Bons costumes
Sempre que ouço o termo “bons costumes”, sinto uma aflição.
Porque quem cita os bons costumes, tem também sua lista de maus costumes.
Claro que existem aqueles atos cuja avaliação como um mau costume é unanime. Roubar ou Matar, por exemplo. Só o doente social acha normal roubar, ou natural, matar. Talvez até seja, mas como, particularmente, não espero ser morto na esquina, continuo acreditando que matar não é natural, não é legal, enfim, me parece um mau costume.
Porém, a maioria do que se tem como maus costumes, está num meio termo entre a rejeição unânime e a aceitação e adoção segmentada por alguns grupos.
Ora, o que para um é um mau costume, para outro pode ser um costume tão digno quanto qualquer outro, porém apenas… diferente.
Entra nessa lista os seguintes costumes:
- religiões minoritárias (toda e qualquer religião que cristãos possam dizer que é coisa do demônio);
- uso de substâncias químicas, lícitas (bebidas alcoólicas, cigarros) ou ilícitas;
- orientações sexuais não convencionais (homossexualidade, bissexualidade);
- relacionamentos não convencionais (casamentos abertos, poligamia);
- profissões não convencionais (prostituição);
- qualquer outra coisa, pessoa ou hábito no qual você tocaria fogo, se pudesse 😉
Sendo assim, da próxima vez que utilizar o termo bons costumes, tenha, no mínimo, a ciência de que é um termo BASTANTE relativo, em relação ao grupo que pertencemos, ao espaço em que convivemos e ao tempo em que estamos vivendo.
Moral
O termo moral também me causa receio.
Moral é uma coisa boa?
Acho que é. Talvez mais necessária, do que boa.
Todos os lugares e tempos tiveram sua moral e aquilo que se tem como bons costumes.
São necessários porque servem de parâmetro aos desavisados.
Na dúvida, que se siga as regras da moral. Assim não se corre o risco de fazer algo reprovável.
Mas penso que a moral tem que ser uma moral inteligente, nobre, aberta, capaz de se auto-questionar e de se renovar.
A moral fechada e endurecida é solo fértil para o preconceito, aquele que aponta o dedo, julga, segrega e exclui.
Essa parte ruim da moral se chama MORALISMO.
E o moralismo é a raiz de todo julgamento injusto.
Particularmente, EU ABOMINO qualquer moralismo.
Moralismo
Moralismo, uma invenção humana, local e temporal. As regras morais de hoje não são as mesmas de ontem, nem as mesmas de amanhã. O moralismo daqui também não é o mesmo de lá. Sendo assim, nenhum moralismo pode estar plenamente CERTO.
Portanto, cuidar da própria vida continua sendo a melhor sugestão, de todos os tempos, e de todos os lugares.
Penso que negros, homossexuais, bissexuais, drogados, prostitutas e mesmo pessoas comuns mereçam mais respeito e principalmente compaixão, afinal, são seres humanos tão inseguros quanto eu ou você.
E há uma probabilidade GRANDE de que alguns deles estejam vivendo uma vida mais interessante do que a nossa.
E é aí que os moralistas se equivocam. Pensam que defender essas minorias significa que suas práticas devam ser incentivadas e adotadas por toda a sociedade.
Não!!!
Tudo que elas querem é PAZ, respeito e alguns direitos básicos.
A verdade é que não precisam ter qualquer ligação com essas minorias para deixá-las viver.
Muito pelo contrário, basta que cuidemos mais das nossas vidas, e menos da vida delas.
Quanto mais cuidarmos da nossa vida, melhor para elas.
Melva Emerson
20 de maio de 2013 as 13:09
Toner – Por ética eu quero entender apenas a habilidade de distinguir entre o que é honroso e o que é vergonhoso, no sentido do “dever, honra, pátria”. Por crise, quero significar um tempo ou uma situação de grande perturbação ou perigo. Sendo mais específico, a palavra moral se referiria aos costumes, e, num sentido mais prático, a palavra ética se referiria a um código que transcende a conveniência social.