Segue uma coletâneas de textos e pensamentos meus e recortados pela web sobre o resultado das eleições de 2014.

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Muito difícil tirar uma conclusão sobre o resultado da eleição.

Eu votei no Aécio, não tanto contra a Dilma, e sim, contra o PT. Me preocupo com um partido com condenados por corrupção há tanto tempo no governo federal. Eu realmente gostaria de ver a alternância no poder.

Mas não deu.

Uma eleição se define por critérios. A corrupção explícita no governo federal e na Petrobras não foi critério para amigos e para o povo do nordeste e norte, que escolheram a continuidade do governo atual. O critério deles é outro, certamente uma identificação com os mais pobres, com os programas sociais, com uma noção geral de que estamos no caminho certo e quem sabe, por medo que o PSDB no poder trouxesse novamente aquele período difícil que foi durante o governo FHC, ainda que a situação do país fosse outra naquelas épocas.

Mas me entristece ver um grupo de gente inteligente, que optou pelo Aécio, agindo e falando como torcedores de futebol, xingando e menosprezando o adversário. Respeito, compreensão e maturidade são as palavras-chave para o dia de hoje.

Eu realmente não acredito que a política, e qualquer político que seja, mereça que nós criemos ressentimentos com amigos, familiares ou com um grupo de pessoas distantes, os nordestinos, com as quais compartilhamos a mesma nacionalidade, o mesmo idioma, e que apesar de suas dificuldades sócio-políticas, muito contribuíram para a criação de uma identidade brasileira.

Por outro lado, não nego um sentimento de injustiça. Quando o resultado de uma eleição fica assim, no meio a meio, a democracia se mostra demasiadamente imperfeita. Metade da população terá que conviver com um governo que lhe desagrada sobremaneira.

Nesse ponto, concordo com o filósofo Pondé que afirma que democracia é a organização política menos pior. Infelizmente, é o que temos para hoje.

O melhor argumento contra a democracia está em falar durante cinco minutos com um eleitor médio. Winston Churchill

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Um outro resumo possível para as eleições:

Todos estão errados. Estão errados os eleitores do Aécio que acreditam que as coisas vão piorar. E estão errados os eleitores da Dilma que acham que está tudo lindo.

Talvez as coisas piorem, talvez fiquem como está. A única certeza é que não está bom, e que não vai melhorar.

A verdade verdadeira e absoluta sobre como as coisas vão ficar pertence ao futuro, o resto são especulações.

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Você sai por aí conversando com as pessoas, com suas visões limitadas, ilusões e valores deturpados, e de repente, você se dá conta do perigo que é a democracia, isto é, largar a escolha de quem vai governar na mão do povo. Pode não haver sistema melhor, mas que é um perigo, é.

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Estou decepcionada. Não com os analfabetos e miseráveis do Bolsa-família – foram ameaçados e coagidos. Estou, sim, decepcionada, estarrecida, com as pessoas esclarecidas, que esqueceram o Mensalão, o alto índice de analfabetismo, a degradação na Saúde, Educação, Segurança Pública. Esqueceram o pior índice de crescimento do Brasil, em toda sua história, 0,28%. Esqueceram a alta da inflação, que ficou acima da Meta. Esqueceram do superfaturamento nas obras da Copa. Esqueceram os escândalos de roubalheira na Petrobrás, Pasadena, Roberto Costa e o doleiro Youssef. Esqueceram da crise energética.

Esqueceram de tanta coisa ruim desse desGoverno, que chego só chego a uma conclusão: os esclarecidos esqueceram deles mesmos, dos seus filhos, dos seus irmãos.

Espero um dia esquecer toda a minha decepção.

Texto atribuído a uma Presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas, postado em seu perfil no Facebook.

(Não cito seu nome para evitar problemas judiciais, já que ela mesma apagou sua postagem)

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Porque não consigo engolir o voto “esclarecido” em Dilma

Texto de Marcelo Viveiros de Moura – Fonte (a página foi removida)

Eu relutei muito em escrever isso, por várias razões. Em primeiro lugar, porque tenho amigos que são petistas ferrenhos. Pessoas que estudaram comigo, amigos mais recentes, pessoas de quem gosto e que admiro e que já manifestaram o voto “esclarecido” em Dilma.

Em segundo lugar, porque sei que vou atrair para mim uma saraivada de comentários preconceituosos e de discussões acaloradas, muitas vezes irracionais. Entretanto, acho que estamos em um momento crucial para o país e não podemos nos furtar a nos manifestar (enquanto podemos fazê-lo livremente…).

Vou começar dizendo que respeito – e muito! – o voto que chamo de “não esclarecido” em Dilma. É o voto típico do cidadão que no máximo tem o ensino fundamental e é habitante das cidades com menos de 50.000 habitantes, em especial do Nordeste, onde Dilma tem maioria absoluta. Esse cidadão é beneficiário dos programas sociais do Governo e vota com medo de perder esses programas, como martelado pela propaganda petista.

Esse cidadão não entende que independência do Banco Central não vai tirar comida da mesa dele. Esse cidadão acredita que o PSDB vai cortar os programas sociais, vai discriminar pobres, negros e nordestinos e vai piorar a vida dele. Esse cidadão não entende o que é o “mensalão” e o “petrolão” e acha que todo governo é mesmo corrupto. Enfim, esse cidadão acredita que a Marina é vendida aos banqueiros, que o Aécio é um “filhinho de papai” que bate em mulher, que a Dilma é uma gerente eficiente e tudo o mais que o João Santana lhe impinge todos os dias, em programas de televisão caríssimos.

Entretanto eu não respeito – sinto, não respeito, mas acato por amor à democracia – o voto na Dilma do cidadão urbano, das cidades com mais de 500.000 habitantes e nível de escolaridade superior. Os argumentos são muitos.

Em primeiro lugar, desonestidade intelectual. Qualquer um que colabore com essa campanha sórdida que o PT está fazendo de desconstrução dos adversários e de mentiras deslavadas sobre tudo e sobre todos é intelectualmente desonesto.

Eu fico realmente incomodado quando vejo pessoas inteligentes e supostamente esclarecidas tentando defender que o petrolão é a mesma coisa que o aeroporto (vai, faz por pista de pouso!) de Cláudio, que é necessário um “marco regulatório” para a imprensa, que é dominada pela “direita”, que a economia está ruim por conta da crise mundial, que o voto em Dilma é “progressista” e que o voto em Aécio é “conservador” ou “reacionário”.

O “mensalão”, como agora o “petrolão”, têm uma importância crucial neste país. Obviamente, não é a corrupção “comum”, para fazer mais rico o Paulinho, amigo do Lula e convidado do casamento da filha da Dilma. Não é uma empresa comprando a fábrica de videogames do filho do Lula por vários milhões,para depois deixá-la falir. Não, o objetivo dos desvios em uma companhia aberta de economia mista, em que recentemente os trabalhadores foram chamados a investir com o saldo dos seus FGTS é um só: fazer caixa para o partido e para as campanhas eleitorais e corromper parlamentares e governadores (inclusive, aparentemente, do PSDB) para que ajam como o governo quer. Isso é muito, mas muito mais grave do que o Paulinho ficar rico às nossas custas! Isso é um projeto de tomada e manutenção do poder por um grupo e só não vê quem não quer! Isso é corroer as instituições do país para manutenção de um grupo no poder. Só isso, por si só, seria motivo para a Dilma não ter nenhum voto “esclarecido” e para a população, desta vez com muito mais razão, ir às ruas protestar.

Um partido que teve sua cúpula julgada e condenada pela mais alta corte do país e que, logo depois se vê envolvido em outro escândalo de ainda maior monta, agora de desvio de recursos da maior empresa do país para o mesmo fim não poderia receber um voto “esclarecido” sequer! A menos que sejam daqueles que coadunam da idéia de que os meios justificam os fins e que vale tudo para chegar ao nirvana da esquerda (que coisa mais antiga isso, de direita e esquerda…).

A pista de pouso (sim, porque chamar de aeroporto é até engraçado) de Cláudio chega a ser pueril neste contexto. Pode-se discutir se Cláudio comporta ou não uma pista de pouso de R$ 18 milhões e se o Aécio se beneficia ao pousar lá quando vai para a fazenda da família. Talvez não devesse mesmo ter sido construída.

Mas só o Paulinho está devolvendo aos cofres públicos R$ 70 milhões, meu Deus! Isso para não falar dos bilhões que foram parar (segundo o Paulinho) nos cofres do partido. Comparar uma coisa com a outra é desonestidade intelectual.

Quem elegeu o Paulinho? O acionista controlador, leia-se, a União. Quem era o Presidente do Conselho de Administração na gestão do Paulinho? A atual Presidente da República. Qual é uma das funções do Conselho de Administração? Fiscalizar a gestão dos diretores. Como o Paulinho foi demitido? Ele renunciou e recebeu do acionista controlador agradecimentos penhorados pelos “relevantes serviços prestados”. Cadê a nossa “gerenta”? Ela não sabia? Nunca ficou sabendo que o Paulinhodava dinheiro para o partido dela e para a campanha dela e para comprar apoio para ela? Alguém acredita nisso? Alguém acredita que foi ela que “mandou investigar”? Alguém acha que as combinações de perguntas e respostas na CPI da Petrobrás não é um ataque às nossas instituições e que a “gerentona”, de novo, não sabia que um funcionário do Planalto participou disso?

Agora, se querem comparar o aeródromo de Cláudio com alguma coisa, quer uma comparação que faz sentido? Ofinanciamento à construção do aeroporto de Havana, do metrô de Caracas ou do porto de Mariel. Porque cargas d’água um país que tem o déficit de infra-estrutura que nós temos está financiando a construção de infra-estrutura em outros países? Ah, é para a exportação de serviços das empreiteiras brasileiras e criação de empregos no Brasil, diz a Dilma, são elas que estão sendo financiadas, não o Governo dos países “amigos” (amigos de quem, cara pálida?).

Mas é isso mesmo? Quem é o cliente das empreiteiras? Se aempreiteira recebe o dinheiro do BNDES para construir a infra-estrutura, quem paga o BNDES? Ah, o cliente. Quem é o cliente? Ah, os governos desses países. Alguém acha mesmo que a pujante economia caribenha vai devolver US$ 2 bilhões aos cofres do BNDES? Ou vai-se fazer a mesma coisa que se fez com as ditaduras africanas, ou seja, perdoar a dívida? Ah, mas e o aeroporto de Cláudio? Faça-me o favor, respeite o meu intelecto: prefiro que se faça aeroporto em Cláudio, que é no Brasil do que em Havana, que é em um país estrangeiro. Cláudio fica no Brasil, em Minas Gerais e só vai servir a brasileiros (nem que sejam os da família Tolentino). O aeroporto de Havana só vai servir aos cubanos (aliás, nem a eles, pois eles não podem muito usar o avião).

O marco regulatório para a imprensa é outro assunto interessante. A idéia, diz-se, é cumprir a Constituição de 1988, que proíbe monopólios e oligopólios no setor. Para tanto, é necessário um marco regulatório. Ué, mas existe oligopólio ou monopólio no setor? Onde? Antes de responder, sugiro que leiam com cuidado a definição de oligopólio e monopólio. E se, ainda assim, quiserem considerar que temos um, ou outro, não existe um sistema de defesa da concorrência criado em 1994 exatamente para combater monopólios e oligopólios? Para que serve o CADE?

Ah, então, qual é mesmo o objetivo do marco regulatório? É óbvio que é um só: controlar conteúdo, para que o Bonner e a Miriam Leitão, nas palavras do nosso guia, não falem mal da Dilma na televisão.

A imprensa no Brasil é tão golpista e vendida para a chamada “direita” que aquele sujeito presidente do MTST que defende o aumento da cobertura de celulares nas periferias entre outras pérolas, virou colunista da Folha. Ah, mas isso é só para aFolha posar de moderna, dizem os xiitas do PT, no fundo ela é vendida também. Em outras palavras, querem sim controlar o conteúdo, que eles reputam controlado por outros que não eles.

Crise econômica. Vamos combinar que estamos vivendo uma crise econômica com 7% de inflação (com preços represados) e 0% de crescimento? Não, não podemos combinar isso, pois a turma do PT entende que não há crise, pois não há desemprego e que só não crescemos mais porque a “crise mundial” não deixa. Mas, espera, não é verdade que os EUA cresceram 4%? E a China cresceu “só” 7%? E que o Brasil só cresce menos que, surpresa, Venezuela e Argentina na América do Sul? Que crise mundial é essa?

E quanto ao desemprego? Se a indústria está parada, se o comércio não vende, se as famílias estão endividadas e há, ainda assim uma inflação de 7% por quanto tempo o emprego vai se manter? Alguém já viu manutenção de emprego sem que a economia estivesse rodando?

Ah, mas o governo é desenvolvimentista (outra palavra muito usada, junto com neoliberal quando se fala nos “tucanos”), vai gastar mais do dinheiro que não tem no BNDES para geraremprego. Por mais incrível que pareça, a Dilma, torturada pela ditadura, segue o modelo que os nossos generais seguiram e que deu na hiperinflação dos anos 80.

Como pode o governo querer fazer girar toda a roda da economia sozinho? Vai continuar a escolher nossos “campeões nacionais”, como o Eike, para investir e dizer que são exemplos de empresários? Vai continuar a gerar emprego exportando dinheiro que não temos para construir infra-estrutura em países periféricos?

Eu gostaria muito que alguém citasse um modelo de país que estamos seguindo. É a Venezuela, Argentina, China, Cuba, Angola, Russia, em que país nos espelhamos no nosso desenvolvimentismo? Que país deu certo com essa receita macroeconômica? Em que condições? O modelo desenvolvimentista é dos anos 50, foi testado no Brasil nos anos 70 e foi um fracasso. No momento, o modelo “desenvolvimentista” conseguiu desenvolver o PIB em 0% e aumentar a inflação para 7%. Sinto, mas o nome disso não é desenvolvimento é estagflação…

O voto em Aécio é “conservador” e “reacionário”. Espera aí! Quem está no governo há doze anos e quer se manter? Conservador é votar no que está aí, é conservar o status quo, não? Querer alternância de poder é ser conservador? Reacionário?

Quem tem o apoio do Collor, do Sarney, do Renan Calheiros? Quem tem o apoio da Marina, do Eduardo Jorge, da família Campos? Quem representa a novidade na política?

Mas os PTistas têm o monopólio da bondade e são progressistas. Meus intelectuais e artistas são melhores do que os seus. O Chico Buarque e o Gregório Duvivier são modernos e progressistas. O Wagner Moura e o Luis Eduardo Soares são reacionários. Poupe-me!

Finalmente, essa falácia de que o Aécio é um filhinho de papai mimado que quer ser Presidente por direito divino. A Dna. Dilma, “enfant de Sion” não é filhinha de papai, porque elapegou em armas na juventude contra a ditadura e foi torturada (a Miriam Leitão também, mas ela não conta porque segundo o grande guia fala mal da Dilma). O que mais a Dilma fez mesmo?
Que outro cargo, que não fosse indicado por alguém, ela exerceu? Que importância ou protagonismo ela teve até ser chefe da casa civil do Lula e ser alçada reconhecidamente como um “poste” para presidir o Brasil?

O Aécio, jovem, já fazia política no movimento Diretas Já, ao lado do avô que, sim, foi um dos melhores políticos que esse país produziu. O Aécio foi Governador de Minas entre 2003 e 2010, foi Deputado Federal por quatro mandatos, foi Presidente da Câmara dos Deputados e Senador da República, com a maior votação do Estado. Saiu do Governo de Minas com aprovação de 90% da população. Esse é o CV de um “filhinho de papai”? É esse sujeito que o PT demoniza em público, como se fosse um playboy desmiolado? Não há aí preconceito de classe? Só existe preconceito do rico com o pobre no Brasil, não existe preconceito contra o rico neste país?

Por tudo isso, por todo esse discurso falso e ideológico, cujo único objetivo é o poder pelo poder, que eu não respeito o voto “esclarecido” no PT, embora o aceite porque é assim que funciona a democracia e como dizia Churchill, a democracia é o pior regime que existe, exceto por todos os outros (embora eu não ache que a turma do PT vá concordar com essa frase também).

Enfim, desculpem o longo desabafo, mas não quis me furtar a declarar o que eu penso de tudo isso que estamos lendo diariamente nas redes sociais.