vê assim, quando os outros na verdade não estão nem aí. Afinal, sabemos que o povo tá mais preocupado com o próprio umbigo do que com qualquer outra coisa.

A solidão pode ser muito ruim sim, caso não promova um crescimento pessoal necessário e se perpetue como condição do indivíduo. Pois ela também pode se revelar uma chance extraordinária para o auto-conhecimento e para a descoberta em si de aspectos valiosos normalmente despercebidos devido ao excesso de atenção que direcionamos para fora, e para os outros. Olhar para si pode ser desagradável, principalmente quando esse ato não é realizado com frequência. E quanto mais se evita, pior se torna a situação.

“Antes só que mal acompanhado” não é um ditado popular à toa. Pois “diga-me com quem andas, e te direi quem és”. Sim, péssimas companhias só atrapalham nossa vida. Arthur Schopenhauer reconhecia a dignidade da solidão ao concluir que “a solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais”. As maiores obras do gênio humano não foram realizadas em equipe. Uma vez sozinhos conseguiremos cavar em nós mesmos tesouros que normalmente não enxergaríamos em meio ao burburinho das conversas que ocorrem onde há muita gente. Gente demais em volta dispersa nossa atenção e assim tendemos a produzir pouco ou nada de bom.

A sugestão ficaria primeiramente em um reequilíbrio pessoal. Melhore sua autoestima e sua postura diante das pessoas e da vida. E então sim vai conseguir atrair alguém de mais valor, que se compatibilize com seu novo estado espiritual.

Equilíbrio

Finalizo apontando mais uma vez o equilíbrio como solução para os problemas pessoais. No caso da solidão, nem companhia demais, nem de menos. Um pouco de solidão, concentração e meditação ajuda MUITO a entrarmos nos eixos novamente, principalmente após momentos de muito trabalho e correria.

Fica também a sugestão de se aceitar o que nos é oferecido pela vida, entendendo, como comentado acima, que assim como a boa companhia, o momento de solidão também pode ser muito útil e construtivo. Se você vive um momento em que está desfrutando de boas e frequentes companhias, ÓTIMO, aproveite cada momento intensamente. Se por outro lado, está vivendo um momento de certo isolamento, ÓTIMO também, aproveite para perscrutar a si mesmo e descobrir tesouros que tenho certeza que estão aí.