Aviso: Esta postagem contém spoilers.
Certamente você já conhece esta música:
Eu já havia ouvido falar muito em O Morro dos Ventos Uivantes.
Tentei ler uma primeira vez, e não consegui.
Achei a estrutura familiar dos personagens confusa, e devido a tarefas do dia a dia, acabei deixando de lado.
Até o dia que um trecho da música acima surgiu na minha timeline no Instagram, associando-a à história “assustadora” do livro que eu ainda não tinha conseguido ler.
Música muito conhecida, clássico dos anos 80. Cantora de voz extremamente aguda, semelhante à nossa Tetê Espíndola.
Mas não sabia que ela tinha a ver com o Morro dos Ventos Uivantes.
Quando entendi o refrão…
Heatcliff, sou eu, Cathy, eu voltei pra casa.
Está tão frio, deixe-me entrar por sua janela.
…não parei até concluir a leitura.
Às vezes, tudo que precisamos é do estímulo de uma música comovente.
Ler o livro com esta belíssima trilha sonora torna a leitura mais especial.
Mas não é uma história romântica, como faz supor a música. É a história conturbada de duas famílias.
Toda a narrativa é bastante perturbadora, na verdade. Não tanto por supostos acontecimentos sobrenaturais, e sim pelas relações emocionalmente extenuantes entre os familiares e vizinhos.
Mas tem algo ali que nos prende: Um amor descoberto tardiamente, mal vivido em vida; uma perda inesperada, a esperança do reencontro.
Esperança que o tempo vai transformando em obsessão pelo reencontro do ser amado.
Tanto do lado de cá, quanto do lado de lá… …se é que você me entende.
É considerada uma das grandes obras da literatura gótica, envolvendo mortes, ambientes obscuros, loucuras dramáticas e incursões ao sobrenatural.
Há traços levemente aterrorizantes, outros traços sombrios, pesadelos, sonhos premonitórios, mas não são fenômenos que predominam na história.
O que predomina são as relações de desprezo e ódio entre alguns personagens, o que também é aterrorizante, porém num nível mais objetivo.
Recomendo a leitura, com o devido preparo de espírito, especialmente com Heathcliff, o anti-herói demasiado humano, ora amado, ora odiado.
A literatura de ficção muitas vezes nos mostra um panorama único da existência, que mil livros filosóficos ou técnicos não são capazes de nos mostrar.
A tradução do título
O Morro dos Ventos Uivantes, na minha opinião, não foi uma tradução muito feliz do título do livro.
O termo original, que intitula a obra de Emily Brontë, é Wuthering Heights.
O termo original não faz menção aos ventos, e sim a uma particularidade específica dos ventos que sopram naquelas alturas (heights): Uivantes.
Wuthering Heights ficaria melhor traduzida como Morros Uivantes.
Mas é apenas a MINHA opinião.
Influências
Esta história certamente é uma das pioneiras da literatura de fenômenos sobrenaturais e fantasmagóricos, publicada no longínquo 1847, tendo influenciado várias obras mais recentes, como por exemplo, a autora da Saga Crepúsculo.
A composição de Kate Bush, que inicia este texto, é uma obra-prima musical mesmo, plenamente inspirada na obra literária.
O vídeo-clip no início deste texto, em que ela parece uma assombraçãozinha gótica e fofa, e sua teatralidade, são cativantes.
Aqui, a mesma interpretação, porém legendada com a tradução para o português, e com um ar mais fantasmagórico:
Nas pesquisas pelo tema, encontrei também as duas interpretações abaixo:
Da brasileira Anna Maz, que realmente parece o fantasminha da Catherine cantando sua versão poderosa e emocionante:
E da incrível banda brasileira Angra, através dos vocais de André Matos (In Memoriam), numa versão roqueira, sofisticada e elaborada:
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