Os assuntos do amor dão o que falar.
Dão tanto o que falar, que fala-se de amor desde tempos imemoriais e ainda não compreendemos esse sentimento.
Isso acontece porque o amor não existe efetivamente.
O amor não existe.
Só o que existe são carências afetivas/sexuais, dependências materiais e interesses egocêntricos de validação.
Por isso tanta frustração e desilusão.
“O preço do amor é outro” porque quase sempre paga-se muito por algo que não existe.
O amor é onda do mar que vem e vai.
O amor é a paixão que vem, acontece, faz tanto bem, e depois de algum tempo, desaparece.
Assim como a névoa da manhã se desfaz com os primeiros raios de sol da manhã, o amor é uma névoa sentimental que se desfaz com os primeiros raios da realidade.
Nossa dificuldade com o amor vem do fato de que não aceitamos que algo que faça tão bem não seja eterno.
Vinícius, aquele que tão bem soube manejar a língua portuguesa para falar de amor, disse:
“Que seja eterno enquanto dure”
Amor Fraterno
Evidentemente, o amor fraterno que ocorre entre amigos, irmãos e familiares existe. Mas é um amor muito menos engajado. O amor fraterno é aquele que fica feliz se a pessoa está perto, mas também entende serenamente se ela precisa estar longe; quer o bem da pessoa como um desejo genuíno que parte de dentro do ser humano minimamente empático; se eu quero estar bem, quero também que todos os meus semelhantes e próximos fiquem bem.
Amor Romântico
Já o amor romântico e apaixonado ao qual me refiro no início deste texto, sobrevive sobre o terreno movediço da idealização, inconstante, insegura, sonhadora.
A criança quer muito os brinquedos que não tem, e assim que os ganha, logo perde o interesse e passa a querer outro brinquedo. Assim é o adulto quando ama alguém que usualmente está distante, quer muito, sonha com ele, se sente realizado nas pitadas de presença que as dificuldades geográficas do cotidiano permitem.
Até que se casam, para dentro de poucos meses tudo virar rotina. Os beijos apaixonados e demorados se tornam escassos. O peso das responsabilidades da formação do patrimônio vão minando as intimidades do matrimônio. O amor romântico se metamorfoseia no amor fraterno… se tanto, porque em muitos casos, se transforma na mais inacreditável indiferença.
Alguns pensadores afirmam que a paixão é uma doença psíquica. Não sei se é, mas se for, tenho certeza que o casamento, na forma da convivência doméstica diária, é o melhor remédio para esta doença. As ilusões vão se desvanecendo e dando lugar para a realidade como ela definitivamente é: simples, entediante e sem graça; e a vida se mostra em sua verdadeira natureza: uma sequência de problemas a serem resolvidos; e os relacionamentos permanecendo não por causa de um amor sublimado pelas divindades venusianas, e sim por causa das nossas inseguranças emocionais, carências afetivas, dependências materiais e necessidades de validação social.
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