Há um tempo encontrei a imagem acima no Facebook. É uma crítica às imagenzinhas fofinhas que rodam por lá com frasezinhas bonitinhas publicadas e compartilhadas por quem quer passar um ar de inteligente ou consciente.
Sim, é um tanto engraçado e inteligente.
Mas eu achei meio demais, sabe…
Automaticamente comecei a imaginar como deve ser a vida do sujeito que a criou. E principalmente, de quem adorou a imagem. Gente inteligente? De gosto apurado? Sei não…
Gente pra quem nada nunca tá bom. Pra quem a existência deve ser um fardo difícil de suportar, porque desaprendeu (ou nunca soube) encontrar graça nas coisas, ou que só vê graça no desencanto de seu pessimismo corrosivo.
Se a vida é chata, ser chato não ajuda em nada.
Ora, eu também sou muito chato pra muitas coisas. Poucas coisas me agradam nesse mundo. Ficar sozinho é uma delas dado que não é fácil pra mentes complicadas conviverem com mentes satisfeitas. Não por uma presunçosa superioridade, e sim porque simplesmente não bate, as prioridades e interesses diferem sobremaneira.
Mesmo assim entendo que pra se sobreviver nesse mundo, precisamos aceitar a medianez geral reinante. Precisamos aprender a conviver minimamente com visões de mundo limitadas. Como comentei, poucas coisas me agradam nesse mundo, mas juro que faço uma forcinha pra entrar na onda dos outros. Não é difícil uns e outros me aparecerem com coisinhas bobinhas, luxinhos, frescurinhas, e eu entrar na conversa como se gostasse dessas coisas.
Essa postura pode ser vista como dissimulação. Ou pode ser vista como uma postura generosa de quem se importa (um pouco) com os sentimentos alheios. Já joguei muita areia em sonhos e alegrias alheias, principalmente de pessoas que amo, só pra ser autêntico e hoje percebo bem como fui estúpido.
Temos que ser meio bobinhos, aprender a se entreter com coisas simples, bregas, cafonas, popularescas, repetitivas…
Sempre digo que a vida é uma ilusão e feliz daquele que pode e consegue se iludir.
O que não parece o caso do autor da imagem acima.
Saborear uma ilusão vale todas as desilusões do mundo.
Pedro Chagas Freitas
Narjara
26 de outubro de 2012 as 9:41
Muito bem colocado! Adorei a publicação.
Ronaud Pereira
26 de outubro de 2012 as 11:44
Obrigado, Narjara 😉
Roger
15 de dezembro de 2016 as 15:55
Com a devida vênia, discordo, Ronaud. Felicidade é (deve ser) uma coisa boa, mas nem todo o mundo é feliz. E isso não acontece porque o sujeito é “tacanho” de inteligência, necessariamente. Vai das experiências pessoais e da ótica sobre o mundo e a sociedade.
Ou antes, vai do gosto de cada um. Tem gente que gosta de gente, que aprecia a humanidade como está. Tem gente que não. Há os misantropos (e isso não é uma doença) que simplesmente não vêem graça na piada da vida. E não há nada errado com isso.
Eu queria que o mundo fosse de um jeito, mas não é. E do jeito que o mundo é não me agrada. Devo fingir que sou feliz?
Ronaud Pereira
16 de dezembro de 2016 as 10:08
Olá Roger. Entendo seu ponto. Eu diria que não é o caso de fingir, mas de relevar o modo como as pessoas costumam se ater às superficialidades da vida (ilusões) justamente para não terem que encarar o quanto o mundo real as desagrada.
Por exemplo, em relação à imagem que ilustra este texto: As pessoas gostam de compartilhar frases para se entreter e passar tempo. Aí vem o sujeito ácido e diz: “Deixa de ser besta, vc nunca leu um livro do cara, nem sabe quem ele é e fica aí pagando de filósofo”
😉