Começando a crer que a maior causa de mortes no mundo é a burocracia.

Quando eu era criança, percebia que os adultos tinham uma vida mais fluída. A palavra estresse nem era utilizada naqueles meados da década de 80 até o início da década de 90. Não os via atordoados correndo pra lá e pra cá e parecia que tinham tempo pra tudo.

De lá pra cá, o próprio crescimento da sociedade promoveu o inchaço da burocracia.

No trânsito surgiram as multas excessivas, passamos a pagar para estacionar nossos carros e pasmem, temos que pagar para transitar nas auto-estradas através da cobrança de pedágio. Sem contar os congestionamentos diários que nos tomam tempo e parte preciosa da vida diurna e também o fato de que o excesso de veículos fez com que os departamentos de trânsito se obrigassem a mudar os trajetos das ruas para mão única de modo a tornar o trânsito fluido e com isso, hoje levamos muito mais tempo para chegarmos onde queremos, do que há vinte anos atrás.

Damos muito mais voltas e sentimos que não saímos do lugar.

Viver em sociedade está ficando impraticável.

E no setor imobiliário? Eu mesmo não sei como corretor de imóveis vive, tamanha a burocracia envolvida nos trâmites para as negociações acontecerem, o que aumenta drasticamente as possibilidades de elas NÃO acontecerem. Particularmente, acredito que os corretores de imóveis são vencedores, porque têm que ter paciência triplicada: com os proprietários, com os clientes, e com a burocracia do setor.

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Sempre que para conseguir um documento, precisamos antes de correr atrás de outro documento que valida aqueloutro, gera-se o que chamamos de estresse. Porque quando você foi primeiramente solicitar o primeiro documento, além de enfrentar filas ou aguardar senhas, teve que dirigir cautelosamente torcendo pra não ganhar nenhuma multa com esses radares escondidos, torcer para encontrar uma vaga de estacionamento próxima ao ponto onde você quer ir, e ainda pagar aquele realzinho pro parquímetro. Então lá dentro você é informado que para conseguir o documento que precisa, terá antes de ir a outra instituição conseguir outro documento. Então lá vai você novamente enfrentar o trânsito até a outra instituição, cuidando com as multas, torcendo pra conseguir estacionar, liberando mais aquele outro realzinho pro parquímetro, esperar outra fila, aguardar outra senha. E assim por diante repetindo esse ciclo esquemático para conseguir se manter de pé.

Some esse ciclo perturbador e estressante ao longo de uma vida e conclua que pra cada documento que você precisa correr atrás na sua vida, estará reduzindo em um dia o período estimado de sua vida, devido ao estresse gerado.

Sim, eu sei que isso aqui é uma enorme viagem do ronaud, mas penso mesmo que não estou tão longe da realidade assim.

E agora, José?

E agora, José?

Atualização: Além desses atrasos de vida citados acima, lembrei por esses dias de outro – porque é algo que também vive me atrasando a vida. É esse novo padrão de tomadas elétricas que o Brasil adotou recentemente. Erga a mão quem já não se atrapalhou ao tentar ligar um aparelho do padrão antigo nessas novas tomadas. E então teve que partir pra gambiarra, pondo água abaixo toda a boa intenção de garantir mais segurança aos consumidores brasileiros, ou teve que ir até a lojinha de materiais elétricos mais próxima e comprar algum adaptador para conseguir continuar utilizando os aparelhos antigos.

Enfim, este é mais um exemplo de muitas pequenas complicaçõezinhas que vão surgindo nesses tempos atuais as quais, somadas, contribuem para engessar nossa vida.