Sou uma pessoa um tanto egocêntrica. Me entedio quando, ao contar sobre algo que aconteceu comigo para alguém, esse alguém já vem contando uma passagem semelhante pela qual ELE passou. Afinal, estou falando de mim, pô! 😉
Mas eu nem posso reclamar, afinal, sou igualzinho. Se alguém me conta algum evento pelo qual passou, já venho contando de evento semelhante pelo qual EU passei. Às vezes até consigo me controlar e continuar dando atenção à pessoa e sua necessidade de atenção 😉
Vim até aqui para dizer que em certos momentos me sinto desmotivado a comentar em ALGUNS ( os mais chatos 🙂 ) blogs que acompanho, justamente porque o assunto de meu comentário é relatar fatos pelos quais (EU) passei, semelhantes aos que foram relatados pelo blogueiro/autor do texto que leio. Ora, o blogueiro está falando DELE, e o que é que ele quer saber de mim?
Mas hoje, num “surto de iluminação”, percebi que esse argumento não tem nada a ver. Ora, o blogueiro é que começou falando DELE. E nós leitores o acompanhamos e o lemos por interesse e uma dose de boa vontade, nenhum de nós tem obrigação de acompanhar o blog de ninguém. Então, já que dispensamos parte de nossa atenção acompanhando as peripécias de um blogueiro, nada mais justo que ele “nos ouça” um pouquinho quanto às nossas historinhas.
Não é?
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Publico abaixo um texto atribuído a Alexandre Soares Silva
Como discordar de um post
1) Diga olá.
Discordar não deve impedi-lo de sorrir, dizer olá, tirar o chapéu, acenar acanhado para as outras visitas ou afagar a cabeça do cachorro do autor do post. Muito menos de limpar o sapato no capacho.
2) Encontre algo de bom para dizer.
Porque geralmente há. Aqui você deve agir como se quisesse avisar um amigo que ele fica ridículo usando costeletas. Comece dizendo que gostou do corte de cabelo, e dos sapatos. Pergunte se ele emagreceu. Só depois olhe para a costeleta, coce o queixo embaraçadamente e diga, com jeito, com jeito, ¿já isso aí, nunca gostei muito… Não sei, você não acha que envelhece as pessoas? Eu pensei em usar, mas não ia ficar bem em mim¿, etc.
3) Se não tem nada bom para dizer, considere a possibilidade de não dizer nada.
4) Se não agüenta não dizer nada, nem tem nada de bom para dizer sobre um post que acha particularmente repulsivo, respire fundo, medite, se acalme. Tem certeza que o autor do post é um completo canalha, que merece a sua insolência, o seu sarcasmo e os seus insultos?
a) O autor não é um canalha, geralmente é bom ¿ mas este post é infame e você tem que dizer algo a respeito, porque você é o tipo de pessoa que tem que falar sempre porque não tem absolutamente nenhum auto-controle. Além do mais, discordar veementemente de um amigo vai mostrar para todo mundo que você é uma pessoa independente, de opiniões firmes e cara zangadinha e blá blá blá.
Mas lembre, nada de insultos. O pior dos canalhas parece simpático se for insultado. E corte seus sarcasmos pela metade, ou (se conseguir; faz força) completamente. É possível discordar de modo polido, e de fato a discordância polida é a mais eficiente. Digo mais, do alto da minha sabedoria mundana, posta à prova e aprimorada ao longo de duas décadas ouvindo cretinos afirmarem a sem-gracice de Audrey Hepburn ou a canalhice intrínseca dos católicos: a melhor discordância é aquela que não apenas é polida, mas também agradável.
O modelo a ser seguido é o de uma visita. Imagine que você foi convidado para um jantar e o seu anfitrião disse um absurdo qualquer ¿ que nenhum albino jamais fez contribuição alguma para a história da humanidade, ou que Frida Kahlo era ainda mais feia que as próprias pinturas que produzia. E por acaso você tem um tio que é albino, ou tem uma certa queda por mulheres com buço, e ficou irritado. Não importa, seja polido e agradável (minha paixão pela etiqueta me fez sucumbir ao uso do negrito). Mastigue calmamente a batata, tome um golinho de vinho, deixe o vinho descer, com calma, com calma, e diga afavelmente que não concorda. Sorrindo, se conseguir.
b) No caso do autor do post ser um canalha completo, asqueroso, você já errou ao ler o blog dele.
Se o xingar, você é quase tão gentinha como ele. Se o xingar anonimamente, você é exatamente tão gentinha como ele. Se não agüentar ficar calado (mas não agüentar nunca ficar calado é patológico), não precisa dizer olá, que canalhas não merecem nem olá; mas não insulte, e use uns poucos e bem escolhidos sarcasmos. O melhor mesmo seria fechar o blog, com cara de nojo, antes de comentar; e resistir à tentação de voltar lá para ler absurdos.
Se não conseguir resistir à tentação de voltar lá para ler absurdos, considere a possibilidade que o autor possa ser bom, ou você não gostaria tanto de se irritar com o que ele escreve.
Alguns detalhes finais
1) Evite o excesso de intimidade, sobretudo se é a primeira vez que comenta no blog. Isso vale tanto para as pessoas que discordam do post quanto para as que concordam com ele.
Imagine que você está na sua sala, conversando com suas visitas, quando entra alguém pela janela rindo e dizendo:
-Huahuahuahua Muito louca a sua casa, véi! Se der visite a minha também, faloowww…
(Not done, old boy. Simply not done.)
2) Evite os conselhos de vida.
A situação é típica; alguém está andando na rua, ouve uma conversa sobre economia vindo de uma janela aberta, se irrita, mete a cabeça pela janela e aconselha o dono da casa a transar mais “que isso passa, huahuahuahua”.
-Huahuahuahua tu é gordo cara não deve transar nunca né??? Pega umas mina que passa kkkkkkk falooowww….
Também evite aconselhar o autor do post a “dar a bunda que passa”, “ler menos e viver mais”, “ir conhecer esse Brasilzão de meu Deus”, etc.
Novos Comentários Encerrados
Devido à mudança de hábitos das pessoas ao não comentarem mais em blogs, e ao excesso de spams, optei por encerrar definitivamente o espaço para novos comentários neste site.
Muito Obrigado a cada um que nestes 15 anos de site deixou um pouquinho de si por aqui ;)