De 28 de janeiro de 2001.

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Porque tens o beijo mais indeciso?
Olhando a distância questionador
Nada vejo além de rosas e lírios
Empolgando ao insustentável amor…

Por que não sei quem és?
Por que vens em doces faces?
E seu sorriso que as brisas se assemelha?
E seu olhar vítreo, sem saber o que deseja?

Por que se pudesse te matava?
E quando vem a chance só te amo??
Seus cabelos de anjo, me inebriando…
Levam-me as nuvens com brancas asas…

Tão bela que poderias mais ser…
Por que me lembro tanto de ti?
Por que gosto tanto de você?
E por que insisto tanto em te dizer?

E por que você é assim?
A magia numa gota de vinho…
Dos séculos e séculos que nos amamos…
Aos cantos das catedrais em seus olhos…

Por que pareço um camponês medieval?
Idolatrando a intocável princesa?
Sendo divina só deuses a amarão…
E eu sem n’alma divina beleza?

Por que és o mais suave dos líricos?
E tens o mais extasiante dos suspiros?
Por que mereces os poemas mais divinos?
Que aos tempos atravessam comigo?

Mas por que me és flor e espinho?
Pois que me delicias e me machucas…
Queria que me fosses só jardim…
E a vida o frescor do fim das chuvas…

***

Por que vem a cerração mais fria,
cerrar meus olhos que querem amar?
Já estou em solitárias vias,
E ainda me fogem chances de te chamar…

Por que tanto amas a liberdade?
Por que não te arrependes?
Se és os ares da verdade; então…
Por que és meus reflexos aos deuses?

Por que vens mostrar-me a vida?
E me ofendes com suas conquistas?
O troféu, o pedestal não é teu lugar?
Então sou vulgar? Meus olhos só querem te julgar?

Por que tem que ser assim?
Por que tem que ser você?
E se a dor sobrar em mim,
por que eu tenho que não te ter?

Por que no mais só terei a te ver?
Ah, se por mais vezes te tocasse inteira…
Te beijasse adorando uma deusa grega…
Até a mística púrpura de sua alma rever!

Amar-te-ia a beira de águas e cascatas…
E seria em seu caminho um arco-íris,
a vida e as cores da mais bela ágata,
Para cobrir-te toda da beleza das flores…
Enfim…
Oh paixão de amor, quem és?
As dúvidas continuam, feito o gosto das uvas…
Venha o outono, venha a champagne,
ou as folhas secas cobrindo as ruas…”

Por que preferes outros recantos?
Águas são as mesmas; Ou são as floreiras…
Aqui silenciou-se; aqueles doces cânticos…
Então tento compreender as estrelas…

Dizem que preferes as estrelas da flecha,
pois que às do veneno, foste só uma primavera…

/ Ronaud Pereira /

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