Nós somos constituídos por várias personalidades. A origem desses traços de personalidade desalinhadas com nossa personalidade mais autêntica é incerta. Em linguagem mítica, essas personalidades indesejáveis, que atravancam nosso progresso, são chamadas de demônios interiores, ou os maus espíritos que os apóstolos expulsavam das pessoas desde a época dos evangelhos.
Ao longo da vida, algumas dessas personalidades vão minguando, outras sofrem verdadeiras mortes através das perdas traumáticas; a trágica visão do ego observando seu objeto de apego desaparecer para sempre. Sob este ponto de vista, toda grande perda que sofremos, nada mais foi do que a morte de uma personalidade apegada, equivocada – um demônio interior – um espírito mau – um carrapato espiritual que foi esmagado pelo rolo compressor da vida.
E nossa personalidade superior, moralmente melhorada, mais suave e empática, vai se fortalecendo, ocupando espaço na nossa mente e nas nossas ações. O ego vai aparando suas arestas.
É mais ou menos o que sucede sob a visão cristã sobre a expulsão de demônios, e sobre a própria morte e ressurreição. Nossas personalidades imorais e dispensáveis são expulsas por entidades superiores, ou nos grandes eventos depuradores da vida, quando morremos para o mundo e, em Cristo, mediante arrependimento sincero, somos nova criatura. Veja que a consciência do erro aliada ao arrependimento, representa a morte de personalidades interiores baixas e imorais.
Já falei sobre esse assunto aqui.
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