Super atrasado, como sempre, consegui enfim ler o livro 1808, de Laurentino Gomes. Antes tarde que nunca.
Lembro das aulas de história no ginásio e depois durante o 2º grau. Sempre me passaram que a história do Brasil era esquisita e incomum. Mas o que este livro me trouxe extrapolou a idéia que eu tinha de que o Brasil é o país que é, com suas misérias e mazelas, devido à colonização portuguesa e católica. Não gosto dessa história de se colocar a culpa nos outros, ou em fatos. Mas convenhamos que todo efeito certamente deriva de uma causa, muito embora esta quase sempre seja impossível de ser distinguida.
O mais interessante é que o livro conclui que caso a família Real Portuguesa não tivesse vindo ao Brasil em 1808 fugindo das tropas de Napoleão Bonaparte, as coisas poderiam ser piores por aqui e hoje, ao invés de um país continental e integrado, teríamos países fragmentados, como se cada Estado da República atual tivesse ficado mais ou menos independente.
Recomendo fortemente esta leitura. É ótimo como brasileiro entender a origem de nosso país. E identificando os vícios do passado certamente estaremos mais cientes da responsabilidade que temos à frente com o futuro desta nação.
Mas para resumir o livro, não é preciso ir muito longe nem se estender muito. Basta para isso atentar para a página 263, que relata as palavras de uma viajante, Rose Marie de Freycinet, mulher do naturalista e oficial da Marinha Francesa Louis Claude de Soulces de Freycinet. Ela viajava junto ao marido, numa expedição científica que explorava a América do Sul, as ilhas do Pacífico Sul, a Índia e a costa da África.
Ao chegar ao Rio de Janeiro, isto em dezembro de 1817, achou tudo muito bonito, o clima agradável, apesar do calor, mas registrou no seu diário comentários “devastadores para os portugueses e os brasileiros” da época. Este foi seu comentário:
“Pena que um país tão lindo não seja colonizado por uma nação ativa e inteligente“, escreveu Rose Marie, francesa, referindo-se a Portugal.
Acho que não é preciso dizer mais nada.
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Atualização em 29/5/2009 – Esqueci de comentar algo que considerei excelente neste livro. Várias páginas com imagens em cores de pinturas da época. São várias pinturas de alguns membros da família real portuguesa bem como do cotidiano do povo e impressões das cidades vistas do mar. Dá pra viajar nelas, imaginando o inimaginável, como por exemplo o Rio de Janeiro como uma pequena cidade de 60.000 habitantes. Somente a história para resgatar e nos trazer situações perdidas num passado distante.
Atualização em 18/4/2010 – Aos LEITORES PORTUGUESES, quero que saibam não tenho absolutamente nada contra Portugal e muito menos quanto aos portugueses. Muito pelo contrário, admiro com reverência a história, cultura e língua portuguesa que nós brasileiros herdamos. Estou relatando apenas um trecho do livro que me chamou a atenção e convenhamos, pode fazer algum sentido. Convido todos, na verdade, à autocrítica.
miss demoiselle
29 de maio de 2009 as 12:07
Ronaud,
quanto tempo…
eu sempre vi esse livro a venda e, sempre hesitei em comprá-lo. creio que o incluirei na minha próxima lista, depois da exposição que fez.
à propósito, excelente comentário de Rose Marie.. talvez a cultura disseminada e semeada em nossa terra seja uma das explicações das atuais atrocidades do comportamento legislativo e parlamentar.
saudosa por suas visitas.
abraço,
miss
ronaud
29 de maio de 2009 as 19:43
Oi Miss… Bom “te ver por aqui”
Gostei bastante do livro sim. Para quem não é estudioso do assunto mas se interessa por história, e também, porque não, por seu próprio país, o livro 1808 vai bem como uma ótima “síntese” daquele momento único da história.
Minha opinião é mais contundente quanto ao comportamento do nosso poder público atualmente. A história explica a origem. Mas naquela época a consciência ética era mínima ou inexistente naquele povo. Hoje não. Todo político sabe muito bem o que está fazendo e continuar com o comportamento promíscuo, mesmo que originado séculos atrás, nada é mais do que o que o povão chama de falta de vergonha na cara rs.
JDAzevedo
22 de outubro de 2009 as 12:53
Referindo Ronaud Pereira, a frase publicada,
“Pena que um país tão lindo não seja colonizado por uma nação ativa e inteligente”, resulta de um verdadeiro idiota. O n/Brasil para o bem e para o mal é fruto de Portugueses destemidos como referiu Neil Amestrong recentemente, ao atribuir uma dose bem maior de determinação e coragem do que a sua ida à Lua numa epoca em que a tecnologia movel nem estava na mente de ninguem. Para o bem e para o mal, Portugal esteve na origem de um pais que todos desejam revele urgentemente todo o seu potencial, orgulhando-se dos seus antepassados que o sangue que lhes corre nas veias.
Os excessos actuais exigem mais a vossa indignação e esses dependente das atitudes, de hoje. A nossa historia é simplesmente a nossa historia.
JDAzevedo
ronaud
22 de outubro de 2009 as 13:07
Olá JDAzevedo
Não fui eu quem proferiu tal frase. De qualquer forma concordo com ela. Já o seu julgamento resulta de sua incompreensão do texto.
Sugiro a leitura do livro em questão para melhor compreender essas questões!
Afonso de Albuquerque
19 de janeiro de 2010 as 8:31
Este livro e essa afirmação são miseráveis. Aliás, o livro está cheio de considerações desse género, oriundos de pessoas da alta nobreza ou militarees, ingleses ou franceses – toda a gente sabe como falavam os nobres que QUALQUER povão.
É uma pena que tenham dado a este livro a importância que deram no Brasil. Por aí não conseguem perceber que a culpa do atraso é vossa.
Não há país nenhum do mundo, que com um território imenso, recursos naturais, e uma população de cerca de 200 milhões se pessoas se veja a si próprio como um coitadinho, vítima das circunstâncias. Com a única excepção do Brasil.
ronaud
19 de janeiro de 2010 as 11:39
Afonso
Acredite, antes desse livro, a visão que se tinha de Dom João VI era ainda pior.
Por mais que seja uma afirmação miserável, ainda assim, era real, fazer o que? Precisamos aceitar a realidade das coisas e nosso pontos negativos, ao invés de negá-los e permanecermos como sempre.
Culpa é uma palavra carregada. Vamos falar em RESPONSABILIDADE? Sim, a responsabilidade pelo atraso do Brasil é inteiramente nossa por sermos incapazes de identificar a origem de nossas faltas, por mais que essa origem tenha vindo de fora. E uma das maiores broncas que temos aqui contra o povo em geral é justamente essa mania que o brasileiro tem de se fazer de coitado. E pelo visto tão cedo isso não vai mudar.
Connie Sperring
08 de fevereiro de 2010 as 14:05
Adorei o livro. Muito bem escrito e da para se entender que o Brasil e o que hoje gracas a Portugal. Sem duvida a pior desgraca nossa foi o pais ter sido descoberta e colonizado pelos portugues
Daniel Mafra
15 de abril de 2010 as 11:01
Seu comentário é bem sucinto e na verdade não demonstra se você leu o livro ou não. Mas esse final é esculacho! Só quem tem alma de colonizado pode querer escolher o colonizador. Só faltava essa.
Francy Laidy
05 de julho de 2010 as 11:46
Estou lendo o livro e pelo que já li, confesso que muita coisa que me parecia obscura, está ficando bem mais claro. No entanto, gostaria de sugerir que não adotemos a conduta daquele povo que gosta de escrachar nosso país, nosso povo, sem uma causa consistente. Podemos mostrar que temos respeito até por pessoas que não fazem jus.
Ricardo
13 de janeiro de 2011 as 11:26
Tenho 13 anos e estou lendo esse livro.
É um livro bem crítico à Portugal, mas retrata detalhadamente cada passagem sobre a chamada fulga da família real portuguesa.
Muito bom =)
TARCILA
25 de janeiro de 2011 as 6:30
Com esse comentario fiquei mais interessa ainda pelo livro. Sabado dia 22/01 conheci a dra, zoraide qu estava com esse livro ela disse ” leia este livro , voce vai entender porque o brasil esta desse geito” no mesmo dia conheci a suzete uma mulher m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a. que acabara de defender sua tesi na uerj em doutorado, cara que mulher intelingentissima, que tambem nus contou um pouco da historia do brasil, ou seja me agussou mais ainda a vontade de ler esse livro , com certeza irei compra-lo , um abraço.
Ricardo Machado Jorge
11 de maio de 2011 as 14:46
Como historiador, posso dizer que ele não traz nenhuma contribuição às pesquisas historiográficas, e que não passa de um engôdo de venda, em outras palavras, é uma publicação mercenária que visa apenas ganhar dinheiro. Como bom marketeiro, o autor inicia o livro dando ares da importância à sua obra – se é que podemos chamar assim… – como a “adaptação” em uma linguagem acessível que é recheada de anacronismo e confusões
Do ponto de vista do conteúdo da obra, posso dizer que, afora o tom descritivo do autor, está implícito na escrita os traços de um autor moralista que busca transpor erroneamente para dois séculos atrás suas impressões particulares sobre comportamentos típicos do tempo e do lugar em questão. Na página 158, ele diz: “Sob o calor único dos trópicos, imperavam a preguiça e a falta de elegância no modo de se vestir e se comportar.” Ora, essa foi a impressão do austríaco Emanuel Pohl, médico e botânico, que integrou a Missão Astríaca no Brasil, e que Laurentino reproduz sem o menor cuidado, mantendo a velha visão eurocêntrica da História do Brasil.
Vamos do início. Já na primeira frase do livro, o autor ergue a sua própria forca, quando diz: “Este livro é o resultado de dez anos de investigação jornalística.” Um livro de História, de acordo com o rigor que me foi ensinado por ilustres e bons professores que tive na universidade, deve trazer em si contribuições documentais colhidas a partir de métodos rigorosos, e não de pesquisas jornalísticas (não falo do uso de jornais como fontes, essa é outra história, e os jornais e periódicos trazem informações indispensáveis às pesquisas).
Desta forma, digo que vale a pena ser lido, no sentido estrito de que não é perda total de tempo, e que existe um certo rigor, se diminuirmos alguns anacronismos e confusões entre nomes de grupos políticos e seus interesses. Muitos destes grupos e interesses, o autor fala livremente, quando, em verdade, tais idéias ou pensamentos são próprios de outras épocas da Monarquia, como por exemplo, o pensamento Abolicionista, que não deve ser confundido com Republicanismo e nem com Federalismo.
Enfim o que eu quero dizer é que esselivro além de não acrescentar nada vezes na a historiagrafia já pesquisada não responde ao que vocÊs discurtem aqui e falando sério desfaçam esse tópico porque essa discussão é ridicula pois o problema do Brasil não é nem nunca foi a colonização e as mazelas e as misérias dos tempos atuais estão nas politicas posteriores ao dominio português.
Ai vocês provavelmente vão dizer só porque não é academico não pode ser escrito ou sei lá mais o que eu digo claro que pode desde que seja feito honesmtamente como o jornalista Elio Gaspari que escreveu 4 livros sobre a ditadura todos publicados pela Companhia das Letras.
Por que um livro que começa com tamanho anacronismo, ou seja, o autor passa para o texto seu juízo de valor como concepção de passado como nesta frase que abreo primeiro capítulo confirma tudo o que eu disse acima
Imagine que, num dia qualquer, os brasileiros acordassem com a
notícia de que o presidente da República havia fugido para Austrália,
sob a proteção de aviões da Força Aérea dos Estados Unidos. Com
ele, teriam partido, sem aviso prévio, todos os ministros, os
integrantes dos tribunais superiores de Justiça, os deputados e
senadores e alguns dos maiores líderes empresariais. E mais: a esta
altura, tropas da Argentina já estariam marchando sobre Uberlândia,
no Triângulo Mineiro, a caminho de Brasília. Abandonado pelo
governo e todos os seus dirigentes, o Brasil estaria à mercê dos
invasores, dispostos a saquear toda e qualquer propriedade que
encontrassem pela frente e assume o controle do país por tempo
indeterminado.
ronaud
11 de maio de 2011 as 15:22
Eu estava levando seu comentário a sério até chegar a este trecho: “… e falando sério desfaçam esse tópico porque essa discussão é ridicula” Faça-me o favor…
Anna
16 de junho de 2011 as 22:44
É repugnante a intolerância humana ! Perdi um minuto e meio da minha vida com a tentativa de entender o comentário do Ricardo Machado Jorge !! ah propósito , concordo com o Ronaud , parei de ler levar o comentário a sério quando ele disse : “[…] e falando sério desfaçam esse tópico porque essa discussão é ridícula” tenho mais o que fazer … !
Brenda
27 de novembro de 2012 as 19:05
Nunca gostei da história do Brasil muito menos da história da família real.Quando conheci a cidade de Petrópolis fiquei admirada!Uma cidade tão linda,com tantos pontos históricos…De fato tive que ir no Museu Imperial e no Palácio de Cristal,fiquei admirada com a história da cidade e resolvi pesquisar sobre o assunto,tive sorte que meu tio trabalhou lá na cidade e ficou morando por lá uns bons anos,então ele me contou o que sabia e eu fiquei mais admirada ainda!Então resolvi comprar este livro,me surpreendi!Ele conta tudo em detalhes e e ajudou muito!Agora quero ver a continuação em 1822!Estou ansiosa para ler!
Bjos
andrebomba2
29 de janeiro de 2013 as 10:23
Quando escuto ou leio uma opinião, sobre qualquer assunto, em que dizem “nada disso é verdade”, ou “não acrescenta em nada”, eu não levo a sério o comentário, pois no eterno processo de aprendizado devemos filtrar o máximo de conhecimento sobre qualquer assunto até mesmo para desconstruir uma visão dogmática, aquela “já sei tudo sobre isso”, e se um livro desse tema vendeu muito é porque algo tem de interessante a acrescentar, por mais que qualquer historiador de simpatia a alguma ideologia venha criticar a fidedignidade das informações.