Um texto interessante, que tenho há algumas semanas, e que não lembro mais onde o encontrei 😉 :
Trechos de uma entrevista a antropóloga Mirian Goldenberg.
Na comparação com as alemãs, alvo de sua pesquisa, como se saem as mulheres brasileiras?
Acho que esta comparação é bem interessante porque opõe dois extremos. Lá, na Alemanha, temos um tipo de mulher que valoriza a independência, a liberdade, a autonomia. Que pode ou não se casar. Que pode ou não ter filhos – para elas, tanto faz. E aqui, no Brasil, encontramos um tipo de mulher que investe muito na parceria amorosa, nos filhos, na família. Um dado curioso é que a mulher brasileira nunca esteve tão bem, como agora, em termos de educação, de trabalho, de qualidade de vida, de ser ouvida e respeitada. Só que, apesar deste bom momento, nas minhas pesquisas entre mulheres da faixa dos 40 anos eu encontro um discurso de vitimização. É o que eu chamo de miséria subjetiva.
(…) O discurso dessas mulheres gira em torno de duas questões: o homem (ou a falta dele) e a decadência do corpo.O que é que essas mulheres me dizem? Primeiro, aparece um discurso que é muito típico da mulher brasileira:”Falta homem no mercado”, “os homens da minha idade não querem mulheres da minha idade, querem uma mulher muito mais jovem”, “quando um homem se separa, imediatamente ele se casa, enquanto, para a mulher, é muito mais difícil encontrar um parceiro que a respeite”. Esse é o discurso centrado no homem. Já o discurso feminino centrado na decadência do corpo traz muito fortemente percepções do tipo “meu corpo já não é mais o mesmo”, “eu me tornei invisível”, “eu não me acho mais uma mulher atraente”, “não sou considerada uma mulher desejável”. Esses dois discursos aparecem com muita força. É um discurso de vitimização. Eu chamo este fenômeno de “miséria subjetiva” porque, se você olhar para as conquistas da mulher que pratica esse discurso, verá que ela tem dinheiro, tem independência, ela está se realizando, está bem fisicamente. Mas ela não internaliza as conquistas objetivas como um poder… Já na Alemanha, eu encontrei a mulher poderosa – subjetivamente e objetivamente.
(…) Na Alemanha, as mulheres são respeitadíssimas sem pintar o cabelo, vestindo roupas largas, não usando salto alto e maquiagem. Porque elas são respeitadas pelas ideias, pela personalidade, pelo charme, pelo carisma, e não pelo corpo. Até pega mal lá você investir demais no corpo. É como se você estivesse ociosa, gastando com seu corpo um tempo em que você poderia estar fazendo coisas muito mais importantes – estudando, trabalhando. A mulher que gasta muito com roupa, que investe em botox, plástica, para ter uma aparência sexy, não é bem percebida no mercado de trabalho. São valores opostos aos daqui.
(…) Percebi, nas minhas pesquisas, que quando uma mulher não tem o marido, que é o desejo mais profundo em todas as entrevistadas, ela atribui valor ao fato de ter um homem. Se ela não tem o capital marital, o amante também é um valor. Porque a pior coisa para uma mulher nessa faixa etária é não ter um homem. É a pior situação. Mas se ela tem um homem … ela o considera fiel, porque é todo seu, e só está com a outra, com a esposa, por obrigação e por acomodação. Ela acredita que ele não tem relação sexual com a esposa, que ele não ama a esposa. Então, numa cultura em que ter um homem é um valor tão fundamental, para a mulher brasileira se sentir valorizada até um amante é um capital. E ela E ela constrói o mesmo tipo de discurso da esposa. “Ele é dependente de mim, ele precisa de mim, eu sou a relação mais importante da vida dele.” Então, esposas e amantes nesse ponto são muito parecidas.
lourdes moran
23 de novembro de 2010 as 19:31
É exatamente isso que está acontecendo…felizmente eu não penso assim, o que interessa é estar de bem com a vida!Isso nos torna lindas no interior e no exterior!
renata lara
11 de fevereiro de 2011 as 17:01
uaUU
Márcia Ângelo
21 de março de 2011 as 8:40
Que isso!!!… tenho 48 anos, mãe solteira com muito orgulho. Acabei de pular fora de um relacionamento exatamente por querer fazer o papel de amante. Uma posição humilhante como essa só é condizente com uma mulher que não tem, ou não sabe o seu valor. Não é preciso pagar esse preço para apenas dizer que “tem” um homem. Tem mesmo?? tem sobras da noite passada na sua cama, tem migalhas, pq ele faz amor com ela sim, e muito mais com ela do que com a amante… A amante é só estepe, é só o “aperitivo” do almoço ou do jantar…..; e amor, ah, o amor!!! o amor não tem preço!!! Ele é gratuíto, não se compra a preço de banana. Cada um tem o que mereçe, por benção divina ou para pagar pecados, sim, pq uma mulher que se sujeita a dividir um homem a qualquer custo, sabendo que levará chifres pelo resto da vida, ´´e digna de pena…. Aí vc vê o casalzinho no mercado, ele empurrando o carrinho e ela assim: “benzinho, vc quer isso???”, mas só Deus sabe o quanto ela está contribuindo pro aumento da camada de ozônio…..É isso…. o valor de uma mulher é isso, não se vender, não pagar preço de banana por urubus…..
Vernanda
01 de maio de 2012 as 12:27
Vou é me mudar para a Alemanha!