Trecho do livro A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, em que Marie-Claude insiste para que o marido saia de casa, após este ter sido abandonado pela amante e estar tentando voltar para casa:
Embora tal atitude lhe facilitasse as coisas, estava decepcionado. A vida toda, tivera medo de magoá-la e unicamente por isso impusera a si mesmo a disciplina voluntária de uma monogamia embrutecedora. Eis que constatava, depois de vinte anos, que seus cuidados haviam sido de todo inúteis e que tinha se privado de mulheres por causa de um mal-entendido.
Esse fato de você direcionar toda a sua vida de acordo com o que “você entende” das coisas e depois de um tempo perceber que tudo fora um mal-entendido, já aconteceu comigo, não, é claro, sobre casamento, mas sobre o modo como as pessoas pensam e reagem. Tendemos naturalmente a julgar que os outros pensam e reagem de acordo com o que pensamos e como reagimos diante dos fatos. Isso quase sempre não é verdade.
Mas não me apareceu ninguém pra me alertar sobre isso quando eu precisava; para dizer que não devia preocupar tanto com as coisas, pessoas e com o futuro. Precisamos cuidar não só com nossas decisões e escolhas, mas também com as informações de que dispomos, muitas vezes desviadas da realidade.
Não é o que você olha para – o que importa – é o que você vê.
Henry David Thoreau
Mais do que pensar positivo, é preciso reagir positivamente aos fatos, e antes disso ainda, conhecê-los bem, para não nos iludirmos com situações que não existem, só porque em algum momento de forte emoção, interpretamos os fatos de uma forma distorcida da realidade.
Principalmente em conflitos, ter a humildade de chegar à pessoa e buscar o esclarecimento pode nos poupar de muito, muito incômodo.
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