Iniciei esta semana a leitura do livro O Poder do Agora. Estou absolutamente surpreso com a profundidade do conhecimento a respeito da mente humana que tenho adquirido com esta leitura.

Já li muito sobre autoestima, espiritualidade etc, no início por necessidade, depois por gosto. Mas fazia tempo que eu não me surpreendia com algo tão novo, que há tanto tempo sentia falta. Estou como uma criança que descobre um lugar novo e fantástico.

Como eu comentei em minha opinião sobre o livro A Cabana, alguns livros simplesmente não foram escritos para nós, mas o foram certamente a outra gente, que será beneficiada com aquele conhecimento. Neste caso, este livro veio em boa hora e parece ter sido escrito especialmente para mim. No último ano iniciei ou assumi vários projetos, e tenho vivido mais em minha mente louca e complicada, bem como no futuro criado por ela, do que na realidade do dia a dia. E o resultado é conhecido, ansiedade e sensação de impotência diante do que parece um trabalho sem fim.

No livro, o autor surpreende com uma descrição detalhada e prática de todos os aspectos que estão envolvidos em nosso comportamento psicológico. Resumindo, ele coloca a mente como uma ferramenta, que nos serve para vivenciar o dia a dia e sob, ou sobre a mente, está aquele ponto que constitui o nosso “Ser”. Ou seja, não somos nossa mente. O que se diz aqui como nosso “Ser”, pode ser percebido por nossa ATENÇÃO. Acredito que a parte mais espiritual em nós, se é que se pode dizer assim, é a nossa atenção. Em um dicionário escolar da Língua Portuguesa que tenho comigo, o qual veio parar em minhas mãos há anos, meio por acaso, há uma descrição perfeita para esta palavra:

ATENÇÃO, s.f. Aplicação cuidadosa do espírito a; …

Voltando à mente, esta funciona sob a idéia linear do tempo – passado, presente e futuro. E toda ordem de problemas surgem quando, por algum desequilíbrio, ela, a mente, opta por viver mais no passado, gerando angústia, ou opta por viver mais no futuro, gerando ansiedade. Neste último caso ainda, o presente nada mais é do que um degrau para algo que só existirá no futuro. A propósito, é bem assim que tenho vivido.

Pois bem, no fundo sabemos que o passado não existe mais, passou, ficaram somente as lembranças para nortearem nossas ações daqui pra frente. Da mesma forma, o futuro não existe ainda, mas nem nunca existirá. O futuro é futuro, e como o passado, só existe em nossa mente.

Nossa ansiedade não esvazia o sofrimento do amanhã, apenas esvazia a força do hoje. (autor desconhecido)

O que existe de fato é apenas e tão somente o AGORA, ou PRESENTE. E quando, com algum esforço, nos desprendemos da mente com suas “neuras”, acabamos parando naquela circunstância eterna, a única que exite de fato, no AGORA. O principal ponto a ser observado é essa dualidade que existe em nós. Qualquer um que pratique a meditação sabe disso. Qualquer um pode, com um mínimo de concentração, observar sua mente tagarelando pensamentos. Não pratico meditação mas sempre percebi isso em mim. Essa dualidade mais facilmente perceptível quando dizemos coisas semelhantes a: “Eu preciso me controlar”. É como se uma primeira instância de nós (Eu preciso) se relacionasse com outra (me controlar).

Uma sugestão interessante do autor é fazermos atividades cotidianas com total atenção ao momento. Como por exemplo, subir uma escada, lentamente, degrau por degrau, se concentrando em cada passo, “estando” de fato, no presente, sentindo o momento. Numa situação dessas, passado e futuro desaparece. Apenas existimos.

O que mais surpreende nisso tudo é a elucidação de situações que nós todos vivemos, através deste ponto de vista ao mesmo tempo tão antigo e tão novo. Por exemplo aquela pessoa que vive atormentada com seus problemas. É a mente dela que se atormenta com os problemas. Mas a pessoa se identifica e se concentra tanto em sua mente que sente que ela é aquele tormento. Bom, isso pode acontecer com qualquer um e não é lá muito difícil de resolver, melhorando a visão de mundo da pessoa. O inusitado aqui, é que se alguém chegar para a pessoa e aconselhá-la a se desprender de seu raciocínio, observando seus próprios pensamentos desesperados, ela certamente optará por não fazê-lo já que o desprendimento significa para o seu ego, a morte. Quem já sentiu depressão sabe bem que é possível, em certos momentos, sentir prazer em estar triste! Nesses momentos a alegria alheia é simplesmente insignificante e não nos diz nada. Preferimos permanecer tristes porque construímos nosso ego sobre aquele sistema mental de tristeza e desesperança. E negá-lo, a partir de certo ponto, significa a morte para o ego.

Enfim, o assunto é profundo e tenho até dificuldade de explaná-lo de forma mais clara. Definitivamente a mente humana é um universo à parte deste universo físico. O slogan socrático – Conhece-te a ti mesmo – é sempre atual e para esta humanidade alienada de si mesma, se faz urgente.

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Veja também: O auto-conhecimento como fonte de auto-estima.