Trecho do livro O Fator Sorte, de Max Gunther, mesmo autor de Os Axiomas de Zurique:
[…] Uma dessas pessoas é o Major A. Riddle, presidente do Dunes Club de Las Vegas. Alguns anos atrás, ele escreveu um texto fascinante, intitulado The Weekend Gamblers Handbook, um guia para jogadores de fim de semana, e fez a seguinte reclamação: “A sorte […] é o único elemento que raramente é incorporado à teoria das apostas. Compreender os meandros da sorte é uma parte tão importante do jogo quanto saber avaliar as suas chances de vitória.”
Sua visão da sorte é claramente diferente daquela proposta pelos adeptos da teoria da
aleatoriedade. Ele estudou essa teoria com atenção, e no seu texto propõe vários cálculos de probabilidade tão sofisticados que não seriam criticados pelo pessoal que defende essa teoria.Mas ele vai além e fala da sorte como uma entidade separada. Afirma que a sorte é um elemento que pode oferecer ajuda adicional (ou problemas adicionais) além das chances estatísticas.
Por exemplo, aconselha as pessoas a “testar” a sorte antes de embarcar em qualquer aventura, seja um jogo de apostas, seja algo de maior significado pessoal. Se você entrar em um cassino, afirma Riddle, deve fazer algumas pequenas apostas “para ver como está sua sorte naquele dia”.
Se estiver indo bem, vale a pena partir para apostas mais altas.
Para um proponente da aleatoriedade, isso não faz o menor sentido. O fato de ter tido uma maré de sorte, afirma a teoria da aleatoriedade, não é indicação alguma de que ela continuará. Quando você fizer sua próxima aposta, as chances a favor e contra são as mesmas, quer a aposta tenha sido precedida ou não por uma maré de sorte em apostas anteriores. Assim, qualquer conversa no sentido de “testar” a sorte é vã.
Não para o Major Riddle, no entanto, nem para muitos outros apostadores, especuladores de investimentos e pessoas que gostam de correr riscos em geral. Riddle insiste que a sorte é uma força misteriosa que de alguma forma (ele não sabe como) aumenta ou diminui as chances a favor de determinada pessoa em determinado período de tempo. Existem pessoas que acham que sabem, mas Riddle, modestamente, não apresenta teoria alguma sobre o tema. Afirma apenas que as marés de sorte, quando chegam, podem ser previstas com antecedência e, dentro de certos limites, podem ser gerenciadas.
Ele conta a história de um jornaleiro que numa noite resolveu tentar a sorte no cassino de Dunes com US$ 20 no bolso. Ele fez algumas pequenas apostas em uma mesa de craps, um jogo de dados, ele ganhou as apostas. Para Riddle, que estava bem ao seu lado, esse era um sinal de que a sorte do jornaleiro estava boa naquela noite. No jargão dos apostadores, o sujeito estava “quente”. Assim, Riddle aconselhou-o a fazer apostas cada vez mais altas. O jornaleiro continuou com sorte e ganhou várias vezes. A maré de sorte foi bem-aproveitada. Mas agora temos uma nova pergunta para responder: quando ela pararia? Será que o jornaleiro deveria continuar apostando valores cada vez mais altos e arriscar perder tudo caso a maré acabasse de uma hora para outra? Riddle sentiu que a maré estava baixando e insistiu com o jornaleiro para que ele parasse de apostar. O homem não queria, mas sua sorte estava tão boa naquela noite, segundo Riddle, que ela mesma se encarregou de resolver o problema.
Ele estava bebendo há horas e acabou desmaiando.
A sorte, quando vem, é imbatível, e faz o serviço completo.
Outra passagem, mais recente:
“Dinheiro chama dinheiro já dizia meu avô. Empresário gaúcho Pedro Grandene, um dos homens mais ricos do mundo, e que divide seu verão entre Jurerê Internacional e Punta del Leste, apostou no Konrad, cassino do balneário uruguaio essa semana US$ 100 mil e faturou, numa só tacada, US$ 3,5 milhões.”
Cacau Menezes, colunista catarinense.
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