Já ouviu falar na Navalha de Ockham? Resumindo, é um princípio que afirma que entre duas explicações possíveis para um fenômeno, a mais simples é a melhor (leia-se, a correta).
Particularmente, sempre desconfiei desse princípio. Ele sempre me soou, junto à tal da leitura fria, como a resposta dos céticos para quando não se tem resposta. Mais ou menos como a figura do diabo é usada pelos crentes, ou seja, na dúvida, deve ser coisa do diabo, logo, não presta. Ideias como o diabo, a leitura fria, a navalha de ockham, embora diferentes em suas origens, quase sempre são usadas como armas do preconceito. Com elas julgamos e negamos ideias e possibilidades sem antes sequer as considerarmos. Elas dispensam as pessoas de terem de estudar, de investigar, ( pra quê tanto trabalho, né? ) e o pior, de abrirem suas mentes para novas possibilidades, as quais nos é mais fácil e cômodo negar.
A respeito da Navalha de Ockham, neste texto (a página foi removida) há um ótimo exemplo de ponto e contra-ponto utilizando do mesmo recurso proposto pelo princípio. Reproduzo aqui somente as partes que nos interessa:
O autor questiona: “Então, diante de uma pessoa que recebe um preto véio, qual é a explicação mais simples e mais provável?” E utiliza o princípio da navalha para encontrar a explicação que melhor lhe soa:
a) que existe um outro mundo invisível, povoado por bilhões de espíritos desencarnados, que eles entram em contato com o nosso mundo, andam entre nós sem ser vistos exceto por alguns poucos, etc etc etc
b) esquizofrenia
Mais abaixo, no mesmo texto, um leitor (a página foi removida) ofereceu uma interessante resposta, dessa vez invertida:
a) que ocorre um transtorno psíquico severo que se caracteriza classicamente pelos seguintes sintomas: alterações do pensamento, alucinações (visuais, cinestésicas, e sobretudo auditivas), delírios e alterações no contato com a realidade
b) mediunidade
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Não é difícil perceber que as palavras estão aí e as utilizamos a nosso bel prazer, afirmando o que queremos que seja verdade, e negando o que nos desagrada. Nossa mente é mais traiçoeira do que podemos imaginar. Ela se apega a certas visões de mundo e só capta em volta o que confirma essas visões. Nossa vida se resume muitas vezes a confirmarmos o que acreditamos. Quando lemos, estamos a todo momento vendo se a carapuça vai servir. Quando concordamos com o que encontramos, tudo fica uma maravilha, né? (Que gente inteligente essa que pensa como eu!!!) Quando nos deparamos diante de ideias e posturas que vão contra nossas visões de mundo e ideais, ficamos desconfortáveis, irritados, agressivos…
Coisa rara mesmo é gente com a mente realmente aberta!
Marcus Valleri Marques Santos
28 de abril de 2011 as 9:51
Como alguém já falou: “a mente humana é como o paraquedas: funciona melhor aberto”.