Sem paciência, nada será concretizado. Há proverbiais verdades as quais não se pode ignorar:
O apressado come cru.
O preguiçoso trabalha em dobro.
Ou seja, a diligência na condução de qualquer ideia, envolvida pelo sentimento da paciência certamente é a melhor e mais efetiva trilha para o sucesso. Porque diz respeito a ação. De pouco adianta conhecermos a fundo qualquer técnica se não temos o QI emocional necessário – o que se traduz por firmeza de propósito e muito tato – para sabermos dosar cada ingrediente na receita final.
Questiona-se por vezes se o excesso de paciência pode nos levar a um estado de inação que prejudicaria a conclusão dos ideais em questão. Quanto a isso, creio que a seguinte passagem bíblica nos dá o devido direcionamento:
Vigiai e Orai, para não cairdes em tentação. Jesus (Mateus, 26,41)
Muito embora Jesus tenha pronunciado estas palavras com o intento de orientar-nos ao afastamento do “pecado”, tal modo de se conduzir bem serviria como um lema para a nossa realidade. Vamos resumí-la a:
ORAI e VIGIAI !
Não é um belo lema para a vida? ORAI, porque a oração, seja da forma que for realizada – através da recitação, meditação, mentalização, ou simples conversa íntima com Deus – é tão necessário para nossa alma como os alimentos são para o corpo. Muita gente vive em constante estado de confusão mental e não sabe o porquê… Alguns minutos de recolhimento nos fazem um bem inenarrável.
E VIGIAI porque quem dorme no ponto perde o ônibus 🙂 Afirmação tão hilária quanto recorrente. Por quantos episódios você passou pelos quais teve algum tipo de prejuízo, seja material ou emocional, por um simples descuido? Seja aquela conta que você esqueceu de pagar no vencimento e teve que enfrentar a fila do banco e ainda arcar com multa e juros; seja aquele compromisso que você esqueceu e teve que correr muito mais atrás para resolver o problema; ou seja aquela distração boba em meio ao trânsito que quase nos põe fim à vida. Enfim…
É o olho do dono que engorda a boiada.
Comecei falando de paciência e acabo por discorrer sobre a necessidade constante de atenção no que estamos fazendo. Não porque tenha perdido o rumo da conversa, mas porque acredito que a vigília constante é o nosso melhor regulador. A impaciência se recolhe diante da consciência. Através dela e da reflexão seremos capazes de discernir entre reforçar nossa paciência e perseverança diante dos nossos projetos de vida ou tomar atitudes mais drásticas para alcançar nossos objetivos.
A questão paciência sempre será atual enquanto houver algum ser humano perambulando por este planeta. Paciência é a virtude das virtudes, que ao nos fazer esperar, nos coloca em nosso devido lugar, com o entendimento que ainda não chegou o nosso tempo, porque ainda não estamos preparados para a situação almejada. Enquanto esperamos, algo forte cresce dentro de nós, esperando a hora certa de desabrochar, como a árvore que só floresce na hora certa. Enquanto pacientes, nos entendemos esperançosos, humildes e crentes que nosso intento há de se realizar nem que seja providencialmente.
Mas não é fácil. Ser paciente é um não viver querendo muito viver. É um não querer quando se quer muito. Estar vivo e não conseguir se integrar à vida é MUITO difícil. A lição do desapego é a mais difícil. É como se para alcançar nossos desejos, tivéssemos que não desejá-los.
A paciência faz contra as ofensas o mesmo que as roupas fazem contra o frio; pois, se vestires mais roupas conforme o inverno aumenta, tal frio não te poderá afetar. De modo semelhante, a paciência deve crescer em relação às grandes ofensas; tais injúrias não poderão afetar a tua mente – Leonardo da Vinci
Fernando Quirino
17 de fevereiro de 2009 as 0:42
Muito bom texto, realmente. E obrigado pelo link. Todas as formas de concentração, ação e principalmente paciência são bem-vindas a seu modo e com certa moderação. Já que todos os excessos são nocivos =]
Damnati
22 de fevereiro de 2009 as 2:27
Duro é confundir paciência com tolerância exagerada ou pior ainda, com inércia.