O Brasil é um país problemático, como você já pode ter percebido.
Entra ano, sai ano, e percebemos com nitidez sempre maior, que o Brasil não é o país do futuro.
Porque a cada dia fica mais claro que não há futuro. A percepção é de que isso aqui não tem mais jeito.
E muitos de nós acaba se perguntando: Qual é o problema do Brasil?
Afinal, qual é o principal problema do brasileiro?
Há no pensamento brasileiro atual uma confusão:
Ficam se perguntando se o maior problema do Brasil é a corrupção ou a sonegação fiscal.
Nenhuma das duas. Esses dois problemas são consequências do problema raiz, que comento mais abaixo.
Uns dizem ainda que nossos problemas estão nas propostas dos partidos de Esquerda que estiveram no poder desde a redemocratização, cujos efeitos têm nos levado para patamares venezuelanos. De fato, é um grande problema, mas qual a causa desses partidos ganharem tantos votos com políticas tão ineficientes? Por que nosso povo ignorante e desesperado se vê obrigado a acreditar nas promessas socialistas, mágicas e impraticáveis?
Outros dizem que nossos problemas derivam das “elites dominantes” que não querem ver pobre andando de avião, quando na verdade as elites são donas das próprias companhias aéreas e, naturalmente, querem que o maior número possível de pessoas viaje de avião.
Nosso problema chama-se RENDA.
Nós não temos renda.
Fala-se muito em distribuição de renda. Concordo que a renda deve ser distribuída, mas primeiramente, ela precisa existir.
E a renda brasileira é muito baixa. Nossa renda per capita é de um terço da renda per capita italiana.
E a renda brasileira é um sétimo da renda per capita americana.
Você tem noção disso? Em termos simplistas, se o brasileiro ganha 1000, o americano ganha 7000.
Corrupção, sonegação e essa brigaiada por poder e dinheiro são consequências desse problema principal.
Aqui, o serviço público e posições políticas pagam os melhores salários, então é natural que um povo pobre fique se estapeando por alguma posição pública.
O problema do Brasil é que não temos dinheiro, e nosso dinheiro vale pouco.
A vida aqui é difícil. O dinheiro não circula. E quando circula, não rende.
E não rende porque a inflação corrói o poder de compra. Há 10 anos atrás 100 reais enchiam um carinho de compra no supermercado. Hoje enchem somente uma cestinha de mão.
E por que temos inflação? Porque temos governos que gastam mais do que arrecadam para cumprir as promessas impossíveis que fazem nas campanhas, e também para se reelegerem. E para pagar essas dívidas precisam imprimir mais dinheiro, e quanto mais papel-moeda você imprime, ele vai se tornando cada vez menos moeda e cada vez mais papel, sem valor.
Temos um mercado consumidor interno massivo, sim, mas nossa renda é limitada.
Parcelamos tudo em 6, 10, 12, 24, 48 vezes. Há planos de financiamento habitacional – daquela casinha geminada chumbrega – que leva 420 meses para ser quitado.
Justamente por causa da inflação, além de outros motivos, o custo de vida no Brasil é consideravelmente alto.
E outro desses motivos é a cobrança de impostos. O direcionamento geral das pessoas aqui é conseguir um emprego público, onde se consegue estabilidade, bons salários e salário garantido. Ora, a fonte de dinheiro do Estado sempre será inesgotável, porque ela é extorquida do povo comum na forma de impostos, seja de renda, seja de consumo.
Se ao menos esses impostos retornassem ao povo na forma de serviços públicos de qualidade, mas por aqui, de modo geral, nem isso.
Abaixo, Pedro Cardoso expõe seu ponto de vista sobre essa diferença entre Brasil e Portugal.
Meu ponto aqui é diferente do dele, mas ele ajuda a esclarecer minha premissa, de que aqui no Brasil nós nos digladiamos por dinheiro por que além da nossa renda ser baixíssima, parte dela é extorquida pelo Estado, que com tal dinheiro sustenta toda uma classe política parasitária, e esquece que com tal dinheiro deveria priorizar o retorno ao cidadão através da prestação de serviços públicos minimamente eficientes.
Pois bem…
Aqui chegamos a outra pergunta tão importante quanto a pergunta que intitula este artigo, e que poucos entendem.
O que é que faz aumentar a renda de um país?
Eis a resposta:
Ciência e Tecnologia
O problema do Brasil de hoje vem de longa data. Historicamente, nós temos sabotado aqueles que verdadeiramente geram a riqueza:
Cientistas, inventores e empresários.
Em todas as novelas globais, o empresário é o malvado da história. O cientista aqui é o maluco; o nerd.
É cultural.
Estados Unidos e países europeus não ficaram ricos porque expropriaram bens do terceiro mundo. Veja bem, de onde veio o dinheiro para construir Dubai e outras cidades árabes incríveis situadas no meio dos desertos do oriente médio? Da VENDA de petróleo. Se EUA realmente roubassem petróleo do Oriente Médio, Dubai simplesmente não existiria.
Ora, EUA e Europa – e também Japão – ficaram ricos porque inventam coisas incríveis que melhoram a vida das pessoas – e vendem esses itens pro mundo todo, desde a primeira Revolução Industrial.
Eletricidade, luz elétrica, rádio, televisão, motor a vapor, motor a combustão, trens, navios, automóveis, indústria química, aviões, computadores, softwares, celulares, internet, aplicativos etc. Tudo inventado – e vendido a você – por uma maioria de americanos e europeus. A cada tranqueirinha eletrônica que você compra, algum estrangeiro fica alguns centavos mais rico, direta ou indiretamente. Nós seguimos comprando todas essas tecnologias de americanos e europeus desde a Revolução Industrial desde meados do século XVIII (~1700) e continuamos acreditando que eles enriqueceram roubando dos países pobres.
Se a exploração de colônias tornasse países verdadeiramente ricos, Portugal e Espanha seriam hoje superpotências mundiais.
Nos orgulhamos infantilmente de que Santos Dumont inventou o avião, quando ele só ganhou fama porque o apresentou em Paris, surgindo logo depois na própria Europa as primeiras linhas aéreas comerciais. Em 1930 surgiu a American Airlines com a união de 82 pequenas companhias aéreas já existentes enquanto aqui eram cerca de 3. Hoje, em números gerais, o Brasil tem cerca de 7 fabricantes de aviões, a França, 18, dentre elas a Airbus, Inglaterra, 18, Alemanha, 22, Estados Unidos 40, dentre elas, a Boeing.
Ain mas foi o brasileiro que inventou o avião. Ora, faça-me o favor…
Enquanto nos preocupávamos em criar reservas de mercado de petróleo, a energia do século XX, o século XXI chegou e por lá continuam buscando o sonho do carro elétrico, e desenvolvendo formas alternativas de energia, como a solar e eólica e, acreditem, nos vendendo a tecnologia daquelas turbinas eólicas gigantes.
Nesse meio tempo criaram Microsoft, Apple, a Internet, Google, Facebook, Instagram, Whatsapp, Youtube.
E nós, criamos o quê?
O funk.
A carreta furacão. A pizza de coxinha. A piscina em caçamba de entulho, ou em Caixa D’água, com direito a Deck de pinus. Sofás de pneus velhos…
Nós continuamos pagando, diretamente ou indiretamente, por todas essas altas tecnologias, enquanto seguimos vendendo minério bruto e produtos agrícolas a preços irrisórios.
O agro é tech. O agro é pop. O agro é super legal. Mas é insuficiente.
Nem o Etanol conseguimos tocar em frente.
Nós não temos nada de valioso a vender para fora, a não ser jogadores de futebol, que ainda são criticados por isso.
Não temos dinheiro. Por isso ainda nos estapeamos para conseguir uma boa posição pública – aqui os jovens são estimulados a passar em concursos públicos, e não a empreender.
Ou então partimos para a corrupção… a ocasião faz o ladrão, você sabe… qualquer coisa, desviamos aqueles 3% de propina que vai nos resolver a vida. Sabe como é, não tá fácil pra ninguém… 🙁
E o pior, continuamos votando em políticas populistas, porque aqui, a única fonte grande de dinheiro é o governo.
Nossa tragédia como nação é que nossa maior fonte de dinheiro é o governo. Que, este sim, o expropria do pobre, que é quem mais paga imposto por aqui. O governo brasileiro faz o perfeito Robin Hood às avessas, tira dinheiro do pobre para dar aos ricos: classe política, super servidores públicos, amigos do Rei (Marcelo Odebrecht, Eike Batista, etc)
O Estado é a grande ficção da qual todos tentam viver às custas de todos. Frédéric Bastiat
Quando alguém aqui consegue uma posição no governo, ergue as mãos pro céu.
Até acreditamos que o governo poderia ser o motor da economia, nessa relação promíscua entre Estado e Mercado. Mas não deu certo.
Enfim, nos falta prosperidade, nos falta oportunidades de criá-la e quando criamos, logo vem um burocrata cobrar impostos sobre ela, exigir adequações, sufocando nossas escassas galinhas de ouro.
Liberdade Econômica
Li a biografia de Joaquim Rôlla, o grande empresário dos cassinos da década de 30/40. Era dono do mítico Cassino da Urca. Vi no livro que em 30 de abril de 1946, o então presidente Dutra assinou o decreto que proibia os jogos no Brasil. No dia seguinte, Rôlla dispensou seus 7000 funcionários, e assim também outros proprietários de cassinos pelo país, dispensando milhares de funcionários.
Era 1º de maio de 1946, dia do Trabalhador.
Com um governo desses, que país poderá “dar certo”?
Também li a biografia do Barão de Mauá, conhecido como “o empresário do Império”. A verdade é que Mauá era um gênio dos negócios, uma personalidade inteligente, persistente, imbatível, que teve porém uma trajetória exaustiva de enfrentamento da mentalidade colonial do povo e do governo da época, que o viam com desconfiança, como um esperto a ser combatido. Mauá teve tudo para ter se tornado um Rockefeller da América Latina, mas foi vencido pela inconstância política brasileira e pelo sistema, até hoje pouco propício ao empreendedorismo.
Nossa tragédia econômica vem de longa data.
A solução para as sucessivas crises brasileiras passa necessariamente – e urgentemente – pelo investimento em nossos cientistas, investimento em tecnologia, na ampliação da liberdade econômica que verdadeiramente nunca tivemos, a qual permita que nosso povo possa empreender suas ideias – pois criatividade não lhe falta – e deixar nossos empresários, especialmente os pequenos e médios, trabalharem em paz.
Leia também: Uma solução para o Brasil
***
Novos Comentários Encerrados
Devido à mudança de hábitos das pessoas ao não comentarem mais em blogs, e ao excesso de spams, optei por encerrar definitivamente o espaço para novos comentários neste site.
Muito Obrigado a cada um que nestes 15 anos de site deixou um pouquinho de si por aqui ;)