Quando você observa uma pessoa que teve AVC, o conhecido derrame cerebral, percebe detalhes que, dependendo das suas convicções a respeito da espiritualidade, podem mudá-las completamente, e talvez até extingui-las se você não for dado a crenças insustentáveis e ilusões semelhantes.
Particularmente, como já comentei aqui diversas vezes, acredito muito na existência do espírito, de uma dimensão espiritual paralela a esta e tal tal tal. Porém sempre deixei claro que essa minha crença é mais uma esperança do que uma convicção mesmo. No fundo, eu ESPERO, desesperadamente :), que haja algo além da morte de forma que tudo isso não seja em vão.
O AVC é uma hemorragia interna ao cérebro que “mata” certas regiões do cérebro. Assim, algumas funções corporais ficam seriamente comprometidas, já que todo o funcionamento do nosso corpo depende do cérebro. Dentre todas essas funções, a principal é o que nos distingui dos outros animais: a consciência.
Quando você vê a consciência de uma pessoa debilitada por causa de um AVC, a impressão aterradora que você terá, se estiver aberto a essas impressões, é que parte daquela consciência não existe mais, isto é, que parte daquela pessoa que você tanto estima simplesmente… não existe mais.
Isso é trágico, deprimente e desconsolador. Como é duro encarar a realidade de que cedo ou tarde, também eu e também você “deixaremos de existir”.
O consolo
Para me consolar a respeito deste fato, procuro pensar de forma diferente. Num impulso conscientemente auto-consolador, com base em algumas leituras espiritualistas, prefiro ver o cérebro como se fosse um receptor de ondas de rádio – o aparelhinho de rádio que todos conhecemos. No caso, nosso cérebro seria um sintonizador de ondas espirituais, as quais ainda não detectamos (ou as vivenciamos diariamente, afinal, somos resultado delas), porém imaginamos e acreditamos que vêm de uma outra dimensão paralela a esta, uma dimensão espiritual. Nosso espírito está lá, o tempo todo, porém sintonizado por nosso cérebro.
No caso do aparelho de rádio, quando algum componente do mesmo se estraga, ele deixa de sintonizar a estação de rádio emissora das ondas. Mas ela continua lá irradiando suas ondas com a mesma força e clareza de sempre. Da mesma forma, quando ocorre algo com nosso cérebro, uma debilidade qualquer, o que acontece é que tanto o cérebro como nosso corpo perdem a capacidade de sintonizar com nosso EU maior. Dessa forma, perdemos o que chamamos de consciência, e agimos com cada vez mais desconformidade em relação ao que éramos normalmente. Porém nosso EU eterno permanece lá, na neverland.
Isso significa que é só nosso corpo – o sintonizador – que está debilitado e inoperante. Nossa essência, nossa consciência e nossa vida – a estação emissora – permanecem lá, do outro lado, firme e eterna, porque também cogita-se que naquela dimensão não exista o que chamamos de tempo.
É um consolo, uma ilusão, para continuarmos acreditando que vale a pena continuar por aqui.
Se é verdade ou não, saberemos quando chegar a nossa hora de nos desligarmos deste corpo.
Só sei que é uma informação a qual não tenho a menor pressa de saber.
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