Desde as eleições de 2014, os ânimos políticos se exaltaram nesse país. E não se apaziguaram até hoje, mesmo depois do impeachment e da prisão e cassação de Eduardo Cunha.
O Brasil está dividido. Tristemente dividido, e por vários motivos. Um deles é ver uma nação tão alegre e espontânea polarizada. É triste estarmos nos estranhando – e em alguns casos, até mesmo brigando – com amigos e familiares por causa dessa política suja.
Mas o outro motivo é bem pior:
Estamos divididos pelas razões erradas.
Superficialmente, estamos divididos entre Esquerda e Direita, muito embora a política nacional seja composta, do que muito me agradou ver uma vez chamarem de 50 tons de Esquerda, o que faz nosso cenário político estar polarizado, na verdade, entre Esquerda e Centro.
(De fato, nos últimos anos tem surgido um segmento efetivamente de direita no Brasil, personagens como Marco Feliciano, representando uma direita conservadora e Bolsonaro, representando uma direita nacionalista e militar, o que não ajuda em nada. Talvez a esperança para uma direita mais liberal resida – como esperança ainda, e apenas – em personagens como o Dória em São Paulo e Marchezan em Porto Alegre. É esperar pra ver. Mas a princípio, ainda…)
…é como se estivéssemos divididos e brigando dentro de um barco que está a beira de um abismo. Ninguém está certo e o colapso se aproxima.
Ambos os “lados”, aqui no Brasil, vão espernear até cansar, e vão perder, porque o inimigo é outro.
O inimigo não é a Esquerda. O inimigo não é a Direita. E minha vontade aqui é resolver o suspense dizendo que o inimigo é o Governo.
Mas é pior. Nosso inimigo está dentro de nós, e fomos criados e habituados com ele desde as épocas populistas de Getúlio Vargas, o “pai dos pobres”.
Nosso inimigo é nossa mentalidade. Não é só uma mentalidade atrasada, é uma mentalidade profundamente equivocada: A mentalidade de que o Governo deve cuidar de partes da nossa vida que na verdade só dizem respeito a nós – e são responsabilidade inteiramente nossa.
E por governo, entendamos, Estado.
O problema
O brasileiro têm, e cultua, uma mentalidade Estatista.
Nossa burocracia, a maior do mundo, comprova isso. Burocracia é o Estado se metendo e complicando a sua vida. Burocracia é o Estado criando dificuldades para vender facilidades.
Nossa cultura de empresas estatais, comprova isso. Empresas como Petrobrás, Correios, Empresas de Energia Elétrica, Água, Esgotos e Saneamento, que só servem para fomentar a corrupção e fazer de nós um país semi-socialista.
A Esquerda tende a apoiar um Estado maior e bem presente na vida do cidadão. A Direita, que como eu disse acima não é Direita, e sim, Centro, é uma direita descendente do governo militar, o qual era profundamente nacionalista, isto é, estatista.
Veja exemplos do que é o Estado se metendo na sua vida:
Este seria um bom resumo do pensamento burocrata na economia, parafraseando Reagan:
Se algo se move, regule.
Se continua se movendo, cobre imposto.
Se se moveu demais, proíba.
Se continua se movendo, multe.
Se pára de se mover, torne obrigatório.
Se continua parado, subsidie.
A solução
Solução existe, mas você verá que é praticamente inviável a curto prazo.
Há uma corrente política que se chama Liberalismo, que fica no meio termo entre o Anarquismo – que é a ausência total de governo – e o Estatismo – que é a onipresença governamental na vida do cidadão.
O liberalismo preza e defende a liberdade individual de cada cidadão, sobretudo a liberdade econômica, através do incentivo e estímulo à livre-iniciativa.
O liberalismo prega o Estado Mínimo, isto é, o Estado atuando nas frentes mais básicas: Saúde, Educação, Segurança, Legislação e Fiscalização. Só!
Petróleo? Não há porque o Estado cuidar disso, as empresas já fazem e muito melhor.
Correios? Idem.
Um Estado Mínimo reduz as oportunidades para corrupção.
Um Estado Mínimo exige menos impostos para o seu sustento.
Um Estado Mínimo significa muito mais liberdade para você.
Não tem como ser contra, mas praticamente todos nos Brasil são contra.
Basta falar em Privatização e pronto, o auê é grande. Mas as privatizações são o caminho para a diminuição do Estado.
Outro ponto que inviabiliza esta solução é que o Brasil já tem uma horda de agente públicos. Reduzir o Estado significaria acabar com o emprego de boa parte dessa gente.
Um ponto, ainda pior, sobre a dificuldade de implementar ações liberais na política e economia do Brasil é a mentalidade dos nossos “intelectuais”. Que o povo tenha lá seus equívocos é perfeitamente normal, mas ver certos telequituais falando besteira na TV chega a dar certo mal estar.
Todo mundo já sabe que o governo brasileiro está afundado em dívidas devido aos gastos excessivos do governo Dilma. Mesmo assim, vi dias atrás um vídeo em que um desses jênios afirma que o governo deve continuar gastando para gerar demanda na economia e fazer, com isso, que ela volte a crescer.
Pro cabeça oca, tudo bem o governo continuar gastando o que não tem, se endividando, pagando altos juros pelas dívidas e imprimindo mais dinheiro depois para pagar essas dívidas, aumentando com isso a inflação.
O Brasil não tem livre mercado, tem capitalismo Estatal. Leticia Catel
Quando na praia vejo vender vários tipos e marcas de sorvetes, açaí, churrasco, queijo assado, pipas, bikinis e roupa de mulher, milho, suco de milho (chamada cerveja), pamonha (mas porque gostam tanto de milho?!), panelas, meias, pixulecos de Lula (em Guarapari e não em Búzios ou Jericoacoara), salames, salada de fruta, água de coco, carregadores de celular, brinquedos para crianças, camarões, ostras, almoços completos de peixe, etc., sempre penso à frase do pai de Helio Beltrão “o Brasil é uma ilha de iniciativa cercada de governo por todos os lados”. Mais ambulantes. Menos empreendedores políticos. Adriano Gianturco
Índice de Liberdade Econômica
Pronto o Ronaud agora deu pra ser liberal.
Contra fatos não há argumentos. Abaixo, uma tabela que demonstra a liberdade econômica dos países:
Hong Kong | 1 |
Singapura | 2 |
Nova Zelândia | 3 |
Austrália | 4 |
Suíça | 5 |
Canadá | 6 |
Chile | 7 |
Estónia | 8 |
Irlanda | 9 |
Maurícia | 10 |
Dinamarca | 11 |
Estados Unidos | 12 |
Reino Unido | 13 |
Taiwan | 14 |
Lituânia | 15 |
Alemanha | 16 |
Países Baixos | 17 |
Bahrein | 18 |
Finlândia | 19 |
Japão | 20 |
Brasil | 118 |
Mali | 119 |
Nigéria | 120 |
Paquistão | 121 |
Visualmente:
Veja que, não coincidentemente, os países mais livres, isto é, onde o livre-mercado atua com mais força, são os mesmos países reconhecidamente desenvolvidos.
Tem a ver?
Sim ou claro?
Como alcançar a mudança?
Tornar o Brasil um país liberal é um feito praticamente impossível. Mas a realidade que temos é essa e é melhor fazer pouco do que nada fazer. O feito é melhor que o perfeito.
Sendo assim, há iniciativas que podemos apoiar, cada qual de acordo com sua possibilidade, seja acompanhando, aprendendo com elas (começando por si mesmo(a) a mudar a própria mentalidade), compartilhando suas produções e mesmo, financiando elas, ao adquirir seus produtos ou aderindo aos sistemas de patrocínio delas.
O financiamento dessas iniciativas é muito importante, porque iniciativas de outras vertentes políticas tendem a conseguir financiamento do próprio governo. Já iniciativas liberais dependem do financiamento da própria iniciativa privada, uma vez que o governo dificilmente apoiará iniciativas que visam diminuir o próprio governo.
Compartilho aqui as principais iniciativas que conheço:
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