Ao responder um comentário de uma leitora neste texto, me ocorreu que o amor tem um quê misterioso que prende nossa atenção. É verdade. Um sentimento assim tão misterioso, nos faz querer entendê-lo para podermos lidar com ele sem sofrer tanto.
O amor romântico, ou paixão, poderia talvez ser representado com certa precisão pela metáfora da gangorra. Um lado representa o ter, o outro, o querer. Quando um lado da gangorra está alto, por exemplo, o ter, o outro lado estará baixo, ou seja, o querer. De forma que quando não temos quem amamos (lado ter da gangorra baixo), o desejamos ardentemente (lado querer da gangorra alto), ao passo em que quando temos tal pessoa ao lado (lado ter da gangorra alto), a desejaremos menos (lado querer da gangorra baixo).
Esta metáfora se aplica a outros objetos de desejo que não o amor, ou a uma pessoa amada. Por exemplo, as crianças. Quando veem certo brinquedo, o desejam firmemente por semanas ou meses até que numa dessas datas especiais – aniversário, dia das crianças, natal – finalmente ganham o tal brinquedo, para já na semana seguinte perderem o interesse pelo mesmo.
Há ainda aquele conhecido ditado popular que confirma bem essa qualidade oscilante do sentimento amoroso:
Casamento, quem tá fora quer entrar, quem tá dentro quer sair.
Tanto para o amor como para os brinquedos infantis, há exceções. Mas aí o que pode estar em jogo já não é o desejo puro e simples por um objeto de desejo, seja o afeto de alguém ou o sonho lúdico e sim, sentimentos baseados em valores mais profundos, como a companhia valorosa de um ser que se mostrou especial ou ainda, no caso da criança, o objeto lúdico que representará seus sonhos encantados por anos e anos ainda.
lourdes moran
11 de outubro de 2010 as 12:49
é verdade!talvez porque criamos expectativas demais…deveríamos ser mais leves…não?
Rosémille Alencar
12 de outubro de 2010 as 12:41
É aquela coisa antes de Ter: “Somos o que há de melhor” e quando se tem “Se eu tivesse a força que você pensa que tenho”. (Engenheiros do hawaii)
Eu Rosémille acredito que amar é: Querer que a outra pessoa seja feliz independente de estar ou não comigo. Ronaud, Belíssimo Texto, me levou até a pensar como deve ser a vida das pessoas que se diz ter tudo.
socorro marinho
12 de outubro de 2011 as 15:59
Amei! aliás tenho gostado de tudo que tenho visto e lido.
ronaud
15 de outubro de 2011 as 1:06
Que bom que gostou, Socorro! Obrigado!!!