Desde há muito tempo, venho acompanhando alguns autores que defendem relacionamentos abertos. Relacionamentos cujo fundamento é o desapego. Aqueles onde se é plenamente livre, e portanto, a única obrigação é também libertar.
Tudo muito lindo e muito bonito esse desprendimento todo.
Mas não é para mim.
Relacionamentos livres e abertos são para poucos. Para gente que já domou o próprio ego e superou a necessidade psicológica de engrandecimento, de exclusividade e da segurança emocional que a atenção de alguém que consideramos especial proporciona. Manter relacionamentos livres significa aniquilar sua insegurança, assumir riscos e mergulhar e se deixar levar pela correnteza da vida.
Os relacionamentos convencionais, esses que praticamente todos nós mantemos, têm algo que os relacionamentos livres não têm: o compromisso de exclusividade. É como se, naquela correnteza da vida, com medo do desconhecido, procurássemos nos agarrar aos galhos firmes na beira do rio.
Quando esse compromisso é abalado, quando os galhos onde estávamos agarrados balança ou se solta da margem, surge o que conhecemos por ciúme.
Quem sente ciúme, o faz porque não se garante. Tem medo, ou de ficar sozinho, ou de não encontrar novamente outra pessoa que o faça se sentir amado como o parceiro atual o faz. O que, convenhamos, é bastante provável, já que é bem difícil encontrar nesse mundo cheio de gente alguém cuja presença consiga de fato nos completar e levar a uma inacreditável felicidade.
Quem defende relacionamentos livres tem o ciúme como uma baixeza moral. Mas não acho que seja tanto. Penso o ciúme como algo… normal.
Há várias formas de se demonstrar carinho e apreço. O ciúme é uma delas, e creio que em alguns relacionamentos, é a única.
A pessoa alvo do ciúme quase sempre gosta de ser alvo do sentimento de posse alheia. Porque sente esse apreço vindo de quem o ama e muitas vezes não demonstra.
A autoestima geral das pessoas é tão baixa, e a carência de atenção é tanta, que elas chegam a se sentir bem quando sabem que alguém sente ciúme delas. É como se pensassem:
Pelo menos para ALGUÉM, nesse mundo indiferente e cheio de gente, também sou alguém, e não só mais um na multidão.
Era pra ser triste, mas para muitos, é tudo que têm.
Bianca Leilane
06 de março de 2013 as 22:33
Bom, acredito que o ciúme faça mesmo parte dos relacionamentos, e são até necessários.
Sentir ciúmes de quem se ama não é mera insegurança ou medo (embora em alguns casos seja….rs), é cuidado…é olhar com outros olhos o que é seu e perceber que precisa cuidar para que continue sendo seu….
O que não falta são pessoas que gostam de pegar o que não lhes pertence…..rs
Um abraço!
Ronaud Pereira
06 de março de 2013 as 23:35
É, a grama do vizinho, sempre mais verdinha, é tentadora!
Eu sempre questionei essa coisa de alguém ser “nosso”, pois sempre me pareceu mais razoável que “ninguém seja dono de ninguém”. Mas alguns episódios da vida acabam dando a impressão que isso é bem real, contrariando toda essa razoabilidade do desapego.
Sei lá, quem poderá dizer? 😉
Bianca Leilane
07 de março de 2013 as 22:11
“Ninguém é de ninguém”….muito pelo contrário, nos apegamos as coisas e as pessoas, e certo ou errado, queremos exclusividade….rs….
E cá entre nós, a exclusividade é algo fantástico, não acha?
beijos!
Ronaud Pereira
08 de março de 2013 as 0:40
De fato, a exclusividade é fantástica por si, porque eleva o valor de quem a detem às alturas, e estou percebendo como ela é um tema que daria o que falar, porque se fundamenta em nosso lado mais humano: o de desejar algo que os outros não têm, e igualmente, desejar que os outros NÃO TENHAM algo que só nós temos o.O
Egoísmo pouco é bobagem 😉
Markynhus Lima
16 de abril de 2013 as 11:06
Parabéns Ronaud Pereira!!!!!
concordo plenamente com a sua linha de pensamentos…
Bom Dia….
Ronaud Pereira
16 de abril de 2013 as 11:59
Legal Markynhus! Seja sempre bem-vindo!!!
Andréa Magalhães
10 de maio de 2013 as 20:09
Caro Ronaud, você toca aqui num ponto muito delicado das relações amorosas o qual estamos habituados a encarar como “normal” mas que na verdade se pensarmos com mais vagar veremos que não o é, no caso, o ciúme pode ser até “comum” mas isto faz uma enorme diferença. Analisado por parte de quem o sente como por parte daquele que é seu objeto o ciúme é de toda forma um sentimento ruim, dolorido e destruidor. Em outras palavras creio que em nenhuma hipótese o ciúme deveria ser visto como um sentimento saudável, seja para o ego das partes envolvidas seja para a estabilidade ou sustentabilidade de relação em si. Admiti-lo como uma demonstração de carinho e afeto ou, pior, como alicerce de auto-estima de quem quer que seja é negar-se a percorrer o longo, árduo mas necessário caminho que nos distancia entre vidas governadas por instintos primitivos e aquelas ditadas pela nossa sábia razão. O ciúme, enfim, ao meu ver, nada mais é do que a demonstração pontual da insegurança e da baixa estima de quem o sente como de quem é o seu objeto e o aprecia, ambos se abstendo de refletir e melhor compreender a sua origem, o processo no qual ele está inserido bem como, e principalmente, de tomar as posturas e atitudes coerentes com o real bem estar de cada um assim como da própria relação. Numa época em que as discussões sobre o “poliamor” estão obtendo cada dia mais espaço visto que experimentado mas descaradamente negado por inúmeros de nós, permitir que o ciúme continue permeando impunemente nossas relações me parece sobretudo mais uma porta trancada no caminho do conhecimento das nossas mais profundas e verdadeiras emoções. Um abraço!
Ronaud Pereira
10 de maio de 2013 as 22:21
Olá Andréa! Obrigado por seu comentário 😉
Eu a compreendo perfeitamente, entretanto, prefiro ver o ciúme de modo mais leve. O que eu quis dizer é que em boa parte dos relacionamentos, o ciúme constitui, no fim, das únicas demonstrações de apreço e afeto e que, sendo a única, é melhor do que nenhuma.
Em se tratando de sentimentos, não existe preto no branco, e sim, gradações de cinza. Portanto, vejo que também em relação ao ciúme, há graduações e, sob este sentido, acredito que a maioria das manifestações de ciúme são leves, normais, aceitáveis, porém, é claro, nunca saudáveis. Acredito que “ruim, dolorido e destruidor” é aquele ciúme extremo, possessivo e doentio.
Saudável mesmo é capacidade de libertar a tudo e a todos. O que é raríssimo. A maioria de nós é insegura mesmo, tem baixa estima, sofre e mantém relacionamentos instintivos. É a realidade que se tem e com a qual se lida. Até acredito que, IDEALMENTE, governar-se e governar um relacionamento pautado pela razão é o destino evolutivo de todos, mas a REALIDADE é que poucos atingiram esse estado de evolução.
E é esta a minha mensagem: Enquanto estamos no meio do caminho evolutivo, não podemos ficar nos culpando por sentirmos ciúme. Ele faz parte da nossa natureza é é instrumento para evoluirmos, através de sua gradual superação, mas não para nos culparmos.
Forte abraço!
🙂
NEL
21 de abril de 2018 as 23:19
Ciumes e possessividade sao caracteristicas egoistas e principalmente mas!
Tudo pra mim,ela e so minha,a mim que ela pertence!
Pense numa pessoa com todo amor,carinho,cuidados e apego em um passaro PRESO
em uma gaiola! Se coloque no lugar daquele passaro e veja o mundo ao teu
redor e voce preso ou presa sem se quer saber o que e uma liberdade.
Alem do mais preso pela pessoa que diz te amar e dar o mundo pra voce!
Amor é liberdade!
Rosemille Alencar
16 de janeiro de 2020 as 22:33
Show texto e show os comentários que foram super sadios e construtivos … Amei .Ronaud seu ponto de vista sempre me edifica .