Comprar Livro 1889

Comprar Livro 1889

Li o livro 1889, já com bastante atraso em relação ao lançamento.

O livro é excelente em todos os aspectos, seguindo a linha dos trabalhos anteriores de Laurentino Gomes.

Caso você não os tenha lido ainda, recomendo fortemente a leitura. Comece por 1808, que trata da vinda da Família Real Portuguesa ao Brasil, depois 1822, que trata da Independência do Brasil e por fim, 1889, que trata do Golpe da República, tratada pela história como “Proclamação da República”.

Os brasileiros deveriam ser mais cobrados a ler estes livros, para entenderem melhor a própria história, e parar de avaliar a existência brasileira com base em narrativas e histórias muito mal contadas.

Em 1889, muitos pontos obscuros da nossa história são esclarecidos.

Eu sempre lamentei a queda da Monarquia. Diferentemente de outros países americanos, o Brasil nasceu como um Reino, uma Nação Imperial.

Ao meu ver, seria melhor que o Império tivesse continuado, uma vez que a República tem nos oferecido fiasco atrás de fiasco.

Mas a história não segue ideais. Assim como a água do rio segue pelos terrenos mais fáceis, também as movimentações humanas seguem pelos meios mais propícios.

O livro 1889 me trouxe as seguintes conclusões, sobre o fim da Monarquia e início da nossa mal-fadada República Bananeira:

O Imperador Dom Pedro II era um sujeito educadíssimo, instruído, consciente de seu papel na sociedade à qual pertencia.

A República era um ideal à época, uma época em que Monarquias caiam seguidamente na Europa. O Imperador reconhecia este momento da história, e tinha para si mesmo que talvez a República fosse mesmo o ideal para o Brasil, e nutria este sentimento de forma discreta, obviamente.

O Imperador era totalmente favorável à Liberdade de Expressão, e ao contrário do que outros lideres talvez considerassem inapropriado, o Imperador deixava que se falasse livremente na República, tanto na Imprensa como de forma proselitista, em reuniões públicas ou particulares. Um Rei com tendências ditatoriais, censuraria e mandaria prender todo mundo que falasse contra o seu regime, mais ou menos como Alexandre de Moraes tem feito atualmente.

Dom Pedro não censurou, não mandou prender, ganhou o título de Magnânimo, e foi destituído do cargo.

À altura do Golpe da República, Pedro II já se encontrava relativamente velho para a época, passava por problemas de saúde, e estava bastante cansado, depois de quase 50 anos de Reinado. O cansaço o deixava numa situação em que já não queria saber de mais nada; esperava o encerramento de seu ciclo como Monarca, e confiava que a Monarquia se manteria e transitaria para o 3º Reinado, sob os cuidados de Dona Isabel, sua filha.

Aqui também encontramos outro ponto delicado.

A Princesa Isabel não queria saber do governo, era profundamente católica e carola. Estava mais interessada nos assuntos da Igreja, do que nos assuntos do Brasil. Falando sob o critério da época, tivesse Pedro II tido um filho homem, que por sua vez fosse inteligente, articulado, gostasse de política e tivesse verdadeira ambição, talvez a Monarquia tivesse continuado. Mesmo se talvez a Princesa Isabel fosse uma mulher de personalidade forte, ambiciosa e disposta a articular a continuidade de seu iminente reinado, talvez hoje teríamos um Rei, ao invés de Lulas e Bolsonaros.

Faltou a Pedro II e sua Filha, a ambição e visão estratégica que Pedro I, mesmo jovem, tinha de sobra.

E a República apenas ocupou um espaço político que estava ficando vazio.

Não quer, tem quem quer.

O Ideal da República

Veja, aqui estamos falando das décadas de 1880 e 1890. Era uma época em que a Europa foi terreno fértil para ideais políticos, quase sempre impraticáveis, ou destrutivos. Ideais como comunismo, socialismo, fascismo, positivismo, democracia eram então sementes começando a ser plantadas. Ninguém àquela época conseguia visualizar os efeitos danosos de algumas dessas correntes de pensamentos.

Para os republicanos brasileiros, a República seria a grande solução definitiva para os problemas brasileiros.

Hoje sabemos bem que não é, dá até vontade de rir – ou de chorar – de tamanha inocência, quando pensamos nesta nossa República Fiasquenta do Brasil.

Mas na época, eles não conseguiam visualizar.

O livro 1889 retrata bem que, apesar de uma Monarquia relativamente estável, na figura de Dom Pedro II, a política real do Brasil, praticada no dia-a-dia do Parlamento, era extremamente corrupta. Dom Pedro se via obrigado a dissolver o congresso a cada passo, as eleições eram frequentemente fraudadas, e os políticos e nobres só queriam saber de seus privilégios, e não de realmente trabalhar pelo Brasil.

COMO É ATÉ HOJE.

Os republicanos, muito ingenuamente, acreditavam que o advento da República “consertaria” esses vícios da política brasileira.

Evidentemente, não consertou.

Hoje enxergamos melhor que a política atual do Brasil é consequência da própria mentalidade do povo que elege aqueles parlamentares. Pode-se mudar o sistema para o que houver de mais moderno em termos de política, e não adiantará, porque será uma política formada por um povo que tem uma mentalidade obtusa desde o berço destas terras como nação.

Um certo filósofo aí que não vou dizer o nome, acerta no alvo ao dizer: “O brasileiro ainda é um selvagem perdido na floresta”.

A leitura deste livro me aliviou a nostalgia pela Monarquia, e minha tristeza por nossa República. Vi que mesmo na Monarquia, sob o manto do insuspeito Dom Pedro II, já tínhamos uma política vergonhosa e corrupta, vi que a República foi uma tentativa ingênua de tentar melhorar esta situação, e que em 130 anos, não deu certo.

Por óbvio, concluí que mesmo se por milagre houvesse uma Restauração da Monarquia no Brasil, a política do dia-a-dia continuaria a ser a mesmíssima coisa: Políticos mentindo ao povo que querem melhorar a vida do povo, enquanto estão unicamente interessados em melhorar a própria vida.

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