Gosto e me interesso por política, sobretudo, por ideologias políticas. Embora ache que isso não tem a menor importância dentro do contexto geral das coisas, me coloco ideologicamente como centro-direita.
Mas estou sempre acompanhando autores e lideranças de esquerda. E um fenômeno interessante que ocorre de ambos os lados ideológicos é culpar a “mídia” por não ter sido imparcial, por ter favorecido aquele figurão politico ou aquele fato questionável, e ter desfavorecido este outro.
A Globo é “o cristo” dos veículos de mídia. É impressionante como autores de esquerda têm certeza de que a globo é golpista, e autores de direita têm certeza de que a globo favorece o governo devido às fontes de recursos advindos da publicidade governamental (E aqui cabe uma pergunta, por que o governo precisaria de publicidade se a gente já fala dele todo dia, o tempo todo? Sigamos…).
O que militantes de ambos os lados não percebem, é que a Globo é uma empresa humana, e tem seu jornalismo realizado por seres humanos, tão imperfeitos e passíveis de erros, equívocos, paixões intelectuais e INTERESSES particulares quanto qualquer outro ser humano.
Creio que quem critica demais a Globo não assiste sua programação jornalistica por completo. As tendências ideológicas se alternam bastante dentro da própria grade jornalistica. No Bom Dia Brasil, Alexandre Garcia se posiciona bem criticamente contra o governo. No Jornal Hoje, da tarde, não há posicionamento político, porque tá todo mundo de barriga cheia do almoço. No Jornal Nacional e no Fantástico, a tendência política é o mais neutra possível (ou nem sempre), mas sempre fazendo o possível pra pegar leve com o governo, mesmo quando trata de assuntos como a operação lava-jato. O Fantástico e em especial, o Profissão Repórter, do Caco Barcelos, com sua pauta bem social, eu diria que são os programas mais socialistas da Globo: pouco fala do governo, mas fala muito em favor dos mais necessitados. Agora, no Jornal da Globo, com o trio William Waack, Sardenberg e Arnaldo Jabor, o governo apanha feio todo dia, com porradas e voadeiras, principalmente devido ao fracasso econômico do governo Dilma.
Então é isso. Aqui falo da Globo, porque é o veículo que acompanho mais, mas tenho certeza que esse espectro bem segmentado das atenções políticas, que reflete a individualidade (e a humanidade) de cada jornalista, tende a se dar também em qualquer outro veículo jornalístico.
É querer demais esperar que “a mídia” cubra toda a realidade, de forma precisa, cirúrgica e imparcial.
Ari Velho
10 de março de 2016 as 21:54
Pensamos exatamente igual. Sua análise sobre o jornalismo é impressionantemente justa com a minha. E também já detesto os clichês contra a Globo. Mas é doutrina do próprio Lula culpar a Globo pela desgraça do Brasil e a crise. O povo alienado repete diariamente os clichês do Lula. O povo aprendeu criticar a mídia e a tal Elite, mas se vc perguntar a estrutura das duas ninguém sabe te responder.