Vem me viver, logo
porque cansa não poder
Me dê uma surra de vida
Pra eu saltitar, de felicidade
com a criança que sou
no teu sorriso, gargalhar
Me balançar pendurado
nas tranças, dos seus cabelos
dos seus sonhos, vem dançar
Desenho teu vestido, com um olhar
Desenha teu futuro, no meu andar
Que tal, um café? Um papo-reto
Um gracejo sério, só pra te ver
se defender, se engrandecer
Vem me beijar, logo
Quero doçura, te saborear
Com loucura, rebolar e fazer arte
e pintar as paredes,
com qualquer cor do amor
Quero me sujar no teu gozo
feito a criança na lama
que brinca, e ri, da satisfação
do teu suspiro de mulher amada
no teu alívio por ser encontrada
me dizes palavras cor-de-rosa
dizeres de todos os amantes
de qualquer carta, das tantas
pelas quais te amei
Vem pra cá, vem!
Eu peço uma cerveja, e tudo bem
E uma porção de paixão
Ou se você preferir vinho
Eu juro, fico bem quietinho,
só pra te ouvir, pra viajar
contigo, até o quintal
senta no balanço, eu te empurro
depois atiro pedras no lago
enquanto o vento remexe
as folhas na relva, e teus cabelos,
e teus pensamentos, e também
meus devaneios, porque cansei
porque cansa, não poder
/ Ronaud Pereira /
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