Então vem você e me diz: “Então continue burro!!!” 🙂
Eu tenho medo de alguns intelectuais, sabe…
Você talvez possa pensar: “É claro, sem preparo intelectual qualquer um se sente intimidado”. Sim, é isso. Mas fico aqui tentando me defender quanto à idéia de que esse meu “medo” não é só quanto ao meu despreparo intelectual.
Vejo acontecer com certas pessoas em relação ao desenvolvimento cultural, o mesmo que acontece com outros quanto ao crescimento financeiro. É a soberba, a arrogância, resultantes do estreitamento da visão de mundo do indivíduo, efeito que deveria acontecer de forma inversa. É quando aprendem de tudo, mas não aprendem o essencial:
Conhecimento é uma coisa, sabedoria é bem outra.
É com base nesse raciocínio que mantenho “um pé atrás” com gente que usa demais a mente, mas esquece de desenvolver o bom senso. Tendem a ser idealistas e pouco práticas, falando de coisas que não vivenciaram e vivendo a vida rodando em círculos, se achando muito acima dos outros. Não “enxergam” as verdadeiras motivações que movem as pessoas. Tem pouco senso de prioridade e se levam a sério demais, só pensando em nos convencer a respeito das suas visões de mundo, quase sempre pessimistas. E isso além de ser chato, contamina.
Por mais que você seja bem resolvido quanto à sua visão de mundo, assim que alguém tenta lhe convencer a respeito de algo, imediatamente você fica, ou na defensiva, ou sentindo-se compelido a convencê-la de suas opiniões. Temos uma dificuldade imensa de aceitar que outros possam ter opiniões diferentes. Temos maior dificuldade ainda em aceitar que os outros simplesmente “preferem” continuar acreditando em seus conceitos, mesmo diante de fatos ou argumentos irrefutáveis. Odeio entrar em discussões. Porque eu só me convenço quando deixo me convencer e o mesmo funciona para os outros. Quando você rebate os argumentos do outro, ele se sente desconfortável e muda o rumo da conversa. E continua acreditando no que sempre acreditou. É ou não é assim? Dale Carnegie, em seu clássico Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas já havia percebido que o melhor meio de vencer uma discussão é não entrar nela. O mesmo concluiu Machado de Assis ao preferir manter-se distante do “pugilato das idéias”.
Já encontrei ou ouvi falar de gente com muito menos bagagem intelectual, mas que foi muito longe na vida. Taí o nosso presidente Lula que não me deixa mentir. Sem entrarmos nos méritos ou deméritos de seu governo, o fato é que ELE CHEGOU LÁ! E a razão de pessoas como ele terem ido tão longe é o fato de serem pessoas de ação. Se precisam de algum conhecimento, sabem onde buscar e o usam para melhorar sua qualidade de vida e seu poder de transformação social.
Recentemente um amigo me contou de um programa que viu na televisão, no qual entrevistaram moradores do edifício COPAN, famosa obra de Oscar Niemeyer, erguido em São Paulo. Enfatizava meu amigo haver neste edifício (como deve haver em toda parte) grande número de pessoas muito inteligentes, intelectualizadas, cheias de opiniões e posicionamentos morais, mas frustrados. Inteligentes, mas pobres. A maioria aposentados e mal pagos. Fruto muito provavelmente do apego a ideais irreais.
Essa observação logo me remeteu à grande lição que aprendi com meu pai e que reforcei após a leitura do livro Pai Rico, Pai Pobre, de Robert Kiyosachi (tão criticado justamente pelos “intelectuais”). A lição é simples: “De nada adianta estudar a vida toda, se não se consegue levar uma vida próspera”.
Na literatura há um caso perfeito a se lembrar: Paulo Coelho! Ele, cujos críticos muitas vezes “Não leram, e não gostaram”, conseguiu uma visibilidade nunca antes alcançada por algum autor brasileiro. Milhões e milhões de livros vendidos, traduzido em dezenas de idiomas. Se isso não é competência, não sei o que mais pode ser. Evidentemente sua linguagem é muito própria, simples e direta. E quem pode dizer que é uma liguagem “pior” ou ‘melhor”. Alguns críticos ressentidos o chamam de “Fenômeno de Marketing”. Ok. O marketing é uma ótima ferramenta de vendas quando bem utilizado e é acessível a qualquer um. E porque outros autores também não o utilizaram para conseguir semelhantes feitos?
Na internet se vê muito disso. Gente inteligentíssima, conhecedoras de grandes autores e idéias, mas totalmente desprovidas de um senso prático, ou construtivo, da vida. Lendo textos pela internet dessa gente é fácil perceber que apontam e se apegam sempre ao lado negativo das coisas, e isso contamina. Para elas, nada é tão simples quanto parece e tudo poderia ser melhor, ou diferente. Nada nunca está bom, e isso me deixa mal. É quando sinto que a alienação tem suas vantagens. O espírito crítico em demasia faz mal. Porque quase tudo que “vemos” como errado, não podemos mudar. Há muito pouco ao nosso alcance e essa constatação me faz crer que é nesse “pouco” que devemos manter nossa atenção. Pois a existência deve ser perturbadora para eles, e definitivamente, não quero isso pra mim.
Pretendo iniciar ainda este ano uma nova fase em minha vida, mais dedicada a leituras. Sinto falta de melhores parâmetros para observar e entender o mundo que me rodeia. Livros clássicos tendem a ser melhores do que os best-sellers atuais e são também muito mais baratos. Quero continuar o que iniciei na época da faculdade (biblioteca gratuita é uma maravilha) e espero levar isto para o resto da vida. Não vejo nada mais estimulante e edificante na vida de uma pessoa do que expandir seus pontos de vista. Mas não nos tornemos complicados. Continuemos simples. Usando palavras simples. Pensando de forma simples. Não procuremos chifres em cabeça de cavalo. Não deixemos jamais de compreender as limitações e a condição na qual estão os que nos rodeiam. E que jamais vivamos como se o que sabemos fosse mais importante do que o que fazemos de útil e construtivo nesse mundo.
***
Encontrei aqui, por acaso, um artigo que vai muito mais fundo que eu nesta questão.
Este texto é mais ou menos uma continuação de pensamentos que escrevi aqui.
ivone
12 de julho de 2009 as 12:29
qnta sabedoria…
dentro de uma simplicidade, é isso q fz a diferença…. em leituras extensas q as vzes… é uma estrategia p/ ganho de si proprio!
gosto de pessoas q exponhe oq saia da alma….pois é onde percebemos a realidade da vida!!!
adoro escrever…é uma maneira q tenho p/ um deseabafo…q alivia a minha alma…sempre trazendo um apreddizado diferente….
Vanuza
23 de setembro de 2009 as 9:40
Parabéns! Você escreve muitíssimo bem, toca realmente na nossa sensibilidade e acima de tudo diz o que gostaríamos de dizer mesmo sem encontrar as palavras certas.
Muito obrigada por você existir.
ronaud
25 de setembro de 2009 as 12:18
Vanuza,
Muito obrigado por suas palavras sinceras! 😉
Ana Maria Mantzos
03 de novembro de 2009 as 16:03
Conhecimento sempre é bom, mas quando a danada da vaidade gruda no indivíduo e ele acha que sabe tudo, é meio difícil de suportar e conviver. Em casos como esses, eu também não discuto com eles. Discutir pra quê num caso desses? Quando esses pretensos intelectuais estão nas nuvens, nem uma âncora os tira de lá.
Emerson
04 de dezembro de 2009 as 19:15
Na minha opinião você foi infeliz,quando ressalta o espirito comercial das artes(subjetivamente) e desmereceu quem faz as coisas com a alma ,e não pra ganhar grana.Esses são artifícios do mundo globalizado capitalista,mas poderiam não ser,vc precisa destruir esse paradigmas pra ser um pensador livre.
Abraço
ronaud
05 de dezembro de 2009 as 11:46
Emerson, confesso que não tenho a menor pretensão de ser “um pensador livre”. Isso é coisa de gente grande 🙂
Se o assunto “grana” é “só” um artifício do mundo globalizado capitalista, então me fala um lugar onde não se precisa de “grana” pra viver… To indo pra lá já!!!
Raciocínio assim me faz crer que a maior ilusão que alguém pode incorporar é querer viver sem ilusões (ou desprovido de paradigmas, como queira).
Obrigado pela visita!
Abraço 😉
Emerson
07 de dezembro de 2009 as 18:14
Interpretação equivocada a sua do que eu quis dizer.Relativo a grana eu só quis dizer que a produção artística pra ser arte de verdade ,tem que se desvincular do mercado ,e eu sei que isso não é de todo possível,não obstante quando a arte vira produto ,ela paradoxalmente perde o que a caracteriza como arte.
Eu também não disse em momento algum que vc nem eu não possuímos paradigmas,vc precisa aprender a ler, eu só quis dizer que as vezes um problema está sem solução correta porque as pessoas se firman ao mesmo paradigma e não conseguem pensar de uma forma “livre”.Não existe ninguem sem paradigmas ,muito menos ilusões ,mas existem uns e outros que enxergam as coisas sobre o prisma correto. 😉
ronaud
07 de dezembro de 2009 as 19:31
Ok Emerson, obrigado.
Emerson
07 de dezembro de 2009 as 23:32
kkkkkkkkkkkkkkk (De nada)
karine
24 de abril de 2010 as 20:07
Olá Ronaud!
Sou estudante de Gestão de Recursos Humanos, atualmente também trabalho na área (formação e folha de pagamento), e seu site é muito interessante, descobri buscando frases de motivação para repassar a minha turma, porém descobri os artigos, gostaria de parabenizá-lo é muito bom, edificante e estimulador… Você escreve muito bem e as frases são ótimas… parabéns novamente.
JrK
09 de maio de 2010 as 1:06
Se quer entender melhor as coisas indico o livro “admiravel mundo novo”, é bem antigo mas ainda assim bem atual, vocabulario de facil leitura, no sebo comprei a 5 reais e novo compra a uns 15, otimo livro, garanto qvc vai gostar!
Paulo
16 de janeiro de 2011 as 22:08
Muita lucidez no seu post. Desconfio que vc não deva de todo mediano – é o que vc acha? Tem uma piada (muito comprida) que aborda os interesses de cada faixa de QI e por essa piada vc deve ter um QI de 120-140. Gente burra acha os inteligentes “estranhos”, e ficam por aí. Não são capazes dessa sua análise – nem dessa síntese. Desconfio ainda que vc deve ter observado muita gente inteligente pra descrever esses sintomas com tanta exatidão. Agora vai minha perguntinha: o gato não ensina seu pulo, mas vc está ganhando o dinheiro que acha que merece? Há mais de trinta anos que eu tento ganhar dinheiro com minha inteligência, mas só consigo ganhar dinheiro com a minha burrice (fazendo o que qualquer burro pode fazer – como ganhar dinheiro na bolsa, por exemplo). No mais, minha inteligência só atrapalha. E vc? Como está se saindo? Dizem que quem sabe faz, quem não sabe ensina. Vc tem feito muito? Eu acredito piamente que a verdade liberta – gostei muito do seu diagnóstico, pagaria uma fortuna pelo remédio. Entendi também a consequência do que disse: azar de quem for inteligente. Essa sua faixa de QI é a que permite a vida mais plena: as pessoas medianas conseguem ainda se comunicar com vc e vc é visto por elas como mais capaz. Isso dá uns 95% da humanidade. E estando nessa faixa, vc é inteligente o suficiente pra entender como funciona a cabeça dos mais inteligentes… pelo menos até os de QI por volta de 180 (se vc nunca ouviu falar, existe uma “regra” de que fora de dois desvios padrão de QI (~48) a comunicação se torna impossível). Para a inteligência ter valor numa sociedade, é preciso que haja uma massa crítica de gente inteligente – aqui no Brasil essa massa crítica reunida, eu nunca vi. Finalizando, um corolário do seu post: só quem gosta mesmo de inteligente é gente inteligente.
camila
30 de março de 2011 as 11:18
A palavara “ideia” não se usa mais o acentuada!
BRUNA
03 de agosto de 2011 as 23:37
Comentario pertinente Paulo. (ressalto que ao concordar contigo, apenas evito a repetição de palavras) acho desnecessario posts que se estendem apenas para mostrar que o anterior isso ou aguilo…Sua expressão foi coerente e feliz. Paulo, legal mesmo. CURTI!