Retorno ao Retrô

Coca-cola – 5 inacreditáveis centavos

Venho notando um surgimento gradual de certo gosto geral por estilos retrô: Objetos e motivos que resgatam a cultura pop de lá dos anos 20 e 40, passando pelos anos 50, e terminando ali pelos anos 60 e 70, às vezes dando aquela esticadinha até os 80.

Aqui e ali vejo ambientes como lojas, barbearias, oficinas e outros, decorados com peças antigas, itens vintage, rádios, toca-discos, posteres retrô… Vejo bicicletas estilosas, estilos neo-clássicos em construções recentes…

Até mesmo grupos como o Post-Modern Jukebox e uma de suas vocalistas, interpretando músicas atuais, sob estilos antigos, alcançando um inimaginável sucesso…

Por que será que acontece isso?

Acredito, de modo meramente especulativo, que o século passado, o incrível século XX, reuniu em si um misto de tecnologia e arte, numa medida bem dosada, e autêntica, que nenhum outro século a partir de agora conseguirá reunir.

Apesar de vivermos dias extremamente tecnológicos, hoje está tudo muito simples, objetivo e sem vida. Quando os clientes aprenderam a usar a palavra clean, foi o fim. E hoje vemos que aquela estética clean e minimalista dos anos 90 e 2000 não passaram de mais uma fase.

Bem sem graça, por sinal.

Ainda nos anos 80… como filho desses anos, lembro que ainda se escrevia cartas, a máquina de escrever era um objeto meio mágico, a MTV detinha o monopólio sobre os vídeo-clips. Havia o vídeo-cassete, essa mistura perfeita de tecnologia e arte; Havia o hábito de esperar sua música favorita tocar no rádio para gravar na fita-cassete… tudo ainda era um tanto artesanal.

O problema é a rebimboca da parafuseta, senhor!

E acho que “artesanal” é a palavra-chave para esse saudosismo.

Ora, somos seres tridimensionais que vivem num mundo tridimensional. Mas esta tecnologia recente reduziu tudo a telinhas bidimensionais de Smartfones, onde tudo acontece de modo virtual.

Lembro que esta sempre foi uma certa frustração para mim, ao trabalhar com web-design. Sites são artefatos digitais, restritos a uma tela, você não pode pegar, nem manusear; além de efêmeros; logo são atualizados e toda aquele esforço para fazer algo bonito e funcional se esvai pelos ralos do esquecimento.

Tudo nestes dias está muito digital. Vivemos no Facebook, Twitter, Instagram e WhatsApp uma realidade paralela, virtual, que nos consome a atenção. Atenção que poderia estar sendo dirigida para uma vida diferente, mais real, mais palpável.

E acredito que esta tendência vintage e retrô que vem surgindo de poucos anos pra cá seja justamente uma tentativa de resgate de uma vida que era vivida em 3D, vida real, experimental, muito mais rica e significativa.