Santa Catarina possui algumas das mais belas e sofisticadas cidades praianas do litoral brasileiro. Mas tanta beleza acaba sendo motivo de problemas e estresses a cada temporada de verão. Para moradores e para os bons turistas.

Aqui me refiro às principais cidades turísticas do litoral catarinense, mas acredito que os litorais de todo o brasil sofrem o mesmo despreparo para receber os turistas de fim de ano.

Cidades turísticas?

De modo geral, nós que residimos em cidades turísticas, entendemos a importância do turismo para a economia da região e tendemos a vê-lo com bons olhos. Meu pai já dizia que quem quisesse sossego, que fosse morar no meio do mato.

Mas de uns anos pra cá, esse EXCESSO de turistas tem me dado um certo receio. A mera proximidade do Natal já angustia, e tenho certeza que não sou o único.

É preciso fazer uma reflexão. O turismo e os turistas que chegam a Florianópolis causam uma agonia. A invasão das praias mostra um retrato do Brasil popular, mas sem nenhuma delicadeza. Me sinto encurralado pelos hábitos de mal gosto de grande parcela dos turistas que acham que som alto à beira mar e lixo jogado em todo canto fazem parte do relax das férias. Não compreendo essa identidade do brasileiro do quanto mais bagunçado melhor. Tudo pode em nome da liberdade individual e do politicamente correto. E não bastasse o comportamento dos que chegam de fora, os locais acabam cooperando, liberando seus instintos, juntando-se à bagunça geral. E os preços então? uma explosão numérica sem limites. Mas enfim, deve ser essa a tão sonhada identidade brasileira. Anselmo Prata

Moro em Itapema, a segunda cidade mais procurada por turistas no litoral catarinense, perdendo apenas para Balneário Camboriú. Aqui também é assim. Me sinto acuado, evito sair, e quando saio, não encontro onde estacionar, enfrento filas, zoeira nas ruas, não encontro lugares nos bares ou cafés agora lotados, fica difícil caminhar nas calçadas em meio a tanta gente caminhando a esmo, procurando não sabem exatamente o quê.

São turistas demais para cidades pequenas demais, que incham de gente, já que por mais que se programem e se digam receptivas e turísticas, nunca estão preparadas o suficiente. O trânsito, falta de água e quedas de energia constantes comprovam.

O problema do mundo são as pessoas

São Paulo vazia é uma das melhores cidades do mundo. – Fernando Gouveia em 29/12

E vale ainda comentar, como fez Anselmo Prata, que muitos turistas vem para cá, mas esquecem de trazer na bagagem um itenzinho que faz toda a diferença, para quem vem, e para quem já está aqui:

A educação!

Super divertidas, minhas férias

Super divertidas, minhas férias

Na virada de ano de 2012/2013 passei em Urubici, na serra catarinense. Foi um fim de ano para mim atípico, incrivelmente tranquilo, até um tanto surreal, porque à meia noite do dia 31 não ouvi UM fogo de artifício.

Por esses dias pós-natal, em meio à muvuca que está esta Itapema, pela primeira vez me questionei: “O que é que eu queria, vindo morar aqui, se nem praia eu curto mais?”. Minha conclusão foi que sempre que puder, vou fazer isso, andar no contra-fluxo dessa horda de gente desesperada que vem extravasar os estresses de um ano inteiro como se aqui fosse terra de ninguém.

Sugestão de amigo

Minha recomendação para quem for de fora e vem conversar comigo sobre o turismo na região é taxativa:

NÃO VENHA!

Se estiver procurando por SOSSEGO e se não quiser se incomodar com trânsito, falta de água, quedas de luz, excesso de gente, de preços caros e de barulho, não venha, especialmente para Balneário Camboriú, Itapema, Bombinhas e Florianópolis. O trânsito de Porto Belo, para se chegar ou sair de Bombinhas é o que há de pior – entre as 10h e 19h você simplesmente não anda – e leva-se até 7 horas para se chegar de Bombinhas até a BR 101, o que em dias normais de inverno se faz em 40 minutos.

Se quiser vir, o litoral catarinense é amplo e oferece muitos outros lugares igualmente bonitos e menos procurados. Se vier, em relação ao trânsito, programe-se para se deslocar entre a manhã até as 9h e a noite a partir das 20h.

Mesmo assim, pense bem. Sugiro que poupe-se! Porque a não ser que você seja jovem (de espírito) e esteja atrás de agito e badalação, por aqui você só vai se estressar e se incomodar. O verdadeiro descanso está em nossa casa, com as grandes cidades vazias, ou ainda, se quiser viajar, na serra ou no interior.

Isso vale principalmente para o período entre natal e a virada de ano e depois, durante o carnaval. Embora não seja tão simples, por questões de férias, a melhor época para vir para Santa Catarina é DEPOIS do carnaval. O mês de março e comecinho de abril ainda são bem quentes, e com metade de gente por metro quadrado, fica muito mais gostoso de curtir.

Veja também: O que eu quero? Sossego