Quando comecei a escrever num blog, em 2008, eu peguei o fim de uma era, que começou lá por 2003, com o surgimento e multiplicação dos blogs, e veio a finalizar ali por 2011, quando a dominação da internet pelo Facebook chegou ao Brasil.

blogblogsNaquelas épocas, não havia um meio eficiente de divulgar textos, porque não havia redes sociais – aliás, as redes sociais eram os próprios blogs. Portanto, a maior fonte de tráfego espontâneo e volumoso era o Google, como de fato ainda é.

Mas paralelamente, havia essa comunidade de blogueiros, que linkavam seus blogs entre si, comentavam muito os textos uns dos outros, e faziam AMPLA referência aos textos de outros blogueiros, linkando esses textos em meio aos próprios textos. Blogueiros como Cardoso, Inagaki, Interney, Alex Castro, Gravataí, Nospheratt, Anderssauro, Slonik, Janio Sarmento, J. Noronha, entre muitos outros, pautavam as discussões na internet, sempre com assuntos muito interessantes.

Havia realmente uma comunidade, que se auto-denominava de blogosfera. E havia até mesmo um índice dos blogs mais populares, que se chamava Blogblogs (blogblogs.com.br), já extinto, e que dava o que falar.

Mapa da Blogosfera Brasileira de cerca de 2009

Mapa da Blogosfera Brasileira de cerca de 2009

Fonte

Era legal, essa época.

E esse ato de linkar espontaneamente, além de trazer muitos leitores, garantia um bom posicionamento nos resultados do Google, que sempre pautou o posicionamento dos resultados das buscas justamente pelos… links que uma página recebia. Quanto mais links, melhor era a reputação daquela página, afinal, conteúdo ruim ninguém linka, mas conteúdo bom sempre ganha alguma referência na página de alguém.

Durante esse auge, meus textos chegavam a 5000 acessos diários, ou seja, 150 mil pessoas por mês acessavam meu blog. Nada mal para quem nem sabia exatamente o que estava acontecendo. Detalhe: com a metade dos textos que tenho hoje, os quais só me trazem cerca de 1200 acessos por dia (que ainda é muito, mas que para quem já teve quatro vezes mais, torna-se quase nada).

Então o tempo passou, o Facebook surgiu como grande forma de interação entre as pessoas, e o comportamento online delas mudou bastante. A maioria dos blogs antigos desapareceu, seja porque seus autores cansaram de brincar, porque mudaram de vida, porque não conseguiam remunerar seu conteúdo a contento, seja porque seus acessos escassearam, seja, enfim, porque muitos blogueiros preferiram publicar seus textos no próprio Facebook, onde as pessoas já estavam.

Há também alguns detalhes técnicos que fizeram o número ou importância dos links diminuírem:

1 – o atributo nofollow, que é uma tagzinha que você pode por no seu link e que o invalida para o Google, que passa a não considerar aquele link 100% relevante. Todos os comentários nativos do wordpress – e algum tempo depois, do blogspot – passaram a utilizar o nofollow como default.

2 – o sistema de comentário disqus, que hoje a maioria dos blogs sobreviventes ou novos utilizam. O disqus simplesmente removeu a possibilidade de acrescentarmos links nos nossos comentários.

Resultado: Todos os muitos comentários que deixei naqueles blogs, por aquelas épocas, que potencializaram aqueles 5000 acessos diários, porque tinham um linkezinho para este site, estão hoje sem o link e, na melhor das hipóteses, se há link, está com o nofollow.

Hoje

E eis que hoje percebo algo curioso. De 2010 pra cá surgiu uma leva bem maior de “blogueiros”, mas que não teve contato com aquela velha guarda, e que mal entende a importância de linkar conteúdo referencial relevante (não só de blogs) e acha que divulgar textos significa divulgar no Facebook e no Twitter. De fato significava, não fosse o Facebook reduzir drasticamente a exposição dos compartilhamentos das fan-pages. A minha fan-page tem 16000 curtidores. Quando publico um link para um texto meu lá, só 30 pessoas veem, e umas duas ou três curtem. Com o Zuckerberg agora, só pagando.

Mas não só o Google continua firme e forte, enviando milhares de leitores para quem está em suas primeiras posições, como o método de posicionamento no Google continua basicamente o mesmo: Com links. Porém essa leva de blogueiros atuais nem sabe direito que há formas de potencializar o posicionamento dos próprios textos no google, e que isso pode trazer milhares de leitores diariamente e gratuitamente. Mal ligam pro SEO do site e praticamente não têm noção da importância dos links. Preferem ficar sofrendo divulgando links no Facebook (que não compartilha mais nada) e no twitter (que o grande público não usa).

O que é uma pena, porque pela quantia de pequenos blogueiros que existe atualmente, a competição pelas primeiras posições do Google com os grandes portais seria de igual pra igual. Mas dado o atual cenário, pelo próprio desconhecimento do campo onde atuam, são os pequenos que, mais uma vez, saem perdendo.